Rebeldes do Partido Conservador britânico querem mudar regra para desafiar Boris Johnson

Legenda estabelece que premiê só pode enfrentar um voto de desconfiança por ano, mas artigo pode ser revisado a depender de pressões e vontade política

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Por Redação
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Enquanto o primeiro-ministro britânico Boris Johnson tenta reconstruir sua autoridade após sobreviver a um voto de desconfiança que revelou profundas divisões no Partido Conservador, parlamentares considerados “rebeldes” dentro da legenda, que votaram pelo afastamento do premiê, articulam formas de submeter a liderança a uma nova votação nos próximos meses - o que exigiria mudanças em regras partidárias.

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Johnson sobreviveu a uma moção de desconfiança impetrada por membros de seu próprio partido na segunda-feira, 6. Apesar da vitória, o resultado da votação é motivo de preocupação: 211 parlamentares de sua bancada votaram para ele permanecer no cargo, enquanto 148 votaram para ele deixá-lo. Em termos porcentuais, Johnson perdeu o apoio de 40% da bancada.

Sob as regras atuais do Partido Conservador, um premiê só pode enfrentar um voto de desconfiança por ano. Isso asseguraria a Boris Johnson um período de 12 meses para reconstruir os laços perdidos após as revelações sobre o escândalo do ‘Partygate’. No entanto, a regra pode ser revista pelo comitê partidário responsável por disputas de lideranças, a depender da vontade política no partido.

O primeiro-ministro Boris Johnson aprticipa de uma reunião de gabinete em Downing Street nesta terça-feira, 7. Foto: Leon Neal via AP

Mesmo após a votação, a tensão política entre os conservadores permanece acirrada. Antigos primeiros-ministros conservadores e um número crescente de legisladores conservadores temem que Johnson possa ter se tornado um um passivo eleitoral.

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“Isso não acabou”, ecoou Philip Dunne, um parlamentar conservador que votou contra Johnson na votação de segunda-feira.

O ex-líder conservador William Hague pediu a Johnson que renuncie, dizendo que o dano causado ao seu cargo de primeiro-ministro é grave. “Foram ditas palavras que não podem ser retiradas, relatórios publicados que não podem ser apagados e votos foram dados que mostram um nível de rejeição maior do que qualquer líder conservador jamais suportou e sobreviveu”, escreveu Hague em um artigo ao Times of London.

O Partido Conservador tem um histórico implacável com seus líderes que deixaram de ter apelo eleitoral - incluindo Margaret Thatcher - e Johnson, que chegou ao poder de modo triunfal em 2019 quando a enfraquecida Theresa May se viu forçada a renunciar apesar de ter superado um voto de desconfiança, sabe bem disso. A margem de vitória de Johnson na segunda foi mais estreita do que a que a de May em 2018, e ela foi forçada a renunciar seis meses depois.

Após a votação, Johnson prometeu “continuar com o trabalho” e se concentrar “no que importa para o povo britânico” – definido por ele como economia, saúde e crime. De acordo com o jornal britânico The Guardian, o premiê pretende apresentar ao Parlamento, ainda nesta semana, planos para anular partes do protocolo da Irlanda do Norte e fazer um discurso sobre habitação na quinta.

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“Agora somos capazes de traçar uma linha sob as questões sobre as quais nossos oponentes querem falar” e “levar o país adiante”, disse Johnson a colegas do gabinete.

Um momento decisivo para a polêmica deve ser a conferência anual do Partido Conservador, realizada tradicionalmente entre 2 e 5 de outubro. O evento, que é usado para anunciar novas políticas e angariar apoio de membros de base, pode se tornar um ponto focal para aqueles que temem que o partido não consiga vencer uma eleição geral, prevista para 2024, com Johnson no comando.

Analistas apontam que esse sentimento pode criar o impulso para outro desafio de liderança antes do evento, para que possa ser usado como plataforma para um eventual substituto./ AP e REUTERS

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