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Rússia bombardeia porto do Danúbio e intensifica ataques à agricultura da Ucrânia

Rio fica perto da fronteira com a Romênia, membro da Otan, e virou rota alternativa para exportação de grãos com a invasão russa na Ucrânia

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Por Redação
Atualização:

RENI, Ucrânia - Na cidade de Reni, o rio Denúbio fica na região de fronteira: de um lado está o oblast de Odessa na Ucrânia. Do outro, a Romênia, membro da Otan. As explosões no porto são o mais perto que a Rússia chegou de atingir um país da aliança, arriscando um conflito direto, e marcam uma escalada dos ataques ao setor agrícola ucraniano.

A rota era raramente usada para exportações de alimentos até o ano passado, mas isso mudou com a guerra e o rio se tornou vital para o escoamento da Ucrânia, um dos maiores produtores de grãos do mundo.

Na tarde desta segunda-feira, 24, depois do ataque que atingiu o porto do Danúbio, o preço global do trigo voltou a subir em mais de 6%.

Infraestrutura no porto do Danúbio é danificada por ataques russos, Odessa, Ucrânia, 24 de julho de 2023. Foto: EFE/ EPA/ OPERATIONAL COMMAND 'SOUTH'

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A Rússia passou a atingir a infraestrutura agrícola da Ucrânia depois que abandonou o acordo de grãos e fechou o corredor do Mar Negro, na semana passada.

O alvo inicial dos ataques foi a importante cidade portuária de Odessa, centro administrativo do oblast de mesmo nome. Lá os bombardeios tem sido intensos e chegaram a atingir uma catedral, além dos danos causados à infraestrutura portuária crítica, que não tem mais a proteção do acordo.

A negociação, costurada pela ONU e pela Turquia, não inclua os portos menores do Danúbio, mas a infraestrutura no entorno do rio podia ser usada para enviar remessas que seguiam para o Mar Negro. Por isso, a rota ganhou tanta importância.

O acordo tinha o objetivo de evitar uma crise no fornecimento de alimentos, em especial nos países mais pobres e foi considerado a grande vitória da diplomacia durante a guerra. O corredor aberto no Mar Negro permitiu que mais de 30 milhões de toneladas de grãos deixassem a Ucrânia. Com isso, o preço global dos alimentos caiu em 20%, segundo as Nações Unidas.

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Com a suspensão do acordo, a ONU acusou a Rússia de colocar em risco a segurança alimentar dos países em desenvolvimento. O Kremlin, do outro lado, reclama que não teve suas demandas atendidas. Ao mesmo tempo em que aumenta a pressão com a ofensiva militar no sul ucraniano, Moscou sugere que poderia volta as negociações se as exigências forem cumpridas.

Carro coberto por destroços no dia seguinte aos ataques no centro de Odessa, Ucrânia, 24 de julho de 2023. Foto: OLEKSANDR GIMANOV / AFP

Kiev, por sua vez, pressiona os aliados por mais sistemas de defesa aérea diante da mais recente escalada russa. Nas redes sociais, Mykhailo Podolyak, assessor do presidente ucraniano Volodmir Zelensky disse que se trata de uma “matemática simples de guerra”.

“O valor para o mercado global de perder esses portos é milhares de vezes maior do que o custo de apenas dois sistemas de defesa antimísseis”, avaliou Podolyak citando a proximidade do rio Danúbio com a Romênia, parte da Otan, e a importância dos portos de Odessa para o sul global.

Tensão com a Otan

A proximidade citada pelo assessor ucraniano é de algumas centenas de metros. É isso que separa o porto atacado no rio Danúbio da Romênia, que está sob proteção da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

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Logo no início da guerra, a Rússia já atacou uma base militar da Ucrânia a 25km da fronteira com a Polônia, que também integra a aliança. No entanto, nunca chegou tão perto de acertar um território coberto pela Otan e arriscar um conflito direto com Estados Unidos e aliados europeus já que a regra da organização é clara: “o ataque contra um é considerado um ataque contra todos”.

O Ministério da Defesa da Romênia disse em nota que não há “potenciais ameaças militares diretas” contra território nacional ou as águas territoriais do país, mas que mantém uma postura de “vigilância reforçada” com aliados ao longo do flanco oriental da Otan./ The New York Times.

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