Quem é Bernardo Arévalo, novo presidente que promete combater a corrupção na Guatemala

Filho do primeiro presidente democrata do país, o progressista Bernardo Arévalo venceu a conservadora Sandra Torres com a promessa de empreender um combate à corrupção do país

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Por Redação

Em dois meses, Bernardo Arévalo passou de quase desconhecido à vencedor das eleições presidenciais na Guatemala com a promessa de empreender um combate frontal à corrupção, um problema endêmico no país.

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Sociólogo e deputado socialdemocrata de 64 anos, Arévalo é filho de Juan José Arévalo, primeiro presidente democrata de Guatemala e catalisador de reformas sociais. O presidente eleito promete seguir os passos do pai com uma agenda social forte e de mudanças.

Arévalo, um político que aparece quase sempre vestido de azul e com bigode e barba bem aparados, superou no pleito à ex-primeira-dama Sandra Torres, que perdeu a terceira eleição, apesar do apoio do governo, de partidos da direita, de grandes empresários e de pastores evangélicos.

Bernardo Arevalo durante coletiva de imprensa neste domingo, 20, após resultados preliminares indicarem vitória dele na eleição Foto: Moises Castillo/AP

“Hoje o povo guatemalteco semeou a ‘Semilla’ (nome do partido de Arévalo, que significa semente em português) da esperança democrática com o grande triunfo de Bernardo Arévalo. É uma mudança institucional pela transparência e a estabilidade, um mandato claro pela paz”, declarou o reitor da Universidade para a Paz da Costa Rica, Francisco Rojas.

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Antes de vencer as eleições, Arévalo precisou enfrentar uma tentativa do Ministério Público, aparelhado pela elite política e empresarial que dirige o país, de afastá-lo da disputa. O órgão investiga o Semilla de irregularidades na formação do partido em 2017 e pediu a impugnação, mas na sexta-feira a Suprema Corte rejeitou o pedido. O caso segue em investigação.

Acusada de corrupção, a elite o vê na direção da Guatemala como ameaça por causa da agenda que o elegeu. “Há anos somos vítimas, presas de políticos corruptos”, disse no encerramento da campanha.

Na mesma ocasião, Arévalo evocou a “primavera democrática” liderada pelo seu pai na Guatemala em 1944. Juan José foi o primeiro presidente democrático após décadas de ditaduras e encerrou os 13 anos de poder de Jorge Ubico, um admirador de Hitler que submeteu indígenas maias a trabalhos forçados. O legado recai sobre suas costas. “Não sou meu pai, mas sigo o mesmo caminho”, disse.

Apoiadores do candidato presidencial Bernardo Arévalo comemoram a vitória no segundo turno da eleição na Cidade da Guatemala, neste domingo, 20. Arévalo foi eleito com agenda anticorrupção e carrega legado do pai Foto: Santiago Billy/AP

Arévalo nasceu em Montevidéu, Uruguai, em 1958, durante o exílio do pai por causa da dererubada de Jacobo Árbenz em 1954 em uma rebelião militar arquitetada pelos Estados Unidos. Também viveu na Venezuela, México e Chile antes de chegar à Guatemala aos 15 anos. Estudou Sociologia em Israel, foi vice-chanceler entre 1994 e 1995 e embaixador na Espanha entre 1995 e 1996, durante o governo do falecido presidente Ramiro de León Carpio.

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Em um país fortemente conservador e religioso, Arévalo disse que não legalizará o aborto nem o casamento igualitário, mas garante que não permitirá a discriminação ou estigmatização por gênero ou religião.

Ele assumirá o poder em 14 de janeiro de 2024 para suceder o direitista Alejandro Giammattei, que tem 62% de rejeição entre a população.

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Jacob Árbenz foi o herdeiro político do governo progressista de Juan Arévalo. Na década da “primavera democrática” criou o Instituto Guatemalteco de Previdência Social, deu autonomia à Universidade de San Carlos e às prefeituras e permitiu o voto a mulheres e analfabetos.

Construiu um porto no Caribe, outro no Pacífico, uma rodovia para unir a capital com o Atlântico e competir com a poderosa United Fruit Company. Junto com uma reforma agrária, todos esses planos afetavam interesses da empresa americana.

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Mas, na atual eleição, os Estados Unidos defendem o filho de Juan Arévalo das tentativas do Ministério Público de inabilitar o Semilla. /AFP

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