Reeleito presidente de Cuba com 97,6% dos votos, Díaz-Canel afirma que país ‘continuará vencendo’

Presidente terá mandato de cinco anos e deve encontrar respostas para a forte crise econômica de Cuba

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Por Redação

HAVANA-O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, foi reeleito pelo Parlamento na quarta-feira, 19, para seu segundo e último mandato de cinco anos, em meio à maior crise econômica em três décadas na ilha comunista.

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Díaz-Canel, um engenheiro eletrônico de 62 anos colocado no poder pelo castrismo, irá liderar seu segundo governo em um contexto de escassez e descontentamento popular na ilha. Ao tomar posse, ele convocou seu gabinete a “enfrentar obstáculos e resolver deficiências”, a fim de “aumentar a oferta de bens e serviços e controlar a inflação” e apontou que o país “continuará vencendo”.

A reeleição do presidente ocorre após dois anos de uma escalada inflacionária de 39% em 2022 e 70% em 2021, números inéditos no país desde o triunfo da revolução, em 1959.

Miguel Diaz-Canel foi eleito para mais um mandato como presidente de Cuba  Foto: Ariana Cubillos / AP

Díaz-Canel governa Cuba desde 2018 e foi o primeiro civil a assumir o comando do país após os mandatos de Fidel e Raúl Castro. Ele recebeu 459 (97,66%) votos a favor dos 462 deputados presentes na sessão legislativa.

“Levando em conta os resultados anunciados, declaro eleito o deputado Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez presidente da República”, disse no plenário Esteban Lazo, presidente da Assembleia Nacional, na presença do líder da revolução, Raúl Castro. Vestindo seu tradicional uniforme verde-oliva, Castro parabenizou o presidente após o anúncio do resultado da votação.

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Presidente critica corrupção em Cuba

Na sessão parlamentar, também foi reeleito o vice-presidente da república, Salvador Valdés Mesa, 77 anos, que ocupa o cargo desde 2019.

Durante a votação, à qual apenas a imprensa estatal teve acesso e cujos trechos foram transmitidos pela TV nacional, Díaz-Canel confirmou quase todo o seu gabinete, com algumas exceções. Mais cedo, a Assembleia também reelegeu sua diretoria.

Os deputados votaram direta e secretamente em um único candidato a cada cargo.

Em seu discurso, Díaz-Canel criticou “o burocracismo, a indiferença ou a corrupção inaceitável” que freia o progresso do país “em meio a dificuldades profundas”. A partir de 2018, quando começava a crise atual, Díaz-Canel acelerou uma reforma econômica atrasada iniciada por seu mentor político Raúl Castro.

Apesar de reformas, Cuba enfrenta forte crise econômica

No começo de 2021, o presidente implementou uma reforma monetária que acabou com a taxa artificial de um dólar por peso cubano, que prevaleceu por décadas e provocava grandes distorções na economia nacional. Também promoveu o trabalho independente e autorizou as pequenas e médias empresas, mas estas medidas foram insuficientes para melhorar a economia.

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O analista político Arturo López-Levy destacou que o governo de Díaz-Canel “não realizou uma transição completa e abrangente para uma economia mista. Algumas mudanças econômicas não aconteceram, e outras, que aconteceram, deixaram muito ceticismo envolvendo a sua implementação.”

A reforma monetária provocou, adicionalmente, uma forte desvalorização da moeda cubana, que fez o custo de vida disparar. Cuba enfrenta hoje sua pior crise econômica em 30 anos, com escassez de alimentos, remédios e combustíveis, consequência, entre outros motivos, do endurecimento do embargo dos Estados Unidos, em vigor desde 1962, e dos efeitos da pandemia.

“O desafio que traçamos é o de vencer o bloqueio sem esperar que ele seja levantado”, disse Diaz-Canel, após acusar o governo Joe Biden de manter a política de asfixia de seu antecessor Donald Trump.

Para o opositor Manuel Cuesta, a “reeleição” estava “garantida” e acontece “em meio a uma dupla crise econômica: do modelo e das competências políticas do Estado para encaminhar soluções adequadas”.

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Uma das “poucas conquistas” que podem ser atribuídas a Díaz-Canel foi a de comandar “a transição para um regime liderado por uma nova geração nascida depois de 1959 que não tem o sobrenome Castro”, considera Jorge Duany, professor da Universidade Internacional da Flórida.

Ao mesmo tempo, Duany considera que o “maior fracasso foi a gestão ruim dos protestos” de julho de 2021, os maiores na ilha desde 1959, que deixaram um morto, dezenas de feridos e mais de 1.300 presos, segundo a organização de defesa dos direitos humanos Cubalex, com sede em em Miami.

Após os protestos, o país registrou um êxodo migratório sem precedentes: mais de 300 mil cubanos deixaram a ilha apenas em 2022.

Lavrov desembarca em Havana e deve se reunir com Diaz-Canel

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, chegou a Havana na noite de quarta-feira, onde se reunirá com o presidente Miguel Díaz-Canel, na última parada de sua viagem pela América Latina, informou a Chancelaria.

O chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, participa de cerimonia em Havana, Cuba Foto: Yamil Lage / AFP

Em nota, a agência indicou que Lavrov se reunirá com Díaz-Canel e com o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla.

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O chefe da diplomacia russa conclui assim uma viagem que começou na segunda-feira no Brasil e depois o levou à Venezuela e à Nicarágua./AFP

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