Robert F. Kennedy Jr. suspende campanha à presidência dos EUA e apoia Donald Trump

Herdeiro de dinastia democrata, candidato independente irritou os irmãos ao endossar o republicano

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Por Redação
Atualização:

O candidato independente à presidência dos Estados Unidos Robert F. Kennedy Jr. suspendeu a campanha e apoiou Donald Trump. Em discurso nesta sexta-feira, 23, ele anunciou que vai retirar o nome das cédulas em dez Estados decisivos por acreditar que a sua presença poderia favorecer Kamala Harris.

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Durante a campanha em Las Vegas, o republicano reagiu ao apoio: “Isso é grande”.

Herdeiro de uma dinastia democrata na política americana, ele acusou o partido de “abandonar a democracia”, aprofundando o afastamento de parte da família. Cinco irmãos de Kennedy disseram em nota divulgada nas redes sociais que o apoio a Trump “é uma traição aos valores que nosso pai (Bobby Kennedy) e nossa família mais prezam”.

Kennedy disse que não pode pedir às pessoas que mantenham o apoio quando ele não tem um “caminho real para a Casa Branca”. A decisão foi antecipada na petição que pedia a retirada do candidato independente nas cédulas da Pensilvânia, citando o apoio a Donald Trump.

Candidato independente à presidência dos EUA Robert F. Kennedy Jr. suspende campanha e apoia Donald Trump.  Foto: Darryl Webb/Associated Press

O porta-voz da campanha chegou a negar o endosso ao republicano antes da confirmação pelo próprio Kennedy. “Em cerca de 10 estados decisivos onde minha presença seria um fator de divisão, vou retirar meu nome, e já comecei esse processo e peço aos eleitores que não votem em mim”, disse em Phoenix, no Arizona.

Em conversas privadas com a campanha republicana, Kennedy chegou a discutir o papel que poderia ter em eventual governo Donald Trump, em caso de vitória nas eleições de novembro. Publicamente, ele disse que tomou a decisão de “cortar o coração” atraído pelas posições de Trump sobre liberdade de expressão e guerra na Ucrânia.

Campanha

Kennedy fez uma campanha que combinava retórica econômica populista, tendências de política externa isolacionista e ceticismo em relação ao governo. Ele encontrou uma base de apoio tanto entre eleitores independentes quanto entre democratas e republicanos desiludidos, mas foi caindo nas pesquisas à medida que as eleições se aproximam.

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Ele começou sua campanha presidencial no ano passado como democrata, buscando desafiar o presidente Joe Biden pela indicação do partido. Embora costume reivindicar para si o legado do pai Robert F. Kennedy e do tio, o ex-presidente John F. Kennedy, boa parte da família criticou a decisão e apoiou Biden.

Quando encontrou seu caminho bloqueado — algo que ele atribuiu ao Partido Democrata —, Kennedy embarcou na campanha independente que inquietou democratas e republicanos, preocupados com a divisão dos votos.

Nos últimos meses, a campanha de Kennedy concentrou-se quase exclusivamente em participar da disputa: como candidato independente à presidência, ele teve que entrar nas cédulas de votação de cada Estado separadamente, o que exigia centenas de milhares de assinaturas e dezenas de milhões de dólares. O esforço foi financiado em grande parte pela companheira de chapa Nicole Shanahan, rica investidora do Vale do Silício, que colocou US$ 14 milhões na campanha.

À medida em que começou a entrar nas votações estaduais, no entanto, caía nas pesquisas — tendência que é frequentemente observada entre candidatos de terceiros partidos e independentes quando as eleições se aproximam. A intenção de voto em Kennedy, que chegou aos dois dígitos, estava em torno dos 5% em agosto. Além disso, os registros financeiros mostram que a campanha começou a ficar sem dinheiro.

Advogado ambiental, Kennedy tornou-se mais conhecido nas últimas duas décadas como crítico da obrigatoriedade de vacinas, promovendo alegações amplamente refutadas de que os imunizantes infantis causariam autismo e criticando o que ele chamou de “captura corporativa” do governo federal pelas empresas farmacêuticas.

Na campanha, ele se opôs à ajuda dos EUA à Ucrânia, apoiou a guerra de Israel em Gaza e defendeu o fechamento da fronteira com o México. Quanto ao aborto, Kennedy mudou de posição várias vezes, eventualmente defendendo restrições ligadas à viabilidade fetal.

O candidato republicano a presidência, Donald Trump, cumprimenta o candidato independente a Casa Branca, Roberto F. Kennedy Jr, em um comício de campanha em Glendale, Arizona  Foto: Evan Vucci/AP

Comício

Após anunciar formalmente o apoio a campanha de Trump, Kennedy se juntou ao ex-presidente em um comício em Glendale, Arizona. O ex-candidato foi recebido por aplausos estrondosos ao subir ao palco depois de ser apresentado por Trump como “um homem que tem sido um defensor incrível de tantos desses valores que todos compartilhamos”.

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“Ambos estamos nisto para fazer o que é certo para o país”, disse Trump, elogiando mais tarde Kennedy por ter “levantado questões críticas que foram ignoradas durante muito tempo neste país”.

O ex-presidente americano afirmou que se vencer em novembro, estabelecerá uma nova comissão presidencial independente sobre tentativas de assassinato que divulgará todos os documentos restantes relacionados ao assassinato do então presidente americano John F. Kennedy.

O ex-candidato independente Robert F. Kennedy Jr acena para apoiadores durante um comício do ex-presidente americano Donald Trump, em Glendale, Arizona  Foto: Rebecca Noble/AFP

Trump também prometeu criar um painel para investigar o aumento das condições crónicas de saúde e doenças infantis, incluindo doenças autoimunes, autismo, obesidade e infertilidade.

Kennedy reconheceu que sua decisão de apoiar Trump causou tensão em sua família. Ele é casado com a atriz Cheryl Hines, que emitiu um comunicado na plataforma X afirmando que respeita profundamente a decisão do marido de desistir, mas não abordou o apoio a Trump.

“Esta decisão é angustiante para mim por causa das dificuldades que causa à minha esposa, aos meus filhos e aos meus amigos”, disse Kennedy. “Mas tenho a certeza de que é isso que devo fazer. E essa certeza me dá paz interior.”/Com NY Times, W. Post e AP

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