Ruanda diz que vai libertar Paul Rusesabagina, inspiração para o filme ‘Hotel Ruanda’

O ativista de direitos humanos, cuja história durante o genocídio de 1994 inspirou o filme indicado ao Oscar, foi condenado a 25 de prisão por terrorismo depois de ter sido levado a Kigali enganado

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Por Redação

KIGALI, RUANDA - As autoridades de Ruanda libertarão o ativista de direitos humanos Paul Rusesabagina, ex-gerente de hotel cuja vida inspirou o filme de Hollywood “Hotel Ruanda” sobre o genocídio de 1994, disse uma porta-voz do governo ruandês nesta sexta-feira, 24. Ele foi condenado a 25 anos de prisão por acusações de terrorismo em 2021, depois que as autoridades o enganaram para embarcá-lo em um avião que o levou secretamente a Kigali, capital de Ruanda.

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A porta-voz Yolande Makolo disse que Rusesabagina seria libertado no sábado, e seu co-acusado, Callixte Nsabimana, e os outros 18 condenados no mesmo caso tiveram suas sentenças comutadas após pedidos de clemência. “Foram cometidos crimes graves, pelos quais foram condenados. De acordo com a lei de Ruanda, a comutação da sentença não extingue a condenação subjacente”, disse ela.

O caso de Rusesabagina destacou a crescente oposição ao presidente ruandês Paul Kagame, que já foi elogiado por acabar com o genocídio de Ruanda e por seu foco no desenvolvimento da pequena nação da África Oriental, mas é cada vez mais criticado por seu regime autoritário, o sequestro de Rusesabagina e as acusações de apoio a rebeldes na vizinha República Democrática do Congo - algo que o governo nega.

Paul Rusesabagina, retratado como um herói em um filme de Hollywood sobre o genocídio de 1994 em Ruanda, é escoltado algemado até um tribunal, em Kigali, em 20 de outubro de 2020 Foto: Clement Uwiringiyimana/Reuters

O ator de Hollywood Dom Cheadle interpretou Rusesabagina no filme de sucesso “Hotel Ruanda”, que foi inspirado por suas experiências como gerente de hotel protegendo hóspedes tutsis de esquadrões da morte hutus. Na época do genocídio, ele abrigou mais de 1.200 pessoas no hotel.

Cidadão belga e residente permanente nos Estados Unidos, Rusesabagina recebeu em 2005 a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria que um civil pode receber nos Estados Unidos.

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Rusesabagina e Kagame já foram cordiais, mas ao longo dos anos o ativista se tornou um crítico vocal de Kagame, dizendo que ele estava sufocando a oposição política. O presidente reagiu acusando Rusesabagina de exagerar seu papel durante o genocídio.

Em 2020, Ruanda atraiu Rusesabagina para uma aeronave que ele pensava que iria para o Burundi, mas pousou em Kigali. Lá, ele foi preso e enfrentou uma série de acusações relacionadas à fundação e apoio a um grupo de oposição, a Frente de Libertação Nacional, acusado de ataques que mataram civis.

Em 2005, Rusesabagina foi condecorado pelo então presidente americano George W. Bush  Foto: Mandel Ngan/AFP

Durante seu julgamento, o juiz apontou para um vídeo de 2018 no qual Rusesabagina diz que “chegou a hora de usarmos todos os meios possíveis para provocar mudanças em Ruanda, pois todos os meios políticos foram tentados e fracassados”, como prova de sua culpa.

A condenação gerou uma tempestade de críticas globais, com mais de três dúzias de senadores americanos instando Kagame a libertar Rusesabagina por motivos humanitários e uma campanha de alto nível para sua libertação envolvendo celebridades, líderes políticos e organizações de direitos humanos./W.POST

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