A Rússia anunciou que vai aumentar seu contingente de soldados para 1,5 milhão e criar bases do Exército na fronteira com a Finlândia e aumentar a presença nas regiões da Ucrânia anexadas. “Só é possível garantir a segurança militar do Estado e proteger novas federações se fortalecermos as estruturas de base das Forças Armadas”, afirmou o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu.
Contexto
Segundo a agência oficial TASS, as Forças Armadas russas têm 2 milhões de integrantes, das quais 1.150.628 são militares. Em 1.º de janeiro, entrou em vigor um decreto do presidente Vladimir Putin aumentando o número de militares em 137 mil pessoas.
O ministro da Defesa explicou ainda que serão criados dois novos distritos militares, os de Moscou e de Leningrado, assim como bases militares nos territórios das “novas entidades constituintes” da Rússia, ou seja, as regiões ucranianas de Kherson, Zaporizhia, Donetsk e Luhansk, anexadas em setembro pelo Kremlin.
Outra decisão é a criação de uma base militar na fronteira com a Finlândia, sendo três divisões de rifles motorizados como parte das Forças Terrestres e duas divisões de assalto aéreo nas Forças Aéreas. A decisão é uma resposta à expansão da Otan com o processo de adesão de Finlândia e Suécia.
Até a vitória
O Ocidente vem dando declarações de apoio ao governo ucraniano e irritando Moscou. O Reino Unido afirmou nesta terça-feira, 17, que apoiará a Ucrânia até que “saia vitoriosa” da invasão russa. Essa foi a mensagem do ministro britânico de Relações Exteriores, James Cleverly, ao justificar o envio de tanques para as tropas ucranianas, uma decisão que irritou a Rússia.
“A mensagem que enviamos a Putin é que estamos comprometidos em apoiar os ucranianos até que saiam vitoriosos”, declarou Cleverly durante uma visita à Washington.
No sábado, o Reino Unido havia anunciado a entrega de veículos de combate blindados Challenger 2 para Kiev. Será o primeiro fornecimento de tanques pesados de fabricação ocidental à Ucrânia.
Novo ministro alemão
Um político veterano, mas discreto na Alemanha, será nomeado o novo ministro da Defesa e terá como primeiro desafio a decisão sobre o envio de tanques à Ucrânia. A Alemanha está sob forte pressão para aumentar seu compromisso com os militares ucranianos.
Renúncia
Boris Pistorius, de 62 anos, que foi ministro do Interior da Baixa Saxônia, no norte, na última década, enfrentará sua primeira grande tarefa nesta sexta-feira, quando aliados ocidentais se reunirem na base militar dos EUA em Ramstein, no sudoeste da Alemanha, justamente para discutir o fornecimento de mais armas e equipamentos a Kiev.
Berlim tem sido extremamente cautelosa até agora ao aprovar o envio de tanques pesados Leopard para a Ucrânia, devido a preocupações de que a decisão possa levar a uma escalada da guerra. Outros países que possuem tanques de design alemão precisam da permissão de Berlim para enviá-los a outro país.
“Sei a importância desta tarefa nestes tempos”, disse Pistorius aos repórteres após o anúncio do governo alemão. “As tarefas que estão à frente das tropas são enormes... quero tornar o Bundeswehr forte para os tempos que estão por vir.”
Advogado de formação, o novo ministro pertence ao mesmo partido do chanceler, que defendeu enfaticamente sua indicação. “Estou muito satisfeito por ter Boris Pistorius, um político destacado de nosso país, no cargo de ministro da Defesa”, disse o chanceler Olaf Scholz em comunicado por escrito. “Pistorius é um político extremamente experiente, esteve envolvido em políticas de segurança por anos e, com sua competência, assertividade e grande coração, é exatamente a pessoa certa para liderar o Bundeswehr nesta mudança de era”, acrescentou Scholz.
Como ministro do Interior de sua região do norte da Alemanha, Pistorius, pouco conhecido em nível nacional, especializou-se em questões de cibersegurança, segurança interna e política migratória. Também foi prefeito de Osnabrück entre 2006 e 2013. / AP, EFE e NYT
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