MOSCOU - Pelo terceiro dia consecutivo, a Rússia bateu recordes de mortes e contágios diários por covid-19, em um novo pico da pandemia que tem causado preocupação no Kremlin. De acordo com dados oficiais do governo russo deste sábado, 23, foram notificados 1.075 óbitos e 37.678 novos casos da doença nas últimas 24 horas.
Desde junho, o país enfrenta uma nova onda da pandemia, provocada pelo surgimento de variantes mais agressivas, a falta de respeito ao uso de máscaras e a uma lenta campanha de vacinação, que até o momento imunizou apenas cerca de 33% da população, apesar da vacina russa, Sputnik V, estar disponível desde dezembro de 2020.
O balanço oficial de mortes no país desde o início da pandemia registra 229.528 vítimas fatais, o que faz da Rússia a nação mais afetada da Europa. A situação pode ser ainda pior, considerando que os dados são considerados subnotificados - a agência de estatísticas Rosstat afirma que o país havia registrado mais de 400 mil mortes por covid-19 até o fim de agosto.
Diante do cenário sombrio, as autoridades demoraram a reagir e impor medidas restritivas pelo temor de prejudicar uma economia já fragilizada. Na quarta-feira, 21, o presidente russo Vladimir Putin decretou um feriado de sete dias para conter o avanço da quarta onda da pandemia, em um momento em que os países do Leste Europeu registram as mais baixas taxas de imunização do bloco europeu devido à relutância generalizada de sua população em se vacinar.
Segundo Putin, o período de 30 de outubro a 7 de novembro será de "dias não úteis", mas remunerados, e as regiões do país têm autonomia para estender o fechamento dos espaços de trabalho por mais tempo em resposta às condições locais.
A prefeitura de Moscou, principal foco epidêmico do país, determinou o fechamento de todas as empresas e estabelecimentos comerciais não essenciais durante 11 dias a partir de 28 de outubro, enquanto várias regiões decidiram adotar passaportes sanitários.
Críticos acusam Putin de não adotar medidas para combater a pandemia, enquanto o Kremlin alega que os europeus viajam em grande número à Rússia para receber a vacina Sputnik V, em vez de receber os fármacos aprovados pela União Europeia./ AFP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.