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Rússia endurece regras para evitar que militares convocados para a Ucrânia deixem o país

Novas regras são aprovadas meses depois de Putin mobilizar soldados para lutar na guerra e causar um êxodo do país

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Por Redação
Atualização:

O Parlamento da Rússia aprovou um pacote de medidas nesta terça-feira, 11, que dificultam a evasão do alistamento militar no país, em uma aparente tentativa de evitar o caos provocado pela mobilização de tropas para a guerra na Ucrânia no ano passado. As medidas proíbem que qualquer pessoa convocada para lutar na Ucrânia deixe o país, entre outras restrições.

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As mudanças ainda devem ser aprovadas pela câmara alta do Parlamento russo antes de seguirem para a sanção do presidente Vladimir Putin, mas normalmente esse trâmite acontece com poucas ou nenhuma alteração.

A votação das novas regras acontece sete meses depois de Putin anunciar uma mobilização de soldados reservistas para lutar na Ucrânia, que provocou protestos em todo o país e levou milhares de russos a irem para outros países para escapar do recrutamento. Embora o Ministério de Defesa da Rússia tenha dito em outubro que a mobilização estava completa, parte dos russos temem que outro recrutamento possa ocorrer.

O presidente russo, Vladimir Putin, aperta a mão de um soldado enquanto visita um centro de treinamento militar do Distrito Militar Ocidental para reservistas mobilizados, em 20 de outubro de 2022 Foto: Mikhail Klimentyev/Sputnik/Kremlin via AP

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou nesta terça-feira que não havia planos para mobilizar mais homens para lutar na Ucrânia e que as medidas eram necessárias para modernizar o sistema de recrutamento.

O novo pacote sugere que o Kremlin tenta garantir que, se precisar reabastecer suas tropas na Ucrânia novamente, o processo não desencadeará o mesmo êxodo em massa da mobilização anterior.

Acredita-se que a Ucrânia esteja preparando uma contraofensiva nas próximas semanas, e analistas disseram que a perspectiva de outro recrutamento depende da situação no campo de batalha. “Os riscos de outra onda de mobilização dependerão diretamente da ameaça de a Ucrânia romper as linhas de defesa”, escreveu Tatiana Stanovaya, fundadora da R. Politik, uma empresa de análise política focada na Rússia. “Se isso acontecer, nenhum argumento político, como índices de aprovação, ansiedade crescente ou outras questões, impediria isso (a mobilização).

As emendas incluem a introdução de intimações eletrônicas, fechando brechas no sistema e tornando mais difícil para potenciais recrutas evitar notificações formais.

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De acordo com o projeto de lei, uma intimação seria considerada formalmente recebida assim que chegasse à caixa de entrada do destinatário no site de serviços do governo, uma ferramenta amplamente usada na Rússia. Mesmo que a pessoa não tenha uma conta, o aviso de convocação seria marcado como recebido oficialmente sete dias após ser adicionado ao registro.

O destinatário de um aviso de convocação seria imediatamente proibido de deixar o país, segundo o projeto de lei. Deixar de comparecer a um escritório de convocação local dentro de 20 dias após o recebimento de uma convocação incorreria em outras punições, incluindo a suspensão da carteira de motorista e a proibição de registrar imóveis e outras propriedades ou receber um empréstimo de um banco.

Muitos russos podiam evitar o recrutamento evitando o recebimento do aviso de convocação, um documento formal que precisava ser assinado. O sistema de recrutamento estava desatualizado. Muitas pessoas não foram registradas ou tinham seus endereços antigos arquivados - tornando difícil para os oficiais de defesa localizar potenciais recrutas.

A aprovação do projeto de lei foi apressada. Os detalhes das novas medidas só foram anunciados no dia anterior, e alguns deputados reclamaram nesta terça-feira que não conseguiram ler as mudanças antes de votar. Além da mobilização de tropas para a guerra, as medidas também abrangem os recrutas regulares que devem cumprir o serviço militar obrigatório na Rússia. /NEW YORK TIMES

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