Autoridades brasileiras estão preocupadas com a possibilidade de o País ter se tornado um polo de infiltração de espiões russos no Ocidente após a descoberta de três supostos agentes de Moscou com documentos e nomes brasileiros, destaca reportagem do The Wall Street Journal publicada neste domingo, 2.
Segundo a publicação, a descoberta dos três supostos agentes da Rússia com identidades brasileiras falsas acendeu o sinal de alerta e desencadeou uma investigação para descobrir se Moscou realmente está utilizando o País como uma incubadora de espiões.
A reportagem cita o caso de um pesquisador universitário preso no extremo norte da Noruega com um documento brasileiro de nome José Assis Giammaria, que foi rastreado até Padre Bernardo, no interior de Goiás. As autoridades da Noruega afirmam que o homem é Mikhail Mikushin, um russo que já havia trabalhado por anos em universidades do Canadá utilizando o mesmo documento do Brasil.
Um outro russo, identificado como Sergei Cherkasov, está preso no Brasil após tentar se infiltrar no Tribunal Penal Internacional (TPI) utilizando uma identidade brasileira de nome Victor Muller Ferreira. Ele está detido pelo uso de documentos falsos e está sendo investigado por suposta espionagem. Tanto Estados Unidos quanto Rússia estão tentando extraditar Cherkasov. Os americanos, acusando-o de entrar ilegalmente no país e atuar como espião enquanto participava de um curso de pós-graduação em Washington, e os russos alegando que ele é um traficante de drogas.
A reportagem do WSJ também cita o caso de Gerhard Daniel Campos Wittich, que era dono de uma empresa de impressão 3D no Rio de Janeiro. Ele desapareceu abruptamente durante uma viagem ao exterior no final do ano passado e foi encontrado por autoridades gregas em março. Na Grécia, investigadores concluíram que se tratava de um homem russo de sobrenome Shmyrev.
A embaixada russa em Brasília e as autoridades brasileiras não quiseram comentar sobre o assunto, diz a reportagem.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.