Quais armamentos a Ucrânia deve comprar após receber o pacote de US$ 60 bi dos EUA

Mísseis de defesa aérea e munições de artilharia provavelmente devem ser prioridade nas remessas, que serão transferidas de estoques do Pentágono na Alemanha

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Por Eric Schmitt (The New York Times) e John Ismay (The New York Times)

As remessas de armas dos Estados Unidos podem começar a fluir novamente para a Ucrânia em breve, depois que a Câmara aprovou um pacote de ajuda que há muito tempo estava paralisado, dizem autoridades dos EUA, com itens dos estoques do Pentágono na Alemanha sendo enviados rapidamente por trem para a fronteira ucraniana.

A medira irá providenciar cerca de US$ 60 bilhões para os esforços de guerra da Ucrânia. Uma parte significativa é reservada para reabastecer os arsenais de defesa dos EUA, e outros bilhões seriam usados para comprar sistemas de defesa dos EUA, algo que as autoridades ucranianas dizem ser extremamente necessário. Espera-se que o Senado aprove a legislação, e o presidente Joe Biden disse que iria promulgar a lei.

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Durante meses, autoridades militares ucranianas reclamavam que a paralisia política do Congresso americano criou uma escassez crítica de munições na guerra contra a Rússia. Tropas ucraninanas na linha do front precisaram racionar os projéteis, e o moral sofreu.

As autoridades dos Estados Unidos não especificaram quais armas enviarão para Kiev como parte do pacote, mas o major-general Patrick Ryder, secretário de imprensa do Pentágono, disse aos jornalistas na quinta-feira, 18, que mais munições de defesa aérea e de artilharia provavelmente estariam inclusas.

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“Nós temos uma rede logística muito robusta que nos permite movimentar material de forma muito rápida, como fizemos no passado”, disse o general Ryder said. “Nós conseguimos mover (as munições) em questão de dias”, acrescentou.

Soldado ucraniano da 77ª Brigada dispara uma granada propelida por foguete durante o treinamento na região de Donetsk, no sudeste da Ucrânia, em 1º de abril de 2024. Foto: Nicole Tung/NYT

As transferências dos Estados Unidos por aeronaves de carga e embarcações marítimas são normalmente organizadas pela sede do Comando de Transporte dos EUA, na zona rural de Illinois, que mantém extensos bancos de dados de portos de carga, ferrovias e estradas que podem ser usados por transportes militares e civis em todo o mundo.

Armas e munições enviadas para a Ucrânia frequentemente são retiradas de ativos do Pentágono na Europa, com remessas coordenadas por uma organização criada no fim de 2022, chamada Grupo Grupo de Assistência à Segurança-Ucrânia, que tem sede na Alemanha e opera dentro do Comando Europeu do Pentágono. A organização tem uma equipe de cerca de 300 pessoas.

Mísseis ATACMS são incógnita

Líderes militares enviaram para a Ucrânia 55 pacotes de ajuda de munições chamadas PDAs na sigla em inglês — autoridade de retirada presidencial — contendo uma mistura de veículos, munição, drones e outros itens no valor de pelo menos US$ 26,3 bilhões desde agosto de 2021.

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Os pacotes de ajuda, que geralmente chegavam duas vezes ao mês depois da invasão em larga escala da Rússia na Ucrânia em fevereiro de 2022, desacelerou significativamente no ano passado, enquanto alguns republicanos se opuseram veementemente em enviar mais ajuda ao país.

O último pacote de ajuda, anunciado no dia 12 de março, incluía mísseis antiaéreos Stinger, foguetes guiados para veículos de lançamento HIMARS, pequenos foguetes antitanque e munição de artilharia de 155 mm que incluía munições cluster.

O general Ryder, do Pentágono, foi questionado sobre uma medida não vinculativa na legislação da Câmara para enviar armas a Kiev chamadas ATACMS, que têm sido os mísseis guiados lançados no solo de maior alcance do Pentágono desde o final dos anos 1980.

O governo de Biden concordou em providenciar um pequeno número desses mísseis no ano passado, e as forças da Ucrânia os usaram para atingir duas bases aéreas contra um território ocupado pela Rússia em outubro. As forças de operações especiais da Ucrânia disseram que o ataque danificou pistas e destruiu nove helicópteros russos, entre outros alvos.

