WASHINGTON - Em clara advertência à China, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se comprometeu em defender as Filipinas no caso de ataque no Mar do Sul da China. O americano deu o recado ao lado do filipino Ferdinand Marcos e do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, em reunião conjunta inédita na Casa Branca.
Nos últimos meses, navios da guarda costeira chinesa têm colidido com embarcações filipinas, acertando-as com canhões de água e mirando lasers em suas tripulações, em táticas que os Estados Unidos condenam como “coercitivas e ilegais” em uma das vias navegáveis mais cruciais do mundo.
Até agora, as provocações chinesas, reivindicando disputas sobre as águas internacionais, não chegaram aos tipos de ataques que desencadeariam o pacto de defesa militar assinado pelos EUA e pelas Filipinas em 1951. Mas funcionários da administração Biden disseram que a ideia da reunião era mostrar à China uma união militar e diplomática ainda mais forte entre os três aliados.
“O compromisso dos EUA com a segurança do Japão e das Filipinas é inabalável”, disse Joe Biden. E estabeleceu como meta uma Ásia-Pacífico “livre, aberta, próspera e segura”, uma expressão usada por Washington para combater o que considera os planos perigosos e agressivos da China na região.
O presidente das Filipinas, por sua vez, definiu a reunião como “histórica”. “Nos dá a oportunidade de definir o futuro que queremos e os meios para alcançá-lo juntos”, disse em breve declaração para jornalistas.
Na semana passada, os três países e a Austrália realizaram exercícios navais conjuntos no Mar do Sul da China e autoridades disseram que haverá exercícios semelhantes nos próximos meses, à medida que as nações continuam a afirmar a liberdade de navegação em águas internacionais que a China reivindica como suas. Eles chamaram a reunião de hoje na Casa Branca de uma demonstração de apoio de Biden e de Kishida às Filipinas em seus confrontos com a China.
A China afirmou maior controle sobre o Mar do Sul da China ao longo dos anos, tentando expandir sua presença militar na região.
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A reunião dos três líderes ocorre um dia depois que o Biden recebeu o Kishida na Casa Branca para reuniões e um jantar de Estado. Os dois homens discutiram a agressão militar e econômica da China, mas também anunciaram uma série de novas iniciativas para fomentar mais cooperação na economia, exploração espacial, tecnologia e pesquisa.
Pequim já reagiu fortemente ao anúncio de quarta-feira sobre o aumento da cooperação militar entre os EUA e o Japão.
“Os Estados Unidos e o Japão, desafiando as sérias preocupações da China, difamaram e atacaram a China em relação a Taiwan e às questões marítimas”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, em uma coletiva de imprensa.
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