Rússia espalha fake news para influenciar eleições europeias, dizem investigadores

Sites e contas de redes sociais da extrema direita na Europa repercutem desinformações com a esperança de ampliar a desconfiança nos partidos de centro

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Por Redação

LONDRES - Menos de duas semanas antes das importantes eleições para o Parlamento Europeu, inúmeros sites e contas de redes sociais ligadas à Rússia ou a grupos de extrema direita estão disseminando a desinformação, encorajando discórdia e ampliando a desconfiança nos partidos de centro que governam há décadas.

Investigadores da União Europeia, acadêmicos e grupos de defesa dizem que os novos esforços de desinformação compartilham muitas das mesmas “impressões digitais” ou táticas usadas nos ataques russos anteriores, incluindo a interferência do Kremlin na campanha presidencial dos Estados Unidos em 2016.

União Europeia recentemente aprovou as diretrizes que vão nortear as mudanças daleide direitos autorais em cada país do bloco Foto: Reuters

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Os sites marginais de comentários políticos na Itália, por exemplo, têm as mesmas assinaturas eletrônicas dos sites pró-Kremlin, enquanto alguns grupos políticos alemães dividem os mesmos servidores usados pelos hackers russos que atacaram o Comitê Nacional Democrata dos EUA.

A atividade oferece novas evidências de que, apesar das acusações, expulsões e recriminações, a Rússia permanece resoluta em sua campanha para ampliar as divisões políticas e enfraquecer as instituições ocidentais. Além da Rússia, dizem os pesquisadores, numerosos imitadores frequentemente repetem os pontos de discussão do Kremlin, tornando difícil discernir as divisões entre a propaganda russa, a desinformação de extrema-direita e o genuíno debate político.

“O objetivo aqui é maior do que qualquer eleição”, disse Daniel Jones, ex-analista do FBI e investigador do Senado, cujo grupo sem fins lucrativos, Advance Democracy, recentemente indicou vários sites suspeitos e contas de mídia social a autoridades policiais. “É um divisionismo constante, aumento da desconfiança e solapamento de nossa fé nas instituições e na própria democracia. Eles estão trabalhando para destruir tudo o que foi construído após a 2.ª Guerra.”

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As eleições para o Parlamento Europeu, que serão realizadas entre os dias 23 e 26, são vistas como um teste para o crescente populismo na União Europeia. Líderes populistas, muitos deles simpatizantes da Rússia, uniram-se informalmente na esperança de expandir sua influência sobre o Parlamento Europeu e, por sua vez, redirecionar ou subverter a formulação de políticas em Bruxelas.

Funcionários da inteligência não acusaram publicamente o Kremlin de apoiar candidatos específicos na Europa da mesma maneira que as autoridades americanas dizem que o presidente Vladimir Putin tentou promover Donald Trump em 2016. Mas os pesquisadores sugerem que as eleições são um grande objetivo para este tipo de campanha: O ponto principal é atrapalhar as conversas, fazer as pessoas questionarem o que é verdadeiro e corroer a confiança.

A Rússia negou as acusações de interferência. “A eleição ainda nem aconteceu e já somos suspeitos de fazer algo errado?”, disse o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev. “Suspeitar de alguém por um evento que ainda não aconteceu são bobagens paranoicas.” Distinguir a interferência russa dos cliques ou da indignação política sincera é difícil, mesmo para os serviços de inteligência. A trilha digital geralmente acaba em um dos becos anônimos da internet. Mas as impressões digitais pró-russas existem.

Em 2016, um site italiano chamado “Estou com Putin” apareceu promovendo notícias e críticas pró-russas sobre o Ocidente. O site, agora extinto, compartilhava uma conta de rastreamento do Google com o site oficial da campanha de Matteo Salvini, o vice-premiê de extrema direita e o político mais poderoso da Itália.

Na época, a campanha de Salvini admitiu que um desenvolvedor da web simpático ao grupo havia criado os dois sites, mas disse que não tinha filiação com a página favorável a Putin. Esse mesmo número de rastreamento do Google também está associado ao site do StopEuro, que hoje promove matérias da mídia russa e sites conectados ao Kremlin que criticam a União Europeia. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO, THE NEW YORK TIMES

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