Rússia usa golfinhos para proteger base naval do Mar Negro, sugerem fotos de satélite

Imagens de satélite captaram cercados de golfinhos na entrada do porto de Sebastopol, na Crimeia; analista aponta que tanto EUA quanto Rússia já treinaram mamíferos marinhos para uso militar

PUBLICIDADE

Por Rachel Pannett
Atualização:

THE WASHINGTON POST - Fotos de satélite mostram que a Rússia posicionou golfinhos treinados na entrada de um importante porto do Mar Negro, em um movimento que pode ser projetado para ajudar a proteger uma importante base naval do Kremlin, de acordo com um analista naval.

As imagens, fornecidas ao The Washington Post pela Maxar Technologies, mostram dois cercados de golfinhos na entrada do porto de Sebastopol, na Crimeia – que as forças russas anexaram durante a invasão à Ucrânia em 2014.

Foto cedida pelo Maxar Technologies ao The Washington Post mostra cercados de golfinhos posicionados em base naval russa na Crimeia. Foto: The Washington Post

PUBLICIDADE

H I Sutton, analista de submarinos que relatou pela primeira vez sobre os golfinhos para o Instituto Naval dos EUA na quarta-feira, 27, disse que os cercados foram transferidos para o local em fevereiro, na época do início da guerra.

Ele disse que os golfinhos podem ser usados para combater mergulhadores ucranianos especializados que tentam entrar no porto para sabotar navios de guerra russos – um papel para o qual os Estados Unidos e a Rússia já treinaram mamíferos marinhos.

Publicidade

Em um e-mail ao The Washington Post, um porta-voz da Maxar Technologies concordou com a análise e explicação de Sutton sobre os cercados de golfinhos captados por seus satélites recentemente.

Alguns navios de guerra russos estão ancorados no porto de Sebastopol, fora do alcance dos mísseis ucranianos. O navio de guerra Moskva – o carro-chefe da frota russa do Mar Negro – afundou neste mês após ser atingido por dois mísseis ucranianos, causando um golpe significativo na capacidade naval russa, disseram autoridades dos EUA e da Ucrânia.

Navio de guerra Moskva, afundado por mísseis ucranianos, em foto de 2013. Foto: REUTERS

Desde a década de 1960, a Marinha dos EUA treinou golfinhos e leões marinhos para ajudar a se proteger contra ameaças submarinas. De acordo com especialistas marinhos, os golfinhos têm o sonar mais sofisticado conhecido pela ciência, tornando relativamente fácil para eles detectar minas e outros objetos potencialmente perigosos no fundo do oceano que são difíceis de detectar usando sonar eletrônico.

O programa de treinamento de mamíferos marinhos da Marinha dos EUA, com sede em San Diego, foi desclassificado na década de 1990. Isso tornou mais fácil para as autoridades contestar as alegações persistentes de ativistas dos direitos dos animais de que os mamíferos foram usados como armas ofensivas – um mito popularizado pelo filme de ficção científica de 1973 “O Dia do Golfinho”, no qual um cientista treina golfinhos para se comunicarem com humanos. No filme, os golfinhos foram sequestrados na tentativa de usá-los como parte de um plano de assassinato político.

Publicidade

A Rússia teria usado a base de Sebastopol durante a era soviética para treinar golfinhos para fins militares, como plantar explosivos em navios ou procurar minas. Mas se eles foram utilizados de fato em operações militares é controverso.

Após a dissolução da União Soviética, a instalação de Sebastopol foi usada pela Ucrânia para treinar golfinhos para sessões de terapia. A Rússia retomou o treinamento de mamíferos marinhos militares depois de assumir o controle da cidade portuária em 2014, informou o Moscow Times na época.

Em 2019, uma baleia branca surgiu na Noruega usando um arnês – levando especialistas marinhos locais a especular que encontraram um mamífero que fazia parte de um programa de treinamento naval russo, de acordo com relatos da mídia. A baleia foi apelidada de “Hvaldimir” pelos habitantes locais – uma combinação da palavra norueguesa para baleia e o primeiro nome do presidente russo Vladimir Putin.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.