A Guarda Revolucionária do Irã anunciou na madrugada desta quarta-feira, 31, que o chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto em Teerã. Ele estava no país persa para participar da posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian.
O palestino de 62 anos desempenhou um papel central no grupo terrorista Hamas, liderando o grupo em diversas guerras contra Israel e participando de negociações de cessar-fogo.
Ele foi morto horas depois de se reunir com o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, na terça-feira.
Histórico
Haniyeh nasceu em 1962, no campo de refugiados de Shati, no norte da Cidade de Gaza, filho de pais palestinos que, em 1948, tinham sido deslocados de onde hoje é a cidade israelense de Ashkelon. Ele estudou literatura árabe na Universidade Islâmica de Gaza.
Em 1988, ele estava entre os membros fundadores do Hamas. Ele foi preso pelos militares israelenses e cumpriu diversas penas em prisões israelenses nas décadas de 1980 e 1990.
Ele serviu como secretário pessoal de Ahmed Yassin, líder espiritual do grupo terrorista palestino. Em 2006, Haniyeh se tornou líder do Hamas em Gaza. Nesse mesmo ano, Haniyeh serviu brevemente como primeiro-ministro de um governo de unidade palestino com outras facções. Mas foi dissolvido após meses de tensão que incluiu conflitos armados entre os grupos.
Mudança para o Catar
Haniyeh se mudou para o Catar em 2017, quando foi nomeado líder do gabinete político do Hamas. Dentro de Gaza, ele foi sucedido por Yahya Sinwar, considerado um dos principais arquitetos dos ataques terroristas de 7 de outubro do ano passado a Israel.
Em abril, três dos filhos de Haniyeh foram mortos em um bombardeio israelense perto da Cidade de Gaza. Israel identificou os três filhos adultos como Amir, Mohammad e Hazem Haniyeh e disse que todos os três eram terroristas do Hamas. Em junho, o Hamas apontou que a irmã de Haniyeh e a sua família morreram em outro ataque israelense.
Vivendo no país do Golfo, Haniyeh viajava regularmente entre o Catar e a Turquia. Não está claro quanto controle ele e os outros líderes políticos exilados do Hamas exerceram sobre os líderes do grupo em Gaza e a sua ala militar no planejamento dos ataques de 7 de outubro.
Saiba mais
Mandado de prisão
Em maio, o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) apontou que iria solicitar um mandado de prisão para Haniyeh, juntamente com outros dois líderes do Hamas e dois líderes israelenses.
Karim Khan, o promotor, disse ter “motivos razoáveis para acreditar” que o Haniyeh e os outros líderes do Hamas eram responsáveis por “crimes de guerra e crimes contra a humanidade” – incluindo “a morte de centenas de civis israelenses em ataques perpetrados pelo Hamas”./com NYT
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.