Rússia diz que sanções por invasão da Ucrânia não afetam acordo nuclear com Irã

O chanceler russo, Serguei Lavrov, negou que Moscou esteja travando as negociações sobre o acordo e afirmou ter recebido garantias dos EUA que as sanções ocidentais não devem afetar a relação do país com o Irã

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Por Redação
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MOSCOU - A Rússia afirmou nesta terça-feira, 15, que recebeu garantias dos Estados Unidos de que as sanções impostas pela invasão da Ucrânia não vão afetar sua cooperação com o Irã, o que poderá levar, então, à reativação do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano. As negociações sobre o acordo estão travadas desde a semana passada.

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“Obtivemos garantias por escrito. Foram incluídas nos acordos para relançar o Plano de Ação Conjunto Global sobre o programa nuclear do Irã”, anunciou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, em uma entrevista coletiva ao lado de seu colega iraniano, Hossein Amir-Abdollahian.

De acordo com o ministro, a futura cooperação nuclear russo-iraniana está garantida, “em particular no que diz respeito a seu principal elemento, a central de Bushehr”. Lavrov expressou esperanças de que os Estados Unidos levantem as sanções com o Irã.

Ele acrescentou que o acordo para retomar o Plano de Ação Abrangente Conjunto (JCPOA), que limita o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções, já está na reta final.

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O Irã está em negociações para salvar o pacto de 2015 com Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China, com a participação indireta dos Estados Unidos, cujo presidente anterior, Donald Trump, retirou-se unilateralmente do acordo em 2018 e reimpôs sanções.

Pausa por ‘fatores externos’

No início de março, um entendimento parecia iminente para salvar o acordo. Mas dias depois, a Rússia, afetada por sanções ocidentais por sua invasão à Ucrânia, pediu ao governo dos Estados Unidos uma garantia de que estas penalidades não afetariam a sua cooperação econômica com o Irã.

Na última sexta-feira, 11, os negociadores anunciaram uma pausa nas conversas em Viena sobre o acordo devido a “fatores externos”, segundo Josep Borrell, chefe de política externa da União Europeia. Um novo cronograma para a retomada das negociações ainda não foi dado.

Embora Borrell não tenha citado a Rússia como motivo da pausa, fontes que acompanham as negociações citaram as demandas russas como entrave. “A verdadeira questão para esta pausa aqui é o que a Rússia jogou sobre a mesa, que é essencialmente uma granada no meio das negociações”, disse Henry Rome, vice-chefe de pesquisa do Eurasia Group, que acompanha as negociações.

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Um relatório da agência de notícias estatal iraniana IRNA, citando uma fonte anônima descrita como próxima dos negociadores de Teerã, também sugeriu que as exigências da Rússia causaram a pausa.

Ao lado de Lavrov, o chanceler iraniano afirmou que nada pode impactar negativamente as negociações em Viena. “A interrupção das negociações pode abrir caminho para a resolução de questões e o retorno de todas as partes aos compromissos do acordo nuclear”, disse Amirabdollahian. O ministro acrescentou que convidou Lavrov para visitar o Irã em breve.

O Irã tem sido cuidadoso nos últimos dias das negociações para não incomodar a Rússia, que vê como aliada contra os EUA.

O Irã também fez parceria com a Rússia na Síria para apoiar o presidente sírio, Bashar Assad. Mas a desconfiança histórica entre as nações permanece sobre a invasão do Irã pela Rússia durante a Segunda Guerra Mundial e se recusando a sair depois./AP, AFP, EFE e REUTERS

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