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Quem é o procurador que investiga a tentativa de Trump de reverter a eleição dos EUA em 2020

Thomas Windom lidera investigações que tentam remontar ataque ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021

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Por Glenn Thrush, Alan Feuer e Michael S. Schmidt
Atualização:

WASHINGTON — Conforme o Departamento de Justiça dos EUA amplia a investigação criminal a respeito dos esforços para manter o ex-presidente Donald Trump no poder depois de sua derrota na eleição de 2020, o trabalho crítico de montar algumas peças disparatadas desse quebra-cabeças foi concedido a um agressivo e pouco conhecido procurador federal chamado Thomas Windom.

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Até o fim do ano passado, quando foi transferido para o escritório do procurador-geral dos EUA, Windom, de 44 anos, emergiu como um líder crucial em uma das investigações mais complexas, importantes e sensíveis já empreendidas pelo Departamento de Justiça na memória recente, que entrou em marcha total ao longo da semana passada com uma série de novas intimações e outras medidas.

É Windom, trabalhando sob supervisão próxima dos mais graduados assessores do procurador-geral, Merrick Garland, que está conduzindo a estratégia — atestada pela história, apesar de vagarosa — de trabalhar a partir da periferia dos eventos na direção do centro, de acordo com entrevistas com advogados de defesa, autoridades do departamento e destinatários das intimações.

Windom tem liderado investigadores que buscam informações metodicamente, por exemplo, a respeito dos papéis desempenhados por alguns dos conselheiros mais próximos de Trump, incluindo Rudolph Giuliani, Jenna Ellis e John Eastman, com a incumbência de subir na cadeia de comando o quanto as evidências determinarem.

Imagem do dia 6 de janeiro de 2021 mostra invasão dos apoiadores de Donald Trump no Capitólio dos EUA. Investigações desvendam papel do ex-presidente no episódio Foto: REUTERS/Leah Millis

Esse elemento da investigação tem foco grande parte no dito esquema de votantes falsos no colégio eleitoral, no qual aliados de Trump reuniram listas de supostos votantes certificados que escolheriam Trump no colégio eleitoral de Estados tradicionalmente indefinidos que foram conquistados por Joe Biden.

Em semanas recentes, o foco mudou da coleta dos e-mails e mensagens de texto de supostos votantes dos colégios eleitorais da Geórgia, do Arizona e do Michigan para aqueles dos advogados que buscaram reverter a vitória de Biden e figuras políticas como a presidente do Partido Republicano do Arizona, Kelli Ward.

Windom também supervisionou aparições diante do júri como a de sexta-feira, de Ali Alexander, um proeminente organizador do movimento “Stop the Steal” (Parem o roubo), que testemunhou por cerca de três horas. E Windom, juntamente com Matthew Graves, procurador-chefe do Distrito de Colúmbia, tem pressionado a comissão da Câmara dos Deputados que investiga o ataque de 6 de Janeiro a entregar transcrições de suas entrevistas com centenas de testemunhas no caso — impulsionado pela cada vez mais impaciente Lisa Monaco, a auxiliar mais graduada de Garland, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

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A batida da semana passada na casa de Jeffrey Clark, ex-autoridade do Departamento de Justiça que desempenhou um papel crucial no esforço de Trump de pressionar o departamento a adotar e apoiar suas alegações infundadas de fraude eleitoral generalizada, foi iniciada separadamente, pela corregedoria-geral do departamento, já que Clark era funcionário do organismo na época das ações investigadas. Assim como a aparentemente relacionada apreensão, na semana passada, de um celular de Eastman, que foi ligado pela comissão da Câmara ao esforço de Clark de ajudar Trump a permanecer no cargo.

Mas Windom está envolvido em quase todas as decisões-chave do departamento em relação à investigação geral a respeito das múltiplas instâncias do esforço de Trump de se manter no cargo, afirmam autoridades.

Apesar de toda essa atividade, Windom permanece amplamente anônimo até mesmo dentro do Departamento de Justiça, conhecido apenas por dois casos de alto nível que construiu contra supremacistas brancos quando trabalhou nas instalações do departamento em Maryland, nos subúrbios de Washington.

Os chefes de Windom parecem determinados a mantê-lo nas sombras: a diretoria do departamento e seu setor de imprensa não anunciaram a transferência dele de uma função de supervisão no escritório da procuradoria em Maryland, no fim do ano passado, para assumir o caso e se recusam a discutir sua nomeação mesmo privadamente.

Imagem mostra Peter Strzok, principal agente da investigação do FBI a respeito dos laços de Trump com a Rússia, em imagem do dia 12 de julho de 2018. Strzok disse para Windom se preparar para retaliações do ex-presidente por conta de novas investigações Foto: Erin Schaff/The New York Times

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Isso pode ser bom para Windom, a autoridade federal apontada mais recentemente para investigar o ex-presidente e seu alto-escalão, um trabalho perigoso que transformou muitos de seus antecessores em alvos da direita, o que forçou alguns a deixar o serviço público com reputações manchadas e despesas de advogado infladas.

