Quem é Michel Nisenbaum, brasileiro assassinado pelo Hamas e que teve o corpo levado para Gaza

O brasileiro natural de Niterói tinha 59 anos e deixa duas filhas e seis netos

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:
Correção:

O Exército israelense anunciou nesta sexta-feira, 24, a morte do brasileiro Michel Nisenbaum, assassinado no sul de Israel e que teve o corpo levado para a Faixa de Gaza. O corpo de Nisenbaum retornou a Israel após uma operação das Forças de Defesa de Israel (FDI) que também recuperou os restos mortais do franco-mexicano Orión Hernández Radoux e do israelense Hanan Yablonka.

PUBLICIDADE

O brasileiro natural de Niterói tinha 59 anos e deixa duas filhas e seis netos. Nisenbaum trabalhava como guia turístico em Israel, mas também exerceu funções variadas como motorista, entregador e prestador de serviços de informática.

Nisenbaum se mudou para Israel com apenas 12 anos e formou família no país do Oriente Médio. Na manhã do dia 7 de outubro do ano passado, o brasileiro saiu de sua casa em Sderot, cidade próxima a fronteira com o enclave palestino, para buscar a sua neta de 4 anos que estava em uma base militar no sul de Israel.

o brasileiro Michel Nisenbaum, de 59 anos, em uma foto reproduzida de suas redes sociais; ele foi feito refém e morto no ataque terrorista do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro  Foto: Reprodução/Instagram @michel_nisenbaum

Contudo, o brasileiro não chegou ao local e não atendeu mais o telefone. Após diversas ligações de sua filha, Hen Mahluf, um terrorista do Hamas atendeu o celular e passou a falar em árabe, depois gritou a palavra Hamas e desligou.

Publicidade

Desde então os familiares do brasileiro não sabiam mais nada sobre o seu paradeiro. Seu carro foi encontrado incinerado em uma estrada no sul de Israel e o computador do brasileiro estava em Gaza. Ele era considerado como um dos reféns israelenses que estavam vivos. Mais de 100 sequestrados israelenses continuam no enclave palestino.

Governo brasileiro

O Itamaraty reconheceu o desaparecimento do brasileiro no dia 21 de outubro, segundo nota enviada ao Estadão. A chancelaria brasileira apontou que a família de Nisenbaum comunicou o ocorrido para a embaixada do Brasil em Tel-Aviv antes de o governo israelense reconhecer que o brasileiro estava entre os sequestrados.

O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Mayer, só se encontrou com Mary Shohat, irmã de Michel Nisenbaum, no dia 30 de novembro, após as autoridades israelenses informarem a situação do brasileiro para a embaixada.

Familiares do brasileiro Michel Nisenbaum observam a fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza no Kibutz Nirim, uma das comunidades do sul de Israel que fazem fronteira com o enclave palestino  Foto: Jack Guez/AFP

No mesmo dia, Lula reconheceu que um brasileiro estava entre os sequestrados do grupo terrorista Hamas durante uma visita ao Catar, país que tem contribuído nas negociações para a libertação de reféns por ter relações próximas com o grupo terrorista Hamas. O presidente brasileiro apontou que agradeceu o Catar pela ajuda na liberação dos brasileiros-palestinos que estavam na Faixa de Gaza. “Estamos trabalhando também na liberação de um refém, que ainda pode ser liberado por esses dias”.

Publicidade

Família

A filha de Nisenbaum, Hen Mahluf, e a irmã do brasileiro, Mary Shohat, participaram de uma viagem ao lado de outros familiares de reféns sul-americanos em dezembro do ano passado. As famílias viajaram a Buenos Aires, onde se encontraram com o ex-presidente argentino Alberto Fernandez e com o atual presidente do país, Javier Milei, para Montevidéu, onde aconteceu um encontro com o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou e por Brasília e São Paulo.

Em Brasília, os familiares do brasileiro se encontraram com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, após intermediação do senador Jaques Wagner, que é judeu. Já na capital paulista, as famílias dos reféns participaram de eventos com autoridades e de uma coletiva de imprensa no clube Hebraica.

A filha de Michel Nisenbaum, Hen Mahluf, e a irmã do brasileiro, Mary Shohat, se encontraram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília Foto: Palácio do Planalto/Reprodução

Em entrevista ao Estadão, Mary Shohat afirmou que esperava que a visita fizesse alguma diferença para a libertação do irmão. Shohat também compartilhou informações sobre a vida de Nisenbaum e o seu processo de imigração para Israel.

“Eu nasci em Porto Alegre e o Michel nasceu em Niterói, nós somos meio irmãos. Eu vim para Israel com 16 anos, quase 17, sozinha. Gostei muito do país e decidi me mudar. Assim que eu cheguei em Israel, recebi uma carta da nossa família no Brasil que o Michel, que na época tinha 12 anos, estava envolvido com um grupo de delinquentes em Porto Alegre, que era onde ele morava e então eu voltei ao Brasil, conversei com a nossa família e decidimos que ele iria para Israel morar comigo”, afirmou a irmã de Nisenbaum.

Shohat apontou que seu último contato com o irmão havia sido no dia 5 de outubro, dois dias antes do ataque terrorista do Hamas, quando os dois tomaram café ao lado da mãe, de 87 anos.

Correções

O brasileiro Michel Nisenbaum foi assassinado pelos terroristas do Hamas perto de Mefalsim, no sul de Israel, e seu corpo foi levado pra Gaza. Uma versão anterior deste texto dizia, de modo errado, que ele foi morto na Faixa de Gaza.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.