A soberania das ilhas Malvinas (Falklands para os ingleses) é indiscutível para o governo britânico, afirmou o secretário para a América Latina e Europa do ministério das Relações Exteriores britânico, Chrys Bryant, em entrevista à BBC Mundo.
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Arquivo Estado: Apoio à Argentina reflete tradição da diplomacia brasileira"Não temos nenhuma dúvida sobre essa soberania, Nós acreditamos na autodeterminação dos moradores da ilha para decidir seu futuro. Eles querem ser britânicos", disse Bryant. A questão da autodeterminação pautou a discussão sobre a soberania das ilhas em algumas ocasiões. Nesse sentido, o respaldo diplomático à posição da Argentina na Cúpula da América Latina e Caribe, realizada nos últimos dias em Cancún, no México, não "preocupa" a chancelaria britânica. "Não é a primeira vez que a América Latina e o Caribe apóiam a posição da Argentina. Quando Hugo Chávez diz que a Grã-Bretanha tem que devolver as ilhas à Argentina, me lembro que ele sempre fala em autodeterminação. Nós também acreditamos na autodeterminação dos moradores e do governo da ilha para decidir seu futuro", afirmou. Petróleo Um dado que surpreende não somente a Argentina, mas também a América Latina é que o fato de a Grã-Bretanha reivindicar um território distante 10 mil km. Mas, durante a entrevista à BBC Mundo, Bryant disse que não há contradição na reivindicação. "Eu sou galês. Não inglês, mas britânico. Muitos galeses vieram da Franca no século 11. Esse debate histórico não significa muito". Em termos diplomáticos, se compara com frequência a disputa entre Argentina e Grã-Bretanha com a Espanha e o rochedo de Gibraltar. Depois de séculos de disputa, a reclamação do governo espanhol sobre a soberania de Gibraltar segue em estaca zero. Mas a questão do petróleo complica ainda mais a situação da disputa entre os dois países sobre a soberania das Malvinas. Segundo os estudos preliminares, poderão haver cerca de 60 milhões de barris de petróleo - um grande atrativo comercial se considerado o preço do barril acima dos US$ 70. "O que é difícil é que não sabemos se há petróleo que se pode extrair, que tipo de petróleo será e se será comercializável. Em todo o caso, é algo que o governo das ilhas deverá decidir", afirmou Bryant. Numa tentativa de complicar a situação para o governo britânico e para as companhias petroleiras, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, emitiu um decreto que obriga todas as embarcações com destino às Malvinas a pedirem uma autorização do governo para navegar em águas argentinas. "Isso não me preocupa. Se existe alguma possibilidade de o petróleo ser comercializado, o governo das ilhas é que deverá decidir o que fazer", afirmou o secretário.
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