Rússia critica Otan por novos apoios à Ucrânia e planeja ‘medidas’ para contra-atacar ‘ameaças’

Aliados anunciaram o envio de caças F-16 para Kiev e afirmaram que reconhecimento da adesão do país tomou um ‘caminho irreversível’

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Por Redação
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O Kremlin anunciou nesta quinta-feira, 11, que a Rússia avalia medidas para “contra-atacar a séria ameaça” da Otan, após os mais recentes apoios anunciados pela aliança militar à Ucrânia, em uma cúpula em Washington na quarta-feira, 10. Além do envio de caças F-16 para Volodmir Zelenski, a Otan anunciu que o reconhecimento da adesão de Kiev tomou um “caminho irreversível”.

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”Somos obrigados a analisar com muito cuidado as decisões que foram tomadas [na reunião de cúpula de Washington], as conversas que aconteceram e analisar com muito cuidado o texto da declaração que foi adotado”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado por agências de notícias russas. “É uma ameaça muito séria para a segurança nacional, que nos obrigará a adotar medidas estudadas, coordenadas e eficazes para contra-atacar a Otan”.

Os aliados da Otan anunciaram uma série de medidas na quarta-feira, ao fim do segundo dia da reunião de cúpula de 75 anos da aliança. Um dos principais pontos foi a confirmação do envio de caças F-16, procedentes da Dinamarca e Holanda, e o envio de sistemas de defesa antiaérea, incluindo quatro sistemas Patriot que a Ucrânia há muito tempo vem demandado. A aliança também anunciou fornecer pelo menos 40 bilhões de euros (R$ 232 bilhões) em ajuda militar no próximo ano.

Além disso, os 32 membros da Otan declararam formalmente que a Ucrânia está em um caminho “irreversível” para se tornar membro da aliança militar ocidental. “O futuro da Ucrânia está na Otan”, disseram os membros da aliança em sua declaração. O Secretário-Geral da Otan, Jens Stoltenberg, sublinhou que a Ucrânia não se juntará imediatamente e que isso deve acontecer depois que a guerra acabar.

Antes do começo da cúpula, Peskov já havia anunciado que Moscou acompanhava com “atenção máxima” a reunião da Otan. O porta-voz voltou a criticar o fato do Ocidente enxergar um inimigo na Rússia e que a Aliança Atlântica “é um instrumento de confronto, e não de paz e segurança”.

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Joe Biden e Volodmir Zelenski, em uma reunião à margem da cúpula da Otan na Lituânia, em 2023. Novos anúncios de apoio da aliança a Kiev foram criticados pela Rússia, que prometeu ‘medidas’ para contra-atacar ‘ameaças’. Foto: Susan Walsh/AP, arquivo

”Constatamos que nossos adversários na Europa e nos Estados Unidos não são partidários do diálogo. E, a julgar pelos documentos adotados na cúpula da Otan, não são partidários da paz”, disse Peskov à imprensa.

“Desde o início, afirmamos que a integração da Ucrânia à Otan representava uma ameaça inaceitável para nós (...) Agora vemos que a Otan adota um documento que diz que a Ucrânia vai aderir definitivamente à Otan”.

‘Confronto ao estilo Guerra Fria’

Peskov ainda declarou nesta quinta-feira, para uma TV russa, que o o plano dos Estados Unidos de instalar periodicamente mísseis de longo alcance na Alemanha levará a um confronto ao estilo da Guerra Fria entre a Rússia e o Ocidente.

A Casa Branca anunciou na quarta-feira que, a partir de 2026 e de forma pontual, os Estados Unidos vão implantar novos mísseis na Alemanha para fins de dissuasão, os quais terão um alcance maior do que aqueles atualmente instalados por Washington na Europa.

“Estamos dando passos firmes em direção à Guerra Fria. Todos os atributos da Guerra Fria com uma confrontação direta estão retornando”, declarou Peskov a um repórter da TV estatal. 

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Por sua vez, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, defendeu nesta quinta-feira a decisão de Washington, que considerou “necessária, importante e no momento certo”, apesar do crescente temor de uma nova corrida armamentista./AFP.

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