Crise na Ucrânia: EUA e Rússia ordenam retirada de funcionários de suas embaixadas em Kiev

Embaixada brasileira recomenda que seus cidadãos fiquem alertas; as ordens ocorrem um dia depois de o governo americano afirmar que a Rússia pode invadir a Ucrânia nos próximos dias

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Por Redação

WASHINGTON - Os Estados Unidos ordenaram neste sábado, 12, a retirada de seus funcionários não essenciais de sua embaixada em Kiev. A Rússia confirmou que vai reduzir sua própria equipe diplomática na Ucrânia. A embaixada do Brasil na capital ucraniana recomendou que os cidadãos brasileiros fiquem em alerta, mas não sugere a retirada.

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Uma mobilização de diversos países para a retirada de funcionários diplomáticos e estrangeiros da Ucrânia começou na noite de sexta-feira, 11, após autoridades do governo americano afirmarem que uma invasão russa deve ocorrer a qualquer momento. Neste sábado, 12, a embaixada americana em Kiev comunicou a decisão sobre a retirada de pessoal de suas representações diplomáticas.

"Hoje, o Departamento de Estado ordenou que funcionários não essenciais dos EUA na embaixada saíssem devido a relatos contínuos de um aumento militar russo na fronteira com a Ucrânia, indicando potencial para uma ação militar significativa", disse um comunicado no Twitter.

Um pequeno número de funcionários pode permanecer em Kiev, mas a grande maioria dos quase 200 americanos na embaixada será enviada ou realocada para o extremo oeste da Ucrânia, perto da fronteira polonesa, para que os EUA possam manter uma presença diplomática no país. O Departamento de Estado não quis comentar o assunto.

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Militares ucranianos participam de exercícios militares perto da cidade de Chuguev, região de Kharkiv, na Ucrânia. Foto: Sergey Bobok / AFP 

Mais cedo, a porta-voz da diplomacia russa já havia comunicado a redução de pessoal em sua embaixada em Kiev. "Temendo possíveis provocações do regime de Kiev ou de países terceiros, decidimos, de fato, por fazer uma certa otimização do pessoal das representações russas na Ucrânia", disse Maria Zakharova, respondendo a uma pergunta de jornalistas sobre a redução de sua presença no país vizinho. 

Zakharova disse que a medida foi uma resposta à crescente lista de outros governos decidindo retirar seu corpo diplomático e instando seus cidadãos a sair. “Concluímos que nossos colegas americanos e britânicos aparentemente sabem sobre algumas ações militares sendo preparadas na Ucrânia”, disse ela, segundo comunicado do ministério.

A Alemanha também anunciou a redução de pessoal em sua embaixada na capital ucraniana. Pelo Twitter do governo alemão, a ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, informou que a embaixada ficará aberta, mas com redução de sua equipe diplomática. 

"Decidi reforçar ainda mais as medidas de prevenção de crises que já foram tomadas", disse Baerbock. "Nosso consulado-geral em Donetsk, com sede em Dnipro desde 2014, está sendo transferido temporariamente para Lviv". O escritório também emitiu um alerta de viagem para a Ucrânia e pediu aos cidadãos alemães que considerassem deixar o país.

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Brasileiros em alerta

Na última sexta-feira, a embaixada brasileira em Kiev recomendou que seus cidadãos mantenham-se em alerta, mas reiterou que não há recomendação de que os brasileiros devem deixar a Ucrânia. "A Embaixada do Brasil em Kiev informa que continua a acompanhar a situação na Ucrânia, em permanente contato com o Itamaraty em Brasília e em próxima coordenação com as autoridades ucranianas e com a comunidade diplomática local, composta de representações de 80 países, além de diversas organizações internacionais", disse em nota.

"A Embaixada reitera que os cidadãos brasileiros devem manter-se alertas e sempre atualizados por meio de fontes locais e internacionais confiáveis. Ao mesmo tempo, não há recomendação de segurança contrária à permanência na Ucrânia", completa. Alertas e recomendações à comunidade brasileira na Ucrânia serão transmitidos via redes sociais e o site oficial da embaixada, caso seja necessário, informa.

