Quem é Alvaro Delgado, herdeiro de Lacalle Pou que tenta manter a centro-direita no poder no Uruguai

O candidato do Partido Nacional aparece atrás nas projeções que apontam para segundo turno nas eleições no Uruguai; ele não conseguiu ‘herdar’ popularidade de atual presidente

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Foto do author Carolina Marins
Atualização:

O Uruguai realizou neste domingo, 27, o primeiro turno de suas eleições presidenciais com o candidato escolhido pelo atual governo lutando para manter a centro-direita no poder. Herdeiro político do presidente Luis Lacalle Pou, Alvaro Delgado tem tido dificuldade para capitalizar a alta popularidade de seu padrinho. Ele aparece atrás e deverá ir ao segundo turno contra o candidato de centro-esquerda e herdeiro de José “Pepe” Mujica, Yamandú Orsi, que é o favorito segundo as projeções divulgadas na noite deste domingo, 27.

Alvaro Luis Delgado Ceretta, 55 anos, nunca imaginou que poucos dias após assumir o cargo em 2020 como secretário da Presidência de Luis Lacalle Pou, seria declarada uma pandemia que paralisaria o mundo. No entanto, servir como porta-voz do governo em meio à crise da covid-19 testou sua imagem e o projetou como candidato presidencial.

O candidato a presidente pelo Partido Nacional, Alvaro Delgado Foto: Pablo Porciuncula/AFP

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Antes de chegar à Torre Executiva com o amigo Lacalle Pou, com quem viajou pelo país arquitetando um projeto político, Delgado foi inspetor-geral do Trabalho, deputado por Montevidéu e senador.

Entrou para a política após trabalhar como produtor rural e veterinário em estabelecimentos agropecuários. Nascido em Montevidéu, Delgado foi educado em escolas católicas, fé que professa. Ele se casou em 1997 e tem três filhos, de 25, 23 e 21 anos. Diz que é mais feliz no campo do que na praia e adora andar a cavalo.

“Alvaro Delgado foi deputado duas vezes, senador, trabalhou no Ministério do Trabalho, depois foi secretário da Presidência da República, foi um dos que gerenciou muito bem a pandemia”, afirma o analista e estrategista político uruguaio Daniel Supervielle. “É alguém que conhece muito bem o Estado uruguaio.”

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“Ele vem dessa tradição branca mais liberal, um liberal com profundas raízes de um partido que tem forte ancoragem fora da capital, no interior do país. Vem desse mundo e também é um pragmático, alguém que sabe governar, que já governou ao lado direito do presidente.”

“Delgado é mais amigável ao mercado e tem uma orientação mais voltada aos negócios e o mundo corporativo”, explica Adolfo Garcé, professor e pesquisador na Universidade da República do Uruguai. “Não é que ele negligencie o aspecto social, que é mais a bandeira da esquerda, mas coloca um pouco mais de ênfase nisso”.

Durante a campanha, Delgado foi chamado de homem das cavernas e cafona por chamar sua candidata a vice-presidente, a ex-líder sindical Valeria Ripoll, de “bombom”. O episódio motivou memes e piadas nas redes sociais. “Foi um erro e uma brincadeira infeliz”, reconheceu mais tarde.

O candidato Alvaro Delgado com o atual presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou Foto: Pablo Porciuncula/AFP

Seu padrinho, o atual presidente, ostenta a maior popularidade da América do Sul, acima de 50% apesar de vários escândalos de corrupção envolvendo seu governo. “O desafio de Alvaro Delgado é que essa corrente positiva de mais de 50% de aprovação que Lacalle Pou tem se transfira diretamente para ele e para sua votação. Coisa que até agora não está acontecendo”, afirma Supervielle.

Delgado, além de ser muito menos carismático do que Lacalle Pou, sofre da armadilha de ser o candidato da situação em um país onde a oposição costuma ser carrasca com os governantes.

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“O que Delgado oferece basicamente para as pessoas, de acordo com seu próprio slogan de campanha, é reeleger um bom governo”, afirma Garcé. “O que ele está dizendo para as pessoas é que este foi um bom governo e o que precisam fazer é reeleger um bom governo. Mas embora as pessoas tenham uma boa opinião sobre a gestão de Lacalle Pou, não está tão claro que o governo tenha sido tão bom e, sobretudo, não está tão claro que não seja necessário fazer mudanças. Não é a mesma coisa ter uma boa opinião do presidente e ter boa uma opinião do governo.”

“Delgado também não é um candidato tão carismático quanto Lacalle Pou, é quase quase um homem de escritório. Parece mais um burocrata do que um político, um burocrata competente e sério, mas mais um burocrata do que um político”, completa o professor./Com AFP

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