No dia 1º de junho, Nayib Bukele tomou posse em El Salvador como o primeiro presidente reeleito do país. Com a ajuda da maioria de seu partido no Congresso e um tribunal amigável, Bukele deixou claras sua popularidade entre a sociedade salvadorenha, e obteve cerca de 85% dos votos na disputa.
Embora o governo seja acusado de cometer violações em massa dos direitos humanos durante a repressão à violência urbana, Bukele continua sendo admirado em El Salvador porque as taxas de homicídio caíram drasticamente após as detenções em massa ordenadas por seu governo. A nação centro-americana passou de um dos países mais perigosos do mundo a ter a menor taxa de homicídios da região.
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Nascido em San Salvador, filho do falecido químico industrial e representante da comunidade palestina Armando Bukele, o presidente estudou na Universidade Centro-Americana, mas não se formou.
O político de 42 anos assumiu a presidência de El Salvador pela primeira vez em 1º de junho de 2019. Antes de se tornar presidente, Bukele serviu como prefeito de Nuevo Cuscatlán, de 2012 a 2015, e da capital, San Salvador, de 2015 a 2018. Antes da carreira política, era um empresário bem-sucedido no setor de publicidade e mídia.
Sua carreira política começou no partido de esquerda FMLN (Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional), mas ele foi expulso do partido em 2017 devido a divergências internas. Posteriormente, ele fundou seu próprio partido político, a Nueva Ideas (Novas Ideias), sob o qual concorreu e venceu a presidência.
Com a sua vitória em 2019, ele acabou com o sistema bipartidário de direita e esquerda que alternava o poder após a guerra civil. “Não me considero de direita ou de esquerda”, disse ele. Mas ele participou de uma conferência ultraconservadora nos Estados Unidos em fevereiro, assim como o presidente argentino Javier Milei.
Agora, com um Congresso onde o seu partido Nuevas Ideas tem 54 dos 60 assentos, Bukele tem liberdade para reformar a Constituição, depois de os deputados terem aprovado em abril um mecanismo para acelerar possíveis mudanças. Quando venceu em fevereiro, Bukele disse que seria “a primeira vez que existirá um sistema de partido único numa democracia”.
‘Ditador legal’
Ao celebrar a vitória nas eleições em fevereiro, Bukele chamou a si mesmo de “ditador mais legal do mundo”, em um tom sarcástico em referência às acusações de autoritarismo e de manutenção do poder graças a magistrados com ideias semelhantes que interpretaram a lei para permitir sua reeleição, apesar de proibida pela Constituição.
Como presidente, Bukele implementou o “Plano de Controle Territorial” para combater as gangues e reduzir a violência em El Salvador. Suas políticas de segurança, incluindo o estado de exceção que suspendeu algumas garantias constitucionais para combater as gangues, receberam elogios pela redução significativa da violência, mas também muitas críticas por violações de direitos humanos e abordagens autoritárias.
“Estamos mais seguros do que qualquer outro país do Hemisfério Ocidental e se eu tivesse dito isto há cinco anos, teriam me dito que eu estava louco. Este era literalmente o país mais perigoso do mundo”, declarou Bukele na semana passada em entrevista ao jornalista americano Tucker Carlson.
Em seu segundo turno, com a segurança sendo uma questão considerada controlada pela população salvadorenha, Bukele agora enfrenta o desafio da economia, já que a pobreza castiga quase um terço da população./Com AFP.
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