O Departamento de Estados dos EUA já havia ordenado que famílias de funcionários da embaixada dos EUA em Kiev saíssem. Mas deixara a critério do pessoal não essencial se quisessem partir. As autoridades, que falaram sob condição de anonimato à agência Associated Press, disseram que um pequeno número de diplomatas dos EUA pode ser realocado para o extremo oeste da Ucrânia, perto da fronteira com a Polônia, um aliado da Otan, para que os EUA possam manter presença diplomática no país.

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Um ministro da Defesa britânico júnior disse também neste sábado que os treinadores militares do Reino Unido na Ucrânia partiriam no fim de semana. “Não haverá tropas britânicas na Ucrânia se houver algum conflito com a Rússia”, disse James Heappey à Sky News.

Escalada nas tensões

As tensões entre Rússia e a Otan naa Ucrânia vêm crescendo desde novembro devido ao aumento da atividade militar russa na região. O Kremlin concentrou cerca de 130.000 soldados fortemente armados ao redor da Ucrânia, da qual anexou a Crimeia em 2014. Moscou também está realizando exercícios navais perto da costa sul da Ucrânia continental, bem como uma grande operação de treinamento em Belarús - a pouca distância de Kiev – que os analistas alertam que pode ser um precursor de uma invasão. 

Na sexta-feira, 11, o governo americano afirmou que a  Rússia pode invadir a Ucrânia nos próximos dias. Segundo o assessor de segurança nacional do presidente Joe Biden, Jake Sullivan, uma invasão pode ocorrer na semana que vem ou até mesmo no fim de semana. Sullivan disse ainda que não há informações se o presidente Vladimir Putin já tomou a decisão, mas a inteligência americana trabalha com um cenário de uma ocupação rápida da capital, Kiev. 

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Em conversa por telefone, o presidente americano, Joe Biden, voltou a advertir o presidente russo, Vladimir Putin, que os Estados Unidos e seus aliados vão impor "custos severos" à Rússia em caso de invasão à Ucrânia. Esta é a segunda vez que os dois líderes se reúnem para discutir a situação no Leste.

Antes, Putin conversou com o presidente francês Emmanuel Macron. Em comunicado após a ligação de 90 minutos, a França afirmou que o presidente russo não disse nada que indicasse a intenção de invadir a Ucrânia. O francês foi à Rússia no início da semana como parte de um esforço diplomático para aliviar as tensões, mas não houve avanço nas conversas.

"Nós não vimos nenhum indicativo no que o presidente Putin disse de que ele vá iniciar uma ofensiva", disseram autoridades francesas após o término da chamada. "No entanto, estamos extremamente vigilantes e em alerta sobre a postura [militar] russa para evitar o pior", acrescentou.

Biden também realizou uma videochamada na sexta-feira com os líderes dos aliados ocidentais, incluindo o chanceler alemão Olaf Scholz , o primeiro-ministro britânico Boris Johnson e Macron.

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As autoridades disseram estar comprometidas com a diplomacia, mas alertaram para “consequências enormes e custos econômicos graves” que seriam impostos à Rússia em caso de ataque, de acordo com uma leitura da Casa Branca.

A Rússia nega que planeja atacar a Ucrânia, uma ex-república soviética cada vez mais pró-ocidente que Putin considera parte de sua esfera de influência. “A histeria da Casa Branca é mais reveladora do que nunca. Eles precisam de uma guerra. A qualquer preço”, escreveu Zakharova no Telegram.

O presidente ucraniano Volodmir Zelenski se reuniu na sexta-feira com seu Conselho de Segurança e Defesa Nacional para revisar a prontidão militar e diplomática. Seu governo, que tentou conter as previsões de um ataque iminente, procurou tranquilizar os cidadãos de que a Ucrânia “permanece estável e pronta para vários cenários de eventos”, segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

“No momento, é extremamente importante manter a calma, consolidar dentro do país e evitar ações que prejudiquem a estabilidade e semeem pânico”, disse o ministério. /AFP, AP e W.POST

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