Apesar dos Estados Unidos insistirem em que o descumprimento de uma futura resolução da ONU por Iraque poderia justificar um ataque contra Bagdá, cerca de 91 resoluções do Conselho de Segurança da ONU não estão sendo cumpridas por cerca de 40 países. Nem por isso, segundo um estudo realizado por uma universidade da Califórnia, esses países estão ameaçados de serem atacados. O estudo reconhece que o Iraque viola 12 resoluções do Conselho de Segurança. Mas os pesquisadores também apontam que cerca de outros 40 países também o fazem. "Essa constatação coloca em dúvida qualquer tentativa do governo dos Estados Unidos de tentarem legitimar um ataque contra o Iraque como uma forma de preservar a credibilidade da ONU", afirma o documento. O presidente George W. Bush, em seu discurso à ONU em setembro, ressaltou que, se o Iraque violasse as resoluções da organização, a ONU teria que agir contra Bagdá para não acabar se tornando irrelevante. Outro país que, diante dessa lógica, também deveria ser atacado, seria a Indonésia. Em 2000, o Conselho de Segurança aprovou uma resolução que determinava que o país tomasse ações "imediatas" para desarmar a milícia comandada pelo governo em regiões do Timor Oriental. A ONU ainda determinava que os responsáveis por ataques contra os timorenses fossem levados à julgamento. Poucos, porém, foram julgados e a maioria da milícia continua operando no Timor Oriental. Outros países que estariam descumprindo resoluções da ONU seriam o Marrocos, a Turquia e Chipre. Mas a situação que mais chama a atenção dos pesquisadores é o total abandono das resoluções do Conselho de Segurança pelo governo de Israel. Somente neste ano, Israel já teria violado quatro resoluções. Uma delas pede o fim da ocupação das cidades palestinas por Israel. Outra determina que a ONU realize investigações sobre as mortes de palestinos no campo de refugiados de Jenin. Israel, porém, jamais concordou com a entrada dos inspetores da ONU. A última resolução desrespeitada por Israel é a de número 1435 do Conselho de Segurança, aprovada ainda no mês passado. Segundo a ONU, Israel deveria se retirar completamente de Ramallah e interromper a destruição da infra-estrutura civil da região.
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