MOSCOU - A Rússia classificou como 'inaceitáveis' as ameaças e sanções de países da União Europeia (UE) contra autoridades da Bielo-Rússia nesta terça-feira, 1º. Um dos últimos aliados de Alexander Lukashenko no plano internacional, o Kremlin ainda declarou apoio ao vago projeto de reforma constitucional mencionado pelo presidente.
Em declarações a estudantes do Instituto de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO), o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, disse estar "convencido de que o povo bielo-russo terá, por si só, os meios para resolver a crise política no país".
"Há questões que precisam ser discutidas, é óbvio", acrescentou Lavrov, citado por agências de notícias russas, antes de acusar alguns colegas ocidentais "de se tornarem juízes" e "ditarem sentenças", ao proporem a adoção de sanções.
"Consideramos que isso é algo inaceitável no mundo moderno", continuou o chanceler russo.
Além disso, fez uma distinção entre a "velha Europa", que compreende a necessidade de agir de forma equilibrada, e "os vizinhos da Bielo-Rússia, que querem integrar toda União Europeia em sua férrea plataforma anti-Lukashenko".
Lavrov também apoiou a ideia do presidente de uma reforma constitucional, mas seus contornos permanecem muito vagos. Para o ministro, trata-se de um contexto adequado para "organizar um diálogo com a sociedade civil".
Lukashenko não deu detalhes concretos sobre este projeto de revisão constitucional, salvo que será validado por referendo e que centrará as discussões com "grupos de iniciativa". A oposição não está entre eles.
Há quase um mês, seus opositores vêm reunindo multidões em manifestações sem precedentes no país para denunciar sua reeleição, considerada fraudulenta. Ele está no poder desde 1994.
Na segunda-feira, Lituânia, Estônia e Letônia declararam Alexander Lukashenko "persona non grata", o mesmo valendo para outros 29 funcionários de alto escalão de seu governo.
A UE também está considerando impor proibições de entrada e bloqueio de ativos para funcionários bielo-russos, mas essa lista requer a aprovação de todos os 27 Estados-membros e ainda não é unânime. Alguns acreditam que isso pode prejudicar os esforços de mediação.
Já a Lituânia concedeu asilo à líder da oposição bielo-russa, Svetlana Tikhanovskaya, que se refugiou nesse país após a repressão às primeiras manifestações em agosto./ AFP
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