O governador da Florida, Ron DeSantis, confirmou a sua candidatura para a presidência dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 24 e vai azer uma live no Twitter junto com o dono da plataforma, o empresário Elon Musk.
O político de 44 anos irá desafiar o ex-presidente americano Donald Trump pela nomeação do Partido Republicano na corrida presidencial pela Casa Branca em 2024.
Após a live com Musk, que está marcada para as 18h no horário local (19h no horário de Brasília), DeSantis deve fazer uma aparição na rede de televisão americana Fox News, que tem tradicional perfil conservador, e participar de um evento com doadores de campanha no Hotel Four Seasons em Miami.
Considerado uma das principais vozes do Partido Republicano, DeSantis ganhou mais capital político após ser reeleito governador da Florida em 2022, com uma vitória dominante sobre o democrata Charlie Crist, sinalizando que pode ser o herdeiro de Trump.
Formação e carreira
Ronald Dion DeSantis nasceu em Jacksonville, Florida em 1978. Oriundo de uma família de origem italiana e de classe média, o governador da Florida se formou em história na Universidade de Yale, onde foi capitão do time de beisebol e ingressou na conhecida Escola de Direito de Harvard.
Durante o seu tempo em Harvard, DeSantis se tornou oficial da Marinha dos Estados Unidos e foi designado para o braço jurídico da organização, o Corpo de Juízes e Advogados Gerais (JAG). Como consultor jurídico, trabalhou na Baía de Guantánamo e com oficiais enviados para o Iraque.
Em 2010, DeSantis saiu do exército com honras, e segue sendo um reservista da Marina americana. Ainda em 2010, o político se casou com a jornalista Casey DeSantis. O casal tem três filhos: Madison, Mason e Mamie.
Após o serviço no exército, DeSantis se tornou promotor federal e em 2012, se candidatou para uma vaga no Congresso americano, sendo eleito pelo sexto distrito da Florida, considerado um dos mais conservadores do Estado.
Durante o seu tempo no Congresso, DeSantis fez forte oposição ao ex-presidente americano Barack Obama, criticando medidas consideradas como intervencionistas.
Governador
Em 2018, DeSantis anunciou a intenção de concorrer ao cargo de governador da Florida e recebeu o apoio de Trump, que teve forte influencia na campanha do político de 44 anos.
O republicano ganhou uma disputa apertada contra o democrata Andrew Gillum.
O político ganhou notoriedade durante a pandemia de coronavírus. No começo da crise sanitária, o governador da Florida aplicou medidas importantes para reduzir a propagação da covid-19, como um lockdown em todo o Estado. Contudo, DeSantis logo voltou atrás, suspendendo as medidas restritivas e se opondo a obrigatoriedade ao uso de máscaras.
Em julho de 2020, em meio a uma alta de casos de coronavírus nos Estados Unidos, DeSantis permitiu que as escolas fossem reabertas.
Durante o mandato, a família de DeSantis passou por problemas pessoais por conta do diagnóstico de câncer de mama da esposa do político. Casey DeSantis, que recebeu a notícia em outubro de 2021, mas anunciou que estava curada em março de 2022.
Reeleição e polemicas
Quatro anos depois, DeSantis foi reeleito de forma confortável, contribuindo para a reafirmação de que a Florida é um estado mais alinhado com o Partido Republicano. O governador passou a adotar uma agenda ainda mais intensa de pautas conservadoras, em oposição ao chamado movimento “woke” (termo mais amplo para definir quem defende causas sociais), o que chamou a atenção do público republicando e aumentou a sua projeção nacional.
Em seu governo na Florida, DeSantis expandiu o direito ao uso de armas de fogo, assinou um projeto de lei que proíbe abortos após seis semanas e condenou a política migratória do presidente americano Joe Biden, mostrando a sua insatisfação com o tema de forma simbólica ao ordenar que um grupo de 50 migrantes, a maioria deles venezuelanos, fosse levado de avião para a ilha de Martha’s Vineyard, reduto luxuoso que fica no Estado de Massachusetts e tradicionalmente democrata.
Saiba mais sobre o governador da Florida, Ron DeSantis
Em abril, o governo da Florida expandiu a proibição de aulas sobre identidade de gênero e orientação sexual em todas as séries de ensino básico das escolas públicas, restrita antes às classes infantis até o terceiro ano. A lei, que teve a sua primeira versão aprovada em março do ano passado, ficou conhecida como “Lei Não Diga Gay” e foi muito criticada por ativistas da comunidade LGBTQA+.
No ano passado, DeSantis já havia proibido o ensino da teoria racial crítica, que propõe pensar a história dos Estados Unidos através do racismo estrutural. Para o republicano, a teoria se trata de “racismo sancionado pelo Estado”.
Disney
O governador da Florida também entrou em atrito com o parque de diversão Disney World, que possuí um complexo mundialmente conhecido e visitado em Orlando. DeSantis assinou uma lei em abril de 2022 que retira a autoridade autônoma da Disney sobre os parques localizados na Florida.
A medida ocorreu como retaliação após a empresa ter criticado a lei que ficou conhecida como “Não Diga Gay”. A Disney está processando o político republicano, alegando que DeSantis está prejudicando os negócios da empresa por conta de críticas ao seu governo.
“Prefiro ser governado por nós, o povo, em vez de empresas ‘woke’, então acredito que a resistência é necessária em todos os setores”, disse o governador Ron DeSantis em uma entrevista recente a Benny Johnson, uma personalidade midíatica da direita americana. “É parte de algo maior em que a América corporativa está tentando mudar nosso país, tentando mudar a política, tentando mudar a cultura”, disse DeSantis.
Trump
DeSantis foi um forte aliado político do ex-presidente Donald Trump, mas passou a ser criticado por ele quando ganhou notoriedade e capital político perante os republicanos. O ex-presidente chama constantemente DeSantis de “DeSanctimonius” (“DeHipócrita”, em português), acusando o governador da Florida de tentar “destruir” a Prévidencia Social e o sistema de saúde Medicare.
Trump também afirmou em sua conta da Truth Social que DeSantis não tem nenhuma chance contra ele e que sua popularidade é muito baixa.
Pesquisas recentes mostram que o governador da Florida está muito abaixo nas pesquisas dentro do Partido Republicano e precisa reverter o cenário para conseguir a nomeação para a Casa Branca.
“Você tem basicamente três pessoas neste momento que são confiáveis em tudo isso”, afirmou DeSantis em um evento de doadores. “Biden, Trump e eu. E penso nesses três, dois têm chance de serem eleitos presidentes - Biden e eu, com base em todos os dados dos estados indecisos, o que não é bom para o ex-presidente e provavelmente insuperável porque as pessoas não vão mudar de opinião sobre ele”, completou o governador da Florida./NY Times e W.Post
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