Rebeldes sírios avançam em direção a Homs e prometem derrubar governo de Bashar Assad

Líder da milícia rebelde Hayat Tahrir Al-Sham (HTS) afirmou que objetivo é derrubar o governo; cidade de Homs é considerada estratégia para chegar à capital Damasco

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Por Redação
Atualização:

Rebeldes sírios entraram em mais duas cidades no centro da Síria na manhã desta sexta-feira, 6, e seguem em direção a Homs, a terceira maior cidade do país, em mais um dia de avanço sobre o governo de Bashar Assad. O objetivo da ofensiva, liderada pela milícia Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), é derrubar o regime de Assad, afirmou o líder do grupo, Abu Mohammad Jolani, em entrevista ao canal CNN.

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A HTS, uma milícia jihadista que se originou como afiliada da Al-Qaeda, foi responsável pela captura nos últimos dias das cidades de Aleppo e Hama, a segunda e quarta maior cidade do país, respectivamente, e reacenderam a guerra civil da Síria. Nesta sexta, eles chegaram a Rastan e Talbiseh e pretendem seguir para Homs e a capital síria, Damasco. “Quando falamos sobre objetivos, o objetivo da revolução continua sendo a derrubada deste regime. É nosso direito usar todos os meios disponíveis para atingir esse objetivo”, disse Jolani à CNN.

Nas movimentações mais recente dos rebeldes, o governo sírio perdeu o controle da cidade de Dera, no sul do país, e da maior parte da província homônima, berço da insurreição de 2011, declarou uma ONG nesta sexta-feira.

“As facções locais assumiram o controle de mais áreas da província de Dera, incluindo a cidade de Dera (...) Agora controlam mais de 90% da província, enquanto as forças do regime se retiraram”, afirmou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), um monitor de guerra das forças de oposição a Assad e sediado no Reino Unido

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Segundo o observatório, a milícia está a cerca de 3 quilômetros de Homs. A cidade, que foi em parte controlada pelos rebeldes até 2014, é um importante ponto de intersecção entre Damasco e as províncias costeiras da Síria de Latakia e Tartus, onde Assad tem amplo apoio. A província de Homs é a maior da Síria em tamanho e faz fronteira com o Líbano, Iraque e Jordânia.

Imagem desta sexta-feira, 6, mostra rebeldes sírios inspecionando um avião da força militar síria próximo a cidade de Hama. Ofensivas rebeldes nas últimas semanas reacenderam guerra civil do país Foto: Omar Haj Kadour/AFP

“A batalha de Homs é a mãe de todas as batalhas e decidirá quem governará a Síria”, disse Rami Abdurrahman, chefe do Observatório.

A imprensa síria informou que a entrada em Rastan e Talbiseh não teve resistência das forças oficiais de Assad. O Exército não se pronunciou sobre a invasão, mas em outras cidades, como Hama, se retirou com a justificativa de evitar confrontos em áreas com civis. Os militares estão em conflito com as milícias rebeldes em outras áreas do país e contam com apoio da força aérea da Rússia.

Após a queda de Hama, militantes pró-rebeldes disseram que milhares de moradores de Homs leais a Assad foram vistos fugindo em direção a Damasco e à região costeira. O ministro da Defesa da Síria disse em uma declaração televisionada na quinta-feira que a retirada das forças do governo de Hama foi uma medida tática e prometeu recuperar áreas perdidas.

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Guerra Civil reacendida

Embora os avanços sobre as cidades sírias tenha sido liderado nos últimos dias pela milícia HTS, a guerra civil síria também conta com outras milícias de diferentes ideologias, unidas pelo objetivo de derrubar o regime de Assad. Os grupos estão espalhados pelas regiões do país e contam com diferentes apoios.

O HTS controla grande parte do noroeste da Síria e em 2017 criou um “governo de salvação” para administrar os serviços básicos da região. Nos últimos anos, o líder Abu Mohammed al-Jolani buscou refazer a imagem do grupo, cortando laços com a Al-Qaeda e prometendo abraçar o pluralismo e a tolerância religiosa. “A Síria merece um sistema de governo que seja institucional, não um onde um único governante tome decisões arbitrárias”, disse ele à CNN.

Imagem desta sexta-feira, 6, mostra fotografia do presidente sírio Bashar Assad com perfurações de bala Foto: Omar Haj Kadour/AFP

Outros grupos insurgentes incluem Noureddine el-Zinki, que anteriormente era apoiado pelos EUA, antes de se juntar à aliança liderada pelo HTS, e o Exército Nacional Sírio, apoiado pela Turquia.

No leste e ao norte, a área é controlada pelas Forças Democráticas Sírias, apoiada pelos EUA e lideradas pelos curdos. A milícia lutou em 2019 com apoio de tropas americanas para recuperar o território que estava sob domínio do Estado Islâmico e defende a criação de um Estado para os curdos nas áreas que hoje fazem parte da Síria e da Turquia, o que irrita o governo turco.

Até as novas ofensivas há uma semana, o regime de Bashar al-Assad dominava grande parte do centro, sul e da costa síria. O governo conta com o apoio do Irã, da Rússia e da milícia xiita libanesa Hezbollah, que ajudaram o Exército sírio a combater as milícias rebeldes. /Com AFP

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