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Reino Unido envia navio de guerra à Guiana após tensões com a Venezuela sobre Essequibo

De acordo com a BBC, o navio deve participar de manobras militares após o Natal com outros aliados da Guiana, que foi uma colônia britânica até 1966

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Por Redação
Atualização:

LONDRES - O Reino Unido anunciou neste domingo, 24, o envio de um navio militar para a Guiana, uma ex-colônia que enfrenta renovadas reivindicações territoriais da Venezuela sobre o Essequibo, uma região rica em petróleo que representa dois terços de seu território.

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“O ‘HMS Trent’ irá este mês para a Guiana, nosso aliado regional e parceiro na Commonwealth, para uma série de compromissos na região”, informou o ministério da Defesa britânico em comunicado, sem fornecer mais detalhes.

De acordo com a BBC, o navio deve participar de manobras militares após o Natal com outros aliados da Guiana, que foi uma colônia britânica até 1966. A emissora britânica não especificou quais outros países colaborarão na missão. Londres já havia mostrado seu apoio à Guiana com a viagem no início da semana de David Rutley, chefe da diplomacia britânica nas Américas.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, e o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, se cumprimentam após uma reunião para diminuir as tensões sobre a reivindicação venezuelana de Essequibo, em São Vicente e Granadinas  Foto: Marcelo Garcia/AFP

O ‘HMS Trent’, que costuma operar no Mar Mediterrâneo, já havia se deslocado no início de dezembro para o Caribe para combater o tráfico de drogas.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, classificou o envio do navio militar como uma “provocação”. “Seguimos alertas a essas provocações que colocam em risco a paz e a estabilidade do Caribe e de nossa América!”, concluiu o chefe militar venezuelano na rede social X.

Histórico

Após declarar independência da Espanha, em 1811, a Venezuela avançou em direção ao rio. Acontece que, três anos depois, o Reino Unido assumiu o controle do que hoje é Guiana, em um acordo com a Holanda. A definição das fronteiras ficou em aberto e a coroa Britânica abocanhou o território em disputa.

Nas décadas seguintes, a Venezuela passou a disputar a fronteira e recorreu à ajuda dos Estados Unidos, algo que hoje seria impensável. A saída diplomática veio em 1899, quando foi convocado um tribunal composto por dois americanos (indicados pela Venezuela), dois britânicos e um russo para o desempate. Ficou decidido que o território pertencia a então Guiana inglesa.

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Cinco décadas mais tarde, a Venezuela voltou a contestar o território alegando que o juiz russo fez parte de um complô com os britânicos. A discussão se arrastou até 1966, quando um acordo firmado em Genebra, meses antes da independência da Guiana, abriu o caminho para uma solução negociada, mas nunca houve consenso.

Petróleo

As reservas de petróleo no território da Guiana são um fator chave para entender a disputa entre o único país de língua inglesa na América do Sul e a Venezuela. A descoberta de petróleo bruto no país em 2015 pela empresa americana do setor petrolífero ExxonMobil transformou a economia da Guiana. A ex-colônia britânica possui cerca de 11 bilhões de barris de reservas provadas de petróleo bruto, ou cerca de 0,6% do total mundial. A produção começou três anos atrás e agora está aumentando o ritmo.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país cresceu 62% no ano passado e deverá somar mais 37% este ano. Essa é a taxa de crescimento mais rápida em qualquer lugar do mundo.

A situação do país vizinho é bem diferente, com o sucateamento da empresa estatal venezuelana de petróleo PDVSA, devido a diversos casos de corrupção e mau gerenciamento. A capacidade de produção de petróleo da Venezuela caiu de 3.4 milhões de barris para apenas 700,000 por dia.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, vota no plebiscito venezuelano para uma possível anexação da região de Essequibo, que pertence a Guiana, ao território da Venezuela  Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters

Resolução

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O encontro entre o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, em São Vicente e Granadinas no dia 15 de dezembro contribuiu para que os países reduzissem as tensões. A próxima reunião está agendada para ocorrer no Brasil em um prazo de até três meses.

Georgetown e Caracas se comprometeram a “não utilizar a força em nenhuma circunstancia”, mesmo que ainda exista uma divergência sobre a região de Essequibo. Também “concordaram que qualquer controvérsia entre os dois Estados será resolvida de acordo com o direito internacional, incluindo o Acordo de Genebra”, acrescentou o documento./com AFP

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