PUBLICIDADE

Rússia anuncia controle total de Avdiivka horas depois de Ucrânia retirar as tropas

Kremlin descreveu tomada da cidade como ‘vitória importante’, enquanto Zelenski declarou que a retirada das tropas foi ‘uma decisão correta’ e enfatizou a prioridade de salvar os soldados

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

Menos de 24 horas após a Ucrânia anunciar a retirada de suas tropas de Avdiivka, uma cidade no leste do país que foi foco de intenso combate durante meses, a Rússia disse neste sábado, 17, que assumiu controle total da cidade.

O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse ao Kremlin que as forças russas estavam trabalhando para eliminar os últimos bolsões de resistência na fábrica de coque e produtos químicos. Vídeos nas redes sociais no sábado pareciam mostrar soldados hasteando a bandeira russa sobre um dos prédios da fábrica.

PUBLICIDADE

O presidente russo, Vladimir Putin, enviou uma mensagem pessoal de parabéns às suas tropas na cidade, informou a agência de notícias estatal Tass. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, descreveu a captura de Avdiivka como uma “vitória importante”.

Intensamente fortificada com uma rede de túneis e construções de concreto, Avdiivka fica nos subúrbios ao norte de Donetsk, uma cidade em uma região de mesmo nome que as forças russas ocupam parcialmente. A captura de Avdiivka poderia ser um impulso oportuno para Moscou e servir como um possível trampolim para a Rússia se aprofundar na região.

Menos de mil pessoas permanecem na cidade, segundo o governador regional de Donetsk, Vadym Filashkin. A cidade, com uma população pré-guerra de cerca de 31 mil habitantes, é hoje uma casca bombardeada do que já foi.

Falta munição para Ucrânia

A retirada das tropas ucranianas foi o primeiro grande teste para o coronel-general Oleksandr Syrskyi, desde a sua nomeação este mês como novo chefe do Exército da Ucrânia. Em um comunicado no Facebook, o coronel-general Oleksandr Syrskyi disse que as tropas ucranianas estavam avançando para “linhas mais favoráveis”.

Também neste sábado, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, alertou os aliados que um déficit de armas para seu país corre o risco de dar espaço para a Rússia respirar, destacando a necessidade de artilharia e armas de longo alcance.

Publicidade

Zelenski falou na Conferência de Segurança de Munique, uma reunião anual de autoridades de segurança e política externa. A Ucrânia está de volta à defensiva contra a Rússia na guerra de quase dois anos, prejudicada pelo baixo fornecimento de munições e pela escassez de pessoal.

Vista mostra edifícios residenciais fortemente danificados por ataques militares russos permanentes na cidade de Avdiivka, na linha de frente, em meio ao ataque da Rússia à Ucrânia, na região em novembro. Foto: Radio Free Europe/Radio Liberty/Serhii Nuzhnenko via REUTERS /Arquivo Foto

“Os ucranianos provaram que podemos forçar a Rússia a recuar”, disse ele. “Podemos recuperar as nossas terras e (o presidente russo Vladimir) Putin pode perder, e isso já aconteceu mais de uma vez no campo de batalha.”

“Nossas ações são limitadas apenas por... nossa força”, acrescentou, apontando para a situação em Avdiivka. O comandante ucraniano, coronel-general Oleksandr Syrskyi, disse na manhã deste sábado que estava retirando as tropas da cidade, onde os defensores ucranianos em menor número lutaram contra um ataque russo durante quatro meses, para evitar o cerco e salvar a vida dos soldados.

“Queridos amigos, infelizmente manter a Ucrânia num déficit artificial de armas, particularmente num déficit de artilharia e capacidades de longo alcance, permite a Putin adaptar-se à atual intensidade da guerra”, disse Zelenski. “O enfraquecimento da democracia ao longo do tempo prejudica os nossos resultados conjuntos.”

PUBLICIDADE

O presidente disse que a retirada das tropas foi “uma decisão correta” e enfatizou a prioridade de salvar os soldados. Ele sugeriu ainda que a Rússia está esgotando o exército deles. “Estamos apenas à espera de armas que nos faltam”, acrescentou, apontando para a falta de armas de longo alcance. “É por isso que a nossa arma hoje são os nossos soldados, o nosso povo.”

Falando ao lado de autoridades europeias e outras autoridades no sábado, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que “todos nós precisamos de muito, muito mais munição de artilharia” e enfatizou que a produção deve ser aumentada. Ele disse que “os drones se tornaram uma parte real do jogo; resolverão alguns problemas, mas não substituirão a munição da artilharia.”/AP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.