THE NEW YORK TIMES - A Rússia retirou todas as suas tropas que estavam dispostas contra Kiev e Chernihiv, duas grandes cidades no norte da Ucrânia, e as enviou de volta à Belarus e à Rússia para se rearmar e reabastecer, disse um alto funcionário do Departamento de Defesa dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 6. As tropas provavelmente devem seguir em breve para o leste da Ucrânia, que passou a ser o foco da Rússia nas últimas semanas.
Quando a Rússia anunciou há mais de uma semana que estava retirando suas forças em torno de Kiev e em outros lugares do norte para se concentrar no leste, muitas autoridades americanas suspeitaram que poderia ser uma armadilha, já que muitas das forças russas estavam entrincheiradas e Moscou continuou a atacar as cidades com ataques aéreos e de artilharia.
Mas na semana passada altos funcionários do Pentágono disseram que 20% das tropas russas já haviam se retirado. Depois, dois terços e, nesta quarta-feira, todas. A tropa era composta por cerca de 40 grupos táticos de batalhões e até 40 mil soldados e se retiraram, em muitos casos, sob ataques ferozes das tropas ucranianas que retomaram o território.
“Acreditamos que todos estão fora”, disse o alto funcionário do Pentágono, falando sob condição de anonimato por se tratar de questões operacionais confidenciais.
As forças russas aproveitam para se rearmar e reabastecer em Belarus e na Rússia, afirmou o funcionário. Entretanto, não está claro se algumas ou todas as unidades russas se reposicionariam na região de Donbas, no leste da Ucrânia, que está sob o domínio de separatistas aliados e reconhecidos por Moscou.
Analistas militares ocidentais disseram que as unidades russas em retirada, sofrendo com baixas de tropas, equipamentos danificados e destruídos e com o moral baixo, não seriam adequadas para redistribuição em breve.
A Rússia agora tem cerca de 30 grupos táticos de batalhões – ou até 30 mil soldados – no leste, disse o alto funcionário do Pentágono. No início desta semana, Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente dos EUA, Joe Biden, disse que a Rússia provavelmente enviará “dezenas de milhares de soldados para a linha de frente no leste da Ucrânia” nas próximas semanas.
Em grande parte em antecipação à próxima grande fase da guerra, o Pentágono anunciou nesta terça-feira que estava enviando US$ 100 milhões em mísseis antitanque Javelin – cerca de várias centenas de mísseis – para a Ucrânia, onde a arma tem sido muito eficaz na destruição de tanques russos, e outros veículos blindados.
Essa redução dos estoques militares existentes dos EUA eleva a assistência total de segurança dos EUA comprometida com a Ucrânia para mais de US$ 2,4 bilhões desde o início do governo Biden e mais de US$ 1,7 bilhão desde a invasão da Rússia no dia 24 de fevereiro.
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