“Não subestime a magnitude com que cada aspecto da sua vida será remexido, escarafunchado, investigado, examinado — você, sua família, tudo”, afirmou Peter Strzok, que atuou como principal agente da investigação do FBI a respeito dos laços de Trump com a Rússia, até que se descobriu que ele havia mandado mensagens de texto enxovalhando Trump.

“A gente pensa que está fazendo a coisa certa e que isso nos protegerá”, acrescentou Strzok, que ainda é bombardeado com ameaças e ataques online mais de três anos depois de ter sido demitido. “Não gostei nada de saber que havia pessoas cujo único objetivo seria me destruir totalmente.”

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Qualquer investigador vasculhando Trump, afirmaram ex-procuradores, é elegível para ser marcado como inimigo independentemente da natureza de sua investigação. “Eles queriam destruir Trump e eram membros, vocês sabe, da nossa (Agência) Central de Inteligência ou do nosso FBI”, afirmou Doug Jensen, de 42 anos, seguidor do QAnon, do Iowa e um dos invasores do Capitólio, em entrevista a autoridades federais, refletindo as visões de muitos direitistas adeptos de teorias de conspiração a respeito de Strzok e outros investigadores.

Windom está supervisionando pelo menos duas partes cruciais da abrangente investigação do Departamento de Justiça a respeito do ataque ao Capitólio, de acordo com intimações do tribunal do júri obtidas pelo New York Times e entrevistas com procuradores, ex-procuradores e advogados de defesa.

Um dos focos da investigação é uma ampla gama de interlocutores, organizadores, guardas de segurança e ditos VIPs que compareceram ao discurso de Trump na Elipse, próximo à Casa Branca, em 6 de janeiro de 2021, que de lá rumaram diretamente para o Capitólio. De acordo com as intimações, essa parte da investigação também busca informações a respeito de qualquer membro do Executivo ou do Legislativo que tenha ajudado a planejar ou realizar o comício, ou que tenha tentado obstruir a certificação da eleição que aconteceria dentro do Capitólio naquele dia — uma ampla rede que poderia incluir graduados assessores de Trump e então aliados do ex-presidente no Congresso.

O objetivo secundário de Windom — espelhando um foco da comissão parlamentar a respeito do 6 de Janeiro — é a ampliação da investigação para o grupo de advogados próximos a Trump que ajudou a projetar e promover o plano para criar listas de votantes alternativos para os colégios eleitorais dos Estados. Intimações ligadas a essa parte da investigação buscaram informações a respeito de Giuliani e Eastman, assim como autoridades estaduais conectadas ao esquema dos falsos votantes.

Uma das testemunhas que ele intimou a depor é Patrick Gartland, um coach de pequenos negócios ativo na política da Geórgia, que se desviou dos esforços de apoiadores de Trump para recrutá-lo como eleitor de Trump no colégio eleitoral no fim de 2020.

Em 5 de maio, Gartland, que estava de luto pela recente morte de sua mulher, recebeu na porta de casa de dois agentes do FBI uma intimação de oito páginas assinada por Windom. A intimação, que Gartland compartilhou com o New York Times, solicitava que ele fornecesse e-mails, outros tipos de correspondência ou “qualquer documento destinado a representar um certificado de votante do colégio eleitoral favorecendo Donald J. Trump e Michael R. Pence”.

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A intimação de Windom busca informações a respeito de todas as interações de Gartland e anexa uma lista de 29 nomes, que indica um tipo de mapa do caminho de sua investigação mais ampla na Geórgia e além.

A lista inclui Giuliani; Bernard Kerik, ex-comissário de polícia da cidade de Nova York; Boris Epshteyn, ex-assessor de Trump na Casa Branca; outros membros da equipe de Trump e conselheiros jurídicos independentes, incluindo Eastman, Ellis e Kenneth Chesebro; e um punhado de republicanos da Geórgia cujos nomes foram citados em listas de votantes potenciais para o colégio eleitoral.

Pelo menos três pessoas qualificadas na intimação a Gartland — incluindo David Shafer, presidente do Partido Republicano na Geórgia, e Brad Carver, outra autoridade do partido — receberam intimações similares da equipe de Windom na semana passada, de acordo com fontes cientes da situação.

Pelo menos outras sete pessoas que não estão na lista — entre elas Thomas Lane, autoridade que trabalhou para a campanha de Trump no Arizona, e Shawn Flynn, assessor da campanha de Trump no Michigan — afirmaram que também receberam intimações. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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