THE NEW YORK TIMES - LONDRES — Rishi Sunak, o ex-secretário do Tesouro de Boris Johnson, conseguiu nesta segunda-feira, 24, garantir a liderança do Partido Conservador para se tornar o próximo primeiro-ministro do Reino Unido.
Um dos responsáveis pela queda de Johnson, após pedir demissão do gabinete na crise que implodiu o governo, e ser derrotado por Liz Truss no processo eleitoral finalizado há menos de um mês, Sunak finalmente teve um caminho sem obstáculos para chegar ao poder, após conquistar o apoio público de 167 parlamentares.
Sunak foi, pode-se argumentar, a figura mais proeminente no gabinete do primeiro-ministro Boris Johnson — e chegou a ser considerado seu mais provável sucessor. No processo interno para escolher o sucessor do ex-premiê, ele chegou a vencer a disputa reservada aos parlamentares conservadores, mas foi derrotado por Liz Truss na votação aberta aos membros do partido, que preferiram as posições mais radicais de Truss.
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Sunak teve uma acentuada ascensão desde que se elegeu para o Parlamento pela primeira vez, em 2015. Em fevereiro de 2020, aos 39 anos, ele foi nomeado para a função de secretário (o equivalente a um ministro no Brasil), que atua como diretor financeiro do governo e com frequência é considerado o segundo na hierarquia do poder Executivo, atrás apenas do primeiro-ministro.
Conforme a crise do coronavírus se assomou, Sunak, um ex-gerente de fundos de hedge, distribuiu uma série de pacotes de ajuda para empresas e indivíduos — amplamente aplaudidos. Essas medidas e seu ar de competência rapidamente o tornaram uma face popular da resposta do governo à pandemia.
Sunak, primogênito de uma família de imigrantes indianos, frequentou o internato de elite da Winchester College e Oxford. Ele obteve MBA em Stanford e tem sido louvado como exemplo de um Reino Unido multiétnico e mais moderno. Se vencer nesta segunda-feira, ele se tornará a primeira pessoa de uma minoria étnica a ocupar o cargo de premiê.
Mas críticos também contestaram sua gestão das finanças do país. O Instituto Nacional para Pesquisa Econômica e Social, uma entidade de análise, afirmou em meses passados que seu fracasso em evitar aumentos nas taxas de juro pode sair caro para os contribuintes britânicos.
E em meses recentes, dois escândalos macularam a reputação de Sunak, apesar de não na mesma intensidade do primeiro-ministro, e especulou-se que ele poderia ser demitido durante uma possível reformulação do gabinete. Primeiramente revelou-se que sua abastada mulher havia afirmado um status que lhe permitiu evitar impostos sobre parte de sua renda. Depois revelou-se que Sunak continuou mantendo um green card, o que lhe permitia viver e trabalhar nos Estados Unidos, por meses depois de se tornar chanceler.
Sunak, juntamente com outras figuras do governo, também foi multado por violar regulações de lockdown relativas à pandemia de coronavírus ao comparecer, brevemente, à celebração do aniversário de Johnson, em Downing Street, em 2020, uma das várias reuniões na residência oficial do primeiro-ministro que ficaram conhecidas como o escândalo do “partygate”./ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL