O presidente Vladimir Putin pediu a um ex-auxiliar de Yevgeni Prigozhin, fundador do grupo paramilitar Wagner, que trabalhe na formação de voluntários para os combates na Ucrânia. O esforço de Kremlin para continuar usando os mercenários ocorre pouco mais de um mês após a morte de Prigozhin.
“Durante a última reunião, conversamos sobre o fato de que estará envolvido na formação de unidades capazes de executar diversas missões de combate, principalmente, é claro, na zona da ‘operação militar especial’ na Ucrânia”, disse Putin a Andrei Troshev na quinta-feira, 28, segundo um comunicado do Kremlin divulgado nesta sexta-feira, 29.
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Putin destacou que Troshev, apelidado de “Sedoi” (grisalho, em russo), ex-colaborador próximo de Prigozhin no grupo Wagner, tem experiência para coordenar esse tipo de missão, três meses após a tentativa frustrada de motim do grupo paramilitar na Rússia.
Troshev é um oficial militar reformado que desempenhou um papel de liderança no Wagner desde a sua criação em 2014 e enfrentou sanções da União Europeia pelo seu papel na Síria como diretor executivo do grupo.
Falando em uma teleconferência com repórteres na sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que Troshev agora trabalha para o Ministério da Defesa. O vice-ministro da Defesa, Yunus-Bek Yevkurov, esteve presente na reunião na noite de quinta-feira.
O encontro pareceu refletir o plano do Kremlin de realocar alguns mercenários Wagner para a linha da frente na Ucrânia, após o seu breve motim em junho e a morte suspeita de Prigozhin em um acidente de avião em 23 de agosto.
A rebelião de 23 a 24 de junho teve como objetivo destituir a liderança do Ministério da Defesa russo, que Prigozhin culpou por conduzir mal a guerra na Ucrânia. Os mercenários assumiram o comando do quartel-general militar do sul da Rússia, em Rostov-on-Don, e depois avançaram para Moscou antes de interromperem abruptamente o motim.
Putin denunciou o grupo como “traidores”, mas o Kremlin negociou rapidamente um acordo que pôs fim à revolta em troca de anistia da acusação. Foi oferecida aos mercenários a opção de se aposentarem do serviço, mudarem-se para a Bielorrússia ou assinar novos contratos com o Ministério da Defesa.
Putin disse em julho que cinco dias depois do motim ele teve uma reunião com 35 comandantes do Wagner, incluindo Prigozhin, e sugeriu que continuassem servindo sob o comando de Troshev, mas Prigozhin recusou a oferta na época./Associated Press e AFP.
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