DUBAI, EMIRADOS ÁRABES - As duas potências rivais árabe e persa do Oriente Médio, a Arábia Saudita e o Irã, disputam há décadas a liderança regional. Cada um desses países se apresenta como defensor das grandes correntes do Islã: o sunismo, no caso de Riad, e o xiismo, de Teerã.
+ Em primeira entrevista após renúncia, premiê libanês diz que retornará ao seu país 'em breve'
Na terça-feira 7, a Arábia Saudita acusou o Irã de "agressão direta" após o disparo de um míssil em direção ao Aeroporto Internacional de Riad pelos rebeldes houthis do Iêmen, acusados de receber apoio de Teerã. Entenda melhor a relação entre esses dois país.
Revolução iraniana
Em abril de 1979, instaurou-se a República Islâmica do Irã. Seu líder supremo, o aiatolá Khomeini, foi acusado pelos países sunitas do Golfo de querer "exportar" a revolução para a região.
Guerra entre Irã e Iraque
Em setembro de 1980, o Iraque atacou o Irã. Riad ofereceu apoio financeiro ao então regime de Saddam Hussein e estimulou outros países sunitas do Golfo a fazerem o mesmo.
Primeira ruptura
Em julho de 1987, as forças de segurança sauditas reprimiram na Meca uma manifestação proibida de peregrinos iranianos. Os enfrentamentos deixaram mais de 400 mortos, a maioria deles do Irã, e destruíram as embaixadas da Arábia Saudita e do Kuwait em Teerã. Em 1988, Riad rompeu relações com o Irã, cujos cidadãos não voltaram a fazer peregrinações pela Meca até 1991. A situação se acalmou em 1997, com a eleição do presidente moderado Mohammad Khatami e sua visita em 1999 à Arábia Saudita. Mas a invasão americana do Iraque em 2001 reavivou a tensão, fazendo com que Bagdá caísse na esfera de influência do Irã com a ascensão dos xiitas ao poder. Recentemente, Riad e seus aliados retomaram as relações com as autoridades iraquianas para pedir que se distanciem do Irã.
Primavera Árabe
Em março de 2011, a Arábia Saudita enviou milhares de soldados a Bahrein para reprimir uma manifestação, majoritariamente xiita, acusando o Irã de inspirar a agitação. A partir de 2012, Teerã e Riad se opuseram também com relação ao conflito sírio. Irã, com a ajuda do movimento libanês xiita Hezbollah, é o principal apoio regional do regime de Bashar Assad, a quem proporciona ajuda militar e financeira. A Arábia Saudita se opõe ao líder sírio e apoia os grupos rebeldes.
Iêmen
Em março de 2015, Riad lançou uma operação militar como líder de uma coalizão árabe para impedir que os rebeldes xiitas houthis, acusados de receber apoio do Irã, assumiram o controle do Iêmen, vizinho da Arábia Saudita.
Nova ruptura
Em setembro de 2015, o Irã denunciou a "incompetência" das autoridades sauditas, após uma fuga que custou a vida de centenas de iranianos durante uma peregrinação à Meca. Em janeiro de 2016, a Arábia Saudita executou 47 pessoas condenadas por "terrorismo", entre elas um dignitário xiita. Um dia depois, Riad rompeu suas relações diplomáticas com Teerã após o ataque de sua embaixada no Irã.
Hezbollah
Em março de 2016, o Hezbollah, acusado de servir de ponta de lança ao Irã, foi qualificado como organização "terrorista" pelas monarquias árabes do Golfo. Pouco antes, seu chefe havia acusado a Arábia Saudita de atuar com o objetivo de uma "sedição entre muçulmanos sunitas e xiitas". Em novembro de 2017, o primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, anunciou sua renúncia em Riad, acusando o Hezbollah e seu aliado iraniano de "controlar" o Líbano.
Catar
Em junho de 2017, Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Iêmen e Egito romperam relações diplomáticas com o Catar, e o acusaram de "apoiar o terrorismo" e de se aproximar do Irã.
Questão nuclear
Em outubro de 2017, o reino saudita celebrou a decisão do presidente americano, Donald Trump, de não "certificar" o histórico acordo sobre o programa nuclear iraniano, firmado em 2015 por Irã e seis grandes potências (EUA, Rússia, França, Reino Unido, China e Alemanha). / AFP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.