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Rússia fecha Mar Negro, preço do trigo sobe e pressiona inflação de alimentos

O bloqueio da Rússia no Mar Negro mantém presas cerca de 20 milhões de toneladas de grãos em portos ucranianos, o que pode causar escassez de alimentos

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Por Redação

THE NEW YORK TIMES, MOSCOU — A Rússia fechou ontem o Mar Negro para a passagem de navios com destino a portos ucranianos. A ordem é uma consequência direta do fim do acordo para a exportação de grãos da Ucrânia, que os russos suspenderem na segunda-feira, em retaliação à destruição parcial da Ponte de Kerch, que liga a Crimeia à Rússia.

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O fim das exportações fez disparar o preço do trigo. Os contratos futuros de Chicago, uma referência global, subiram até 9%, maior aumento desde o início da guerra, em fevereiro do ano passado. As exportações de grãos da Ucrânia são um fator importante na estabilidade dos preços globais.

A Ucrânia é um dos maiores exportadores mundiais de óleo de girassol, milho, trigo e cevada. O bloqueio da Rússia no Mar Negro significa que cerca de 20 milhões de toneladas de grãos ficarão presas em portos ucranianos, o que deve pressionar os preços e causar escassez de alimentos em vários países africanos e do Oriente Médio, que dependem de importações.

Odesa, uma cidade portuária no Mar Negro, na Ucrânia, em 22 de junho de 2022. Antes da guerra, a Ucrânia e a Rússia estavam entre os maiores exportadores mundiais de grãos, óleo de cozinha e fertilizantes.  Foto: Laetitia Vancon / NYT

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), quando o acordo foi assinado, em julho de 2022, e os embarques de grãos recomeçaram, os preços mundiais dos alimentos caíram cerca de 20%. Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que estava “profundamente desapontado” com a decisão do Kremlin de suspender o acordo.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, chegou a cogitar a possibilidade de continuar exportando grãos pelo Mar Negro, apesar do bloqueio russo, com base em um acordo separado que seu governo assinou com a Turquia e a ONU.

Mas a declaração emitida ontem pelo Kremlin deu pouca margem a dúvidas, ao sinalizar que Moscou consideraria navios comerciais como alvos militares legítimos e os países de origem das embarcações como aliados da Ucrânia na guerra. Embora a mensagem não diga explicitamente como a Marinha da Rússia responderia a um navio com destino à Ucrânia, ela certamente impedirá o transporte comercial na região.

“Todos os navios que navegam no Mar Negro para portos ucranianos serão considerados como potenciais transportadores de carga militar”, disse o Ministério da Defesa da Rússia, em comunicado no Telegram. “Assim, os países de tais navios serão considerados envolvidos no conflito ucraniano do lado do regime de Kiev.”

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Além disso, a Rússia disse que consideraria algumas áreas do Mar Negro como perigosas para a navegação e retirou as garantias de segurança. Ontem, os russos atacaram portos ucranianos pelo segundo dia seguido. Um bombardeio com mísseis e drones atingiu o Porto de Odessa, destruindo 60 mil toneladas de grãos.

No momento em que a Rússia fechava do Mar Negro, a Ucrânia realizava outro ataque bem-sucedido à Crimeia. Autoridades russas ordenaram ontem a retirada de mais de 2 mil civis em razão de um incêndio em um depósito de munição de uma base militar. Fontes dos serviços de segurança de Moscou informaram que detonações foram ouvidas por mais de duas horas.

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