BROVARI, UCRÂNIA ― O ministro do Interior da Ucrânia, Denis Monastirski, e outras 17 pessoas, incluindo ao menos quatro crianças, morreram após a queda de um helicóptero na cidade de Brovari, nos arredores de Kiev, nesta quarta-feira, 18. O SBU, serviço interno de segurança ucraniano, abriu uma investigação para identificar as causas do acidente. Uma das hipóteses trabalhadas é de que a aeronave tenha sido sabotada.
O helicóptero envolvido no acidente pertencia aos Serviços de Emergência da Ucrânia. Informações oficiais apontam que a queda ocorreu por volta das 08h20 (03h20 em Brasília). A aeronave caiu em um local próximo a um jardim de infância, onde crianças assistiam aula no horário. Ao menos outras 25 pessoas, incluindo 11 crianças, ficaram feridas.
De acordo com o vice-chefe do gabinete presidencial da Ucrânia, Kirilo Timoshenko, Monastirski estava voando para um “ponto quente” da linha de frente quando o helicóptero caiu. Ainda de acordo com Timoshenko, a aeronave de modelo EC-225 Super Puma é projetada para voos de longo alcance.
Um porta-voz do SBU afirmou, do local da queda, que diversas versões da tragédia estão sendo consideradas. Mau funcionamento da aeronave, violação de regras de voo e sabotagem estão entre as possibilidades apuradas, informou o mesmo porta-voz.
Embora a hipótese de sabotagem possa implicar uma ação russa, não há indicações de que o helicóptero tenha sido abatido. Imagens do momento da queda publicadas nas redes sociais mostram uma grande quantidade de fumaça preta subindo ao céu, e uma longa trilha de fogo, aparentemente do combustível derramado pela aeronave.
Uma testemunha que presenciou a queda do helicóptero afirmou à emissora pública ucraniana Suspilne que viu o helicóptero pegando fogo e girando em círculo antes de atingir o solo. O relato não pode ser checado de forma independente.
Autoridades ucranianas lamentaram o acidente e confirmaram as mortes de Monastirski, de 42 anos, de seu vice-ministro do Interior, Yevhen Yenin, e do secretário de Estado do Ministério de Assuntos Internos, Yurii Lubkovich. Monastirski é o oficial ucraniano de mais alto cargo a morrer desde o início da invasão russa, há 11 meses.
Os rumos da Guerra na Ucrânia
Indicado para o cargo em 2021 pelo presidente Volodmir Zelenski, Monastirski passou boa parte de seu mandato lidando com os assuntos internos do país em guerra. Entre outras atribuições, o ministro era responsável pelo comando da polícia ucraniana e de outros serviços de emergência do país.
Monastirski também desempenhou papéis importantes como uma das lideranças da Ucrânia durante a guerra, tomando parte direta em negociações de troca de prisioneiros, como no caso dos combates da usina de Azovstal e denunciando supostos crimes de guerra cometidos por Moscou.
Em seu discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Zelenski pediu um minuto de silêncio para homenagear as pessoas mortas no acidente, antes de implorar aos aliados que agissem mais rápido em seu apoio ao seu país. “O tempo que o mundo livre usa para pensar é usado pelo estado terrorista para matar”, disse ele.
Antes da abertura da sessão em Davos, o presidente do Fórum Econômico Mundial, Borge Brende, pediu 15 segundos de silêncio após a abertura da sessão em homenagem às autoridades mortas no acidente. A primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, que participou da sessão, foi fotografada enxugando os olhos com lágrimas e apertando o nariz para conter a emoção, minutos antes de iniciar sua participação.
Nas redes sociais, o assessor de Monastirski no ministério, Anton Gerashchenko, classificou o episódio como uma tragédia e chamou as vítimas de patriotas.
“Meus amigos, os estadistas Denis Monastirski, Yevhen Yenin, Yuri Lubkovich, todos que estavam a bordo daquele helicóptero, eram patriotas que trabalharam para tornar a Ucrânia mais forte. Nós sempre lembraremos de você. Suas famílias serão cuidadas. Memória eterna aos meus amigos”, escreveu.
Em uma publicação no Telegram, Gerashchenko afirmou que “as causas da tragédia estão sendo estabelecidas pelos investigadores”, acrescentando que “em breve descobriremos se foi sabotagem, mau funcionamento técnico ou violação das regras de segurança de voo.”/ WPOST, NYT, AFP e AP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.