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Rússia retira civis da cidade de Kherson à espera de confronto com tropas da Ucrânia

Com as forças russas e ucranianas aparentemente se preparando para uma batalha, os sinais do governo do Kremlin estão desaparecendo das ruas da cidade

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Por Redação
Atualização:

Autoridades da ocupação russa disseram estar retirando diariamente mais de 5 mil civis da cidade de Kherson diante do avanço de uma contraofensiva ucraniana nesta região do sul do país, conquistada por Moscou no início de sua operação militar.

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O Exército russo assegurou nesta sexta-feira, 4, que tem levado os civis para a margem esquerda do Rio Dnieper e divulgou imagens de soldados organizando a saída de filas de automóveis.

As autoridades impostas por Moscou em Kherson, uma das quatro regiões que a Rússia anexou no fim de setembro, instam desde outubro aos civis que deixem a área, transformada em uma “fortaleza” militar diante do avanço ucraniano.

Civis se preparam para deixar a região de Kherson controlada pelas forças de ocupação russas  Foto: Alexey Pavlishak/Reuters - 02/11/2022

As forças russas tomaram Kherson nas primeiras semanas de sua ocupação militar na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, mas as tropas de Kiev buscam agora retomá-la com uma contraofensiva iniciada em setembro.

O número dois das autoridades de ocupação, Kirill Stremosov, anunciou em um primeiro momento um toque de recolher 24 horas por dia para defender a cidade, mas recuou dessa decisão logo depois. Segundo Stremusov, as forças ucranianas poderiam estar preparando “provocações” e “ações terroristas” contra a cidade.

O presidente russo, Vladimir Putin, assegurou na Praça Vermelha de Moscou que os civis deviam ser afastados das áreas “perigosas” de combate.

Na semana passada, as forças de ocupação informaram que 70 mil civis já tinham deixando suas casas na região de Kherson. Para Kiev, essas retiradas se assemelham a “deportações”.

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Com as forças russas e ucranianas aparentemente se preparando para a batalha de Kherson, os sinais do governo do Kremlin estão desaparecendo das ruas da cidade. Ao mesmo tempo, moradores restantes, sem saber em que acreditar e com medo do que vem a seguir, estão estocando comida e combustível para sobreviver ao combate.

Soldados, patrulhas e postos de controle russos de repente se tornaram extremamente escassos no centro da cidade, de acordo com moradores contatados por telefone na quinta-feira, e a maioria dos civis foi embora.

A bandeira tricolor russa, hasteada sobre escritórios do governo depois que as forças de Moscou capturaram Kherson, desapareceu na quinta-feira no principal prédio administrativo regional e em outros locais.

“Por um lado, fiquei feliz em ver isso, mas por outro estou preocupado que seja uma anarquia agora”, disse um morador de Kherson, Oleksandr – que, como outros entrevistados, pediu que seu sobrenome fosse omitido para sua segurança. “Então comprei coisas extras, pois não sei se seria seguro me deslocar pela cidade nos próximos dias ou semanas.”

Menina ucraniana retirada com outros civis da cidade de Kherson desembarca com seu cachorro do outro lado do Rio Dnieper, na cidade de Dzhankoi, na Crimeia  Foto: Alexey Pavlishak/Reuters - 02/11/2022

A inteligência militar ucraniana diz que a Rússia enviou cerca de 40 mil soldados para a margem ocidental do Rio Dnieper para impedir que os militares ucranianos recuperassem Kherson.

À medida que as forças ucranianas avançam do norte e do oeste, elas encontram resistência feroz, e autoridades ucranianas disseram esperar que a batalha pela cidade seja brutal, pois sua queda seria uma grande perda estratégica e simbólica para Putin.

Como Kherson, grande parte do leste e sul da Ucrânia foi amplamente despovoada desde a invasão russa em fevereiro. Mais de 14 milhões de pessoas – cerca de um terço da população pré-guerra – foram expulsas de suas casas, de acordo com as Nações Unidas, com mais da metade vivendo no exterior.

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Aqueles que permanecem na Ucrânia enfrentam condições cada vez mais duras, pois os ataques de mísseis e drones russos os privam de abrigo, energia, calor e água, com a aproximação do inverno (Hemisfério Norte).

Novos recrutas

Em Moscou, Putin liderou uma breve cerimônia na Praça Vermelha para comemorar o Dia da Unidade Nacional.

O líder russo assegurou que 318 mil recrutas tinham se inscrito desde que, em setembro, foi ordenada uma mobilização parcial - já concluída - para fazer frente à contraofensiva ucraniana.

O número supera a meta de 300 mil porque “continuam chegando voluntários”, assegurou o presidente. Deste total, 49 mil já participam dos combates.

O presidente russo, Vladimir Putin, liderou uma breve cerimônia na Praça Vermelha para comemorar o Dia da Unidade Nacional  Foto: Sputnik/Mikhail Metzel/Pool via Reuters - 04/11/2022

O recrutamento de Putin provocou uma onda de êxodo do país. O ex-presidente russo Dmitri Medvedev qualificou nesta sexta-feira quem deixou o país de “traidores covardes e desertores gananciosos”.

Putin também disse que quer restaurar os monumentos históricos nos territórios ocupados da ex-república soviética para que aqueles “que viveram sob uma propaganda louca e idiota durante 30 anos” conheçam a origem de “seus antepassados”.

Apoio dos EUA

Em Kiev, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, transmitiu nesta sexta-feira ao presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, o apoio contínuo dos EUA à Ucrânia em assuntos econômicos, militares e humanitários.

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Sullivan reuniu-se com Zelenski, com o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andri Yermak, e com o ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, entre outros, para destacar que o apoio dos EUA à Ucrânia e sua população “na defesa de sua soberania e integridade territorial”, segundo a Casa Branca, em um comunicado.

Presidente ucraniano, Volodmir Zelenski (E), recebe do conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, em Kiev  Foto: Ukrainian Presidential Press Office via AP - 04/11/2022

Hoje, os Estados Unidos anunciaram um novo pacote de ajuda no valor de US$ 400 milhões e que inclui, pela primeira vez tanques, 45 veículos enviados da República Checa e que serão reparados e atualizados.

Sullivan informou às autoridades ucranianas desta nova contribuição e destacou a disposição de seu país de continuar fornecendo assistência econômica e humanitária e manter o esforço com seus parceiros para responsabilizar a Rússia por sua “agressão”./AFP, NYT e EFE

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