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Rainha será levada de volta para Londres para as cerimônias, diz historiadora

Operação Unicórnio, preparada para o caso da morte da monarca na Escócia, foi acionada e diversos dias de homenagens estão previstos; coroação de Charles pode levar semanas

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Foto do author Fernanda Simas
Atualização:

Com a morte da rainha Elizabeth II no Palácio de Balmoral, na Escócia, a “Operação Unicórnio” foi acionada para iniciar a transição de poder na monarquia e os passos até o funeral da monarca. “Ela será levada de volta para a capital Londres para que as cerimônias possam começar: seu velório, seu funeral e, no devido tempo, a coroação do novo soberano”, explica a historiadora na Universidade de Winchester especializada em monarquias Elena Woodacre.

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Muito se falava sobre a “Operação Ponte de Londres”, que seria ativada caso Elizabeth tivesse morrido em Londres. Mas ela morreu no palácio em que mais gostava de passar o tempo e onde disse, em diferentes ocasiões, ter vivido os melhores momentos de sua vida.

Daqui a dois dias, seu caixão será levado em carro para o Palácio de Holyroodhouse, em Edimburgo, onde ficará repousando por alguns dias. Ali, durante 24 horas, será permitida a entrada do público para velar a monarca mais longeva do Reino Unido.

Rainha Elizabeth fio a monarca mais longeva da história do Reino Unido  Foto: Victoria Jones/PA Wire/Pool via REUTERS

Cinco dias depois de sua morte, o corpo de Elizabeth será levado de volta ao Palácio de Buckingham, em Londres, onde vão ocorrer 10 dias de cerimônias, que incluem seu velório e, então, a coroação de Charles como Rei Charles III, que assumiu o poder assim que Elizabeth morreu.

A quinta-feira foi de apreensão desde que o Palácio de Buckingham anunciou que a rainha estava sendo mantida sob supervisão médica, após seus médicos particulares se mostrarem “preocupados com a saúde de Sua Majestade”.

Última imagem de Elizabeth, antes de receber a premiê Liz Truss na Escócia, despertou preocupação sobre seu estado de saúde  Foto: Jane Barlow / POOL / AFP

A historiadora Elena Woodacre, em entrevista ao Estadão, conta como cada movimentação do dia indicava a gravidade do que estava acontecendo.

Por que o comunicado do Palácio de Buckingham foi considerado de imediato tão preocupante?

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O comunicado claramente indicava uma piora na saúde da rainha. Ela lidava com a deterioração da sua mobilidade, o que significa que estava impossibilitada de participar de uma série de eventos importantes nos últimos meses. O príncipe Charles foi assumindo cada vez mais seus deveres reais. Levar a nova primeira-ministra, Liz Truss, a Balmoral para a audiência formal de formar um novo governo foi uma quebra com a tradição e uma indicação de que a rainha não estava bem para voltar ao Palácio de Buckingham, como planejado inicialmente.

Preocupações maiores com a fragilidade da rainha surgiram após as fotos do encontro (com Liz Truss) serem divulgadas e depois que ela não pôde realizar uma reunião online privada no dia seguinte. Esses fatos aumentaram muito a preocupação com sua situação de saúde.

O Palácio geralmente é muito cuidadoso no sentido de divulgar informações sobre a saúde da monarca, sendo o mais breve e positivo possível. Por isso, a mudança de tom no comunicado desta quinta indicava que algo definitivamente grave estava acontecendo.

Qual era o indicativo com a ida às pressas de todos os filhos e netos para a Escócia?

A ida massiva da família real indicava a gravidade da situação. A velocidade com a qual todos foram para Balmoral foi um indicativo do tamanho da preocupação. Esse era um momento muito importante para eles como família e para a monarquia em si.

O que acontece agora?

Há um plano detalhado sobre a transição na monarquia, que estabelece cada passo para o momento posterior à morte da rainha. Ela será levada de volta para a capital Londres para que as cerimônias possam começar: seu velório, seu funeral e, no devido tempo, a coroação do novo soberano.

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A transição de poder já está estabelecida?

Sim, houve uma grande preparação e há também as tradições do protocolo real, afinal a monarquia e os mecanismos de estado estão há muito tempo em estado de prontidão para este momento. Isso remonta à ideia de ‘Dois Corpos do monarca’: o Corpo Político e o Corpo Físico. O titular do cargo pode morrer, mas o cargo em si continua, como está claro no ditado “o rei está morto, viva o rei”.

Há uma longa história de livros de regras da realeza com cerimônias, como o Liber Regalis, o Black Book of Edward IV e o Eltham Ordinances. Esses livros de regras foram escritos exatamente por esse motivo, eram particularmente importantes para monarcas de longa data, quando havia poucos oficiais ainda servindo desde a última transição e que sabiam pessoalmente como as cerimônias deveriam ocorrer.

Hoje, temos o luxo de acessar os antigos cinejornais da Pathé e os excelentes registros da cobertura da mídia dos eventos reais do século 20.º, mas no passado esses livros de regras eram fundamentais para garantir tradição e continuidade.

Como é definida a coroação de Charles?

Charles se tornou rei no momento em que sua mãe morreu. A coroação não é necessária para torná-lo rei e deve acontecer em algumas semanas ou meses. Lembre-se que houve um grande tempo entre a morte do rei George VI e a coroação de Elizabeth II. Nos próximos dias, ele será nomeado pelo Conselho de Adesão (conselho privado), terá seu nome de reinado confirmado e o corpo da rainha será levado de Balmoral para Edimburgo, onde começa o cerimonial funerário, e depois para Londres para o velório e funeral propriamente ditos. Acredito que o velório ocorra na Abadia de Westminster, antes do enterro em Windsor.

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