Quem é Patricia Bullrich, a ex-peronista que mudou de lado e quer ser presidente da Argentina

Candidata do Juntos pela Mudança, de oposição, enfrenta o governista Sergio Massa e o libertário Javier Milei na eleição marcada para 22 de outubro.

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Por Redação
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Patricia Bullrich, 67, aposta no antiperonismo e na imagem de “linha dura” para se eleger presidente da Argentina pela coalizão Juntos pela Mudança, na eleição marcada para 22 de agosto. Mas nem sempre foi assim. Quando entrou para política, ainda adolescente na década de 1970, ela estava entre os peronistas que agora combate.

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Nascida em uma família rica, tradicional e com vínculos na política, Bullrich entrou logo cedo na juventude do partido peronista — ligado a Juan Domingo Perón, que havia sido deposto pelo golpe militar de 1955. Após 18 anos de exílio, Perón voltou a se eleger em 1973, mas morreu no seguinte. Foi justamente neste momento conturbado que ela entrou para política e defendeu inclusive que a luta armada seria a alternativa para as aspirações da juventude revolucionária.

“Na década de 1970, muitos de nós pensamos que a forma de mudar o mundo era por meio da violência. E foi um erro”, admitiu recentemente em entrevista ao jornal La Nación.

Candidata Patricia Bullrich participa de debate na eleição argentina.  Foto: AGUSTIN MARCARIAN / AFP

Embora negue que tenha participado efetivamente de ações armadas — e nunca tenha sido apontada em investigações sobre a guerrilha —, ela ficou marcada pela proximidade com o Rodolfo Galimberti, líder do Montoneros, o braço armado do peronismo, que foi casado com a irmã de Pratricia Bullrich.

Esse passado virou munição para o libertário Javier Milei, que acusou a rival de terrorismo: “colocava bombas em jardim de infância”. Patricia Bullrich rebateu que a acusação era “mentira” e entrou com um processo na justiça.

Em 1976, depois de mais um golpe militar, Bullrich se exilou primeiro no Brasil, depois no México e na Espanha até voltar à Argentina com a redemocratização em 1986, ainda como militante peronista. Foi só na década seguinte que ela rompeu com o movimento por críticas aos escândalos de corrupção envolvendo o governo Carlos Menem (1989-1999), que se identificava ideologicamente como peronista, mas adotou a cartilha liberal como resposta à inflação.

Afastada dos peronistas, ela apoiou Fernando De la Rúa para sucessão e, com a vitória, assumiu a Secretaria de Política Criminal e Assuntos Penitenciários. Foi a partir daí que Patricia Bullrich ficou conhecida pelo perfil “linha dura” contra a criminalidade.

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Com a queda do governo De La Rúa em 2001, quando a Argentina enfrentou uma das piores crises econômicas de sua história, Bullrich criou o próprio partido e caminhou cada vez mais em direção ao conservadorismo. Em 2015, entrou no governo Mauricio Macri como Ministra da Segurança. Ao mesmo em tempo em que reduzia a taxa de homicídios, a violência policial aumentava.

Agora, ela aposta na plataforma da segurança pública, que desponta como preocupação entre os argentinos, e promete envolver as Forças Armadas no combate ao narcotráfico se for eleita. Com a política “linha dura” ela se fortaleceu dentro da coalizão Juntos Pela Mudança e derrotou o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, de perfil mais moderado. Algumas propostas para segurança, no entanto, despertam desconfiança de parte do eleitorado em um país ainda marcado pelo trauma da ditadura.

Na economia, Bullrich se contrapõe a propostas do seu concorrente pela direita, Javier Milei. Ela defende aumentar o uso oficial do dólar, mas sem acabar com o peso no lugar da dolarização total da economia e garantir a independência do Banco Central no lugar de “implodi-lo”, como promete o libertário. Bullrich também promete que vai conter a inflação, hoje perto dos 140%, mas tem sido cobrada por mais clareza em suas propostas para a economia, a grande preocupação dos argentinos./COM INFORMAÇÕES DE AP

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