Pelo menos 35 pessoas morreram e 134 ficaram feridas em um ataque aéreo da Rússia contra uma base militar ucraniana em Yavoriv, na região de Lviv, neste domingo, 13. A base fica a 25 quilômetros da fronteira com a Polônia.
O ataque, tão próximo a um país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aumentou as tensões no Ocidente, dois dias depois de o presidente americano, Joe Biden, afirmar que a Otan defenderá cada centímetro de seu território se a invasão russa se espalhar para os estados membros da aliança. Segundo Biden, o conflito pode escalar para uma 3ª Guerra Mundial se isso acontecer.
As informações sobre o ataque foram dadas em um comunicado do governador regional, Maksym Kozytskyy, que afirmou que, no total, mais de 30 projéteis teriam sido disparados pelas forças russas. Apesar de o exército ucraniano interceptar parte deles, oito ainda teriam atingido a base.
A instalação, conhecida como Centro Internacional para Manutenção da Paz e Segurança, é a maior base militar da parte ocidental da Ucrânia e, tradicionalmente, servia para exercícios conjuntos com países da Otan. No entanto, segundo oficial do bloco, não havia pessoal da Otan presente durante o ataque: “Não há qualquer pessoal da Otan na Ucrânia”, declarou.
Ainda assim, o Reino Unido afirmou que o incidente marcou uma “escalada significativa” do conflito e o conselheiro nacional de segurança da Casa Branca, Jake Sullivan, disse, em entrevista para a CBS, que qualquer ataque em território da Otan acionará uma retaliação completa por parte da aliança.
Já o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, afirmou que o ataque aéreo destruiu um grande número de armas fornecidas por nações estrangeiras que estavam sendo armazenadas nas instalações, e que matou “até 180 mercenários estrangeiros”.
O prefeito de outra cidade no oeste da Ucrânia, Ivano-Frankivsk, disse que as tropas russas também continuaram a atacar seu aeroporto neste domingo. De acordo com relatórios preliminares, não houve vítimas.
Impactos econômicos
EUA prometem US$ 200 milhões para Ucrânia, mas Rússia diz que comboios de armas são ‘alvos legítimos’
A tensão entre Rússia e Otan já estava alta mesmo antes do ataque à base de Yavoriv. No sábado, 12, o presidente dos EUA, Joe Biden, autorizou o envio de mais US$ 200 milhões em armas e treinamento militar para a Ucrânia. Esse valor será somado a outros envios já feitos por países da aliança para reforçar as defesas ucranianas. O Kremlin, contudo, considera que esse envio de armas é “um ato perigoso” que pode ser respondido militarmente.
“Nós alertamos os Estados Unidos que a entrega de armas que eles estão orquestrando de uma série de países não é apenas um ato perigoso, mas também transforma esses comboios em alvos legítimos”, alertou o vice-primeiro-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, deixando claro que os comboios da Otan podem ser atacados por tropas russas.
Biden, por sua vez, disse, em discurso na sexta-feira, 11, que o conflito deve ser evitado e que a Otan não entrará diretamente na guerra da Ucrânia, a não ser que ocorra ataque aos países da aliança. “Um confronto direto entre a Otan e a Rússia é a Terceira Guerra Mundial. É algo que devemos nos esforçar para evitar”, declarou. / REUTERS
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