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“Claro que, como você sabe, sempre dissemos que nada está fora de questão”, disse o general sobre possíveis novas disposições do ATACMS. “Mas não tenho nada a anunciar hoje.”

Os Estados Unidos têm um número limitado desses armamentos, e as autoridades disseram que o resto do arsenal de ATACMS está reservado para planos de contingência caso os Estados Unidos tenham que lutar uma guerra contra Rússia, Coreia do Norte ou China.

Remessas de armas americanas podem começar a fluir para a Ucrânia novamente logo após a aprovação pela Câmara de um pacote de ajuda. Foto: Nicole Tung/NYT

Autoridades também assinalaram ATACMS adicionais poderiam ser ser fornecidos à Ucrânia assim que as substituições das armas, chamadas mísseis de ataque de precisão, começarem a entrar no inventário do Pentágono.

Na quarta-feira, um porta-voz da Lockheed Martin, a empresa fabricante dos dois tipos de mísseis, disse que entregou os primeiros quatro mísseis operacionais de ataque de precisão ao Exército dos Estados Unidos no ano passado. Um contrato de US$ 220 milhões assinado em março fornecerá mais ao Exército dos EUA, embora não tenha ficado imediatamente claro quantos seriam comprados.

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O número exato de armamentos que o Pentágono enviou para Kiev de seus arsenais também não é claro.

A última vez que o Departamento de Defesa atualizou o número de projéteis de artilharia de 155 mm que tinha fornecido à Ucrânia foi em maio, quando disse que mais de 2 milhões de projéteis deste tipo tinham sido enviados até então. Cada um dos 17 pacotes de ajuda anunciados para a Ucrânia desde então incluíam munições de 155 mm.

Mas enviar mais armamentos para a Ucrânia depende de mais do que só vontade política. Os Estados Unidos também tiveram de acelerar a produção das munições que a Ucrânia mais necessita para satisfazer a demanda.

Nos Estados Unidos, produzir munições leva várias semanas, já que pesadas barras de aço são forjadas em projéteis vazios em Scranton, Pensilvânia, e depois enviadas para a zona rural de Iowa, onde são preenchidas com explosivos e preparadas para entrega.

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A General Dynamics, que opera na fábrica de Pensilvânia, está abrindo uma nova fábrica para produzir carcaças de metal fora de Dallas para ajudar a aumentar o número total de barras preenchidas. O Exército diz que fabrica cerca de 30 mil bombas altamente explosivas por mês, contra cerca de 14 mil por mês antes da invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia. O objetivo é produzir 100 mil projéteis de artilharia de 155 mm por mês até 2025.

EUA não estão sozinho em ajudar Ucrânia

Desde abril de 2022, o secretário de Defesa Lloyd Austin convocou reuniões do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia praticamente todos os meses. Os participantes incluíram nações da Otan, vários dos principais aliados dos Estados Unidos não pertencentes à Otan e pelo menos duas nações sul-americanas que anteriormente compraram armas da União Soviética e da Rússia.

O grupo solicita pedidos diretamente da liderança militar e civil ucraniana.

O presidente da Câmara dos EUA, Mike Johnson, fala à imprensa depois que a Câmara aprovou projeto de lei de ajuda externa após meses de atraso. Foto: Haiyun Jiang/NYT

Depois de uma reunião virtual dos ministros da Defesa da Otan na sexta-feira, 19, Jens Stoltenberg, the o secretário-geral da aliança, disse que a Alemanha iria entregar um sistema adicional de mísseis de defesa aérea Patriot à Ucrânia, juntamente com cerca de US$ 4,3 bilhões em apoio militar da Holanda, entre outras ajudas de membros da Otan.

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“A Ucrânia está usando os armamentos que nós providenciamos para destruir as capacidades de combate da Rússia”, Stoltenberg disse em comunicado. “Isso nos deixa todos mais seguros”, acrescentou. “Então, a ajuda à Ucrânia não é caridade, é um investimento em nossa segurança.”

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