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Rússia volta a atacar Kiev e faz novas ameaças caso Ucrânia receba armas

Moscou garante ter atingido tanques e veículos blindados fornecidos por países aliados dos ucranianos no primeiro bombardeio contra a capital em mais de um mês

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Por Redação
Atualização:

A capital ucraniana voltou a ser atacada neste domingo, 5, pouco mais de um mês após a retirada das tropas da Rússia que cercavam a cidade. O bombardeio foi coordenado com novas ameaças do presidente russo, Vladimir Putin, que prometeu estender a guerra e atingir novos alvos caso a Ucrânia receba armas de longo alcance do Ocidente.

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Por volta das 5 horas da manhã, cinco mísseis atingiram uma estação ferroviária e outros alvos nos bairros de Darnytski e Dniprovski, segundo o prefeito da capital, Vitali Klitschko. De acordo com a Rússia, as bombas destruíram tanques e veículos blindados fornecidos por aliados do Leste Europeu.

A Energoatom, operadora estatal de energia atômica da Ucrânia, disse neste domingo que um míssil de cruzeiro russo voou “perigosamente baixo” sobre uma usina nucelar de Pivdennoukrainska, a segunda maior do país. “É provável que tenha sido um dos mísseis que foram disparados na direção de Kiev”, disse a operadora, em comunicado.

Explosões foram ouvidas no Distrito de Darnytski, em Kiev  Foto: Nicole Tung/The New York Times

Os ataques deste domingo acabaram com a sensação de segurança readquirida pelos moradores de Kiev, que vivia uma relativa tranquilidade nas últimas cinco semanas – desde que Putin ordenou a retirada de suas tropas do norte da Ucrânia para concentrar forças na região de Donbas, no leste do país.

Apesar da destruição de blindados, bombardeio de Kiev prece ter sido um recado de Putin ao Ocidente, principalmente ao presidente dos EUA, Joe Biden, que prometeu enviar sistemas de foguetes avançados para a Ucrânia, como parte de um novo pacote de US$ 700 milhões em equipamento militar.

Neste domingo, a Rússia ameaçou atacar novos alvos se os EUA realmente enviarem à Ucrânia armas de longo alcance. Falando à emissora de TV estatal Rossiya-1, Putin afirmou que, se os mísseis forem fornecidos, ele ampliaria a guerra e atingiria “alvos ainda não atingidos”.

O foco dos combates deste domingo continuaram na região de Donbas. Fortes explosões foram registradas na cidade de Kramatorsk, controlada pela Ucrânia. Russos e ucranianos também lutam de rua em rua em Severodonetsk, o último grande reduto da resistência no leste do país.

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Combate regular

O governador de Luhansk, Serhi Haidai, disse que as forças ucranianas recuperaram praticamente metade de Severodonetsk – no início da semana passada, os russos haviam assumido o controle de 80% da cidade.

Neste domingo, o Ministério da Defesa do Reino Unido, durante um briefing de inteligência, disse que os contra-ataques ucranianos estavam “enfraquecendo o impulso operacional” das forças russas em Severodonetsk, incluindo as milícias separatistas, apoiadas pela Rússia, que estão “mal equipadas e treinadas”, sem equipamento pesado de combate regular.

A conquista de Severodonetsk daria à Rússia o controle total da região de Luhansk e abriria caminho para uma ofensiva para capturar toda a região industrial de Donbas, um objetivo declarado de Putin depois da retirada de suas tropas de Kiev e do norte da Ucrânia.

No sábado, o chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, deu uma resposta dura às declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, que sugeriu que seus aliados deveriam evitar impor humilhações a Moscou para melhorar a possibilidade de um acordo de paz.

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“Apelos para evitar a humilhação da Rússia só podem humilhar a França e todos os outros países que pedirem por isso”, disse Kuleba. “Em vez disso, muitas vidas seriam salvas e a paz seria restaurada se os países se concentrassem em como colocar a Rússia em seu devido lugar.”

O navio americano USS Kearsarge chegou no fim de semana a Estocolmo, na Suécia, para exercícios militares. O envio da embarcação é um lembrete dos EUA de que a segurança de suecos e finlandeses será garantida pelos americanos, principalmente enquanto o pedido dos dois países de adesão à Otan é analisado.

No mês passado, Suécia e Finlândia, países que mantinham certa neutralidade no norte da Europa, apresentaram formalmente um pedido para entrarem na aliança atlântica. A Rússia reagiu, cortando o fornecimento de energia elétrica aos finlandeses e prometendo enviar soldados e armas para o Mar Báltico.

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A primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, em entrevista coletiva a bordo do USS Kearsarge, ao lado do general americano Mark Milley, enfatizou a natureza defensiva da Otan.

No entanto, especialistas militares dizem que há uma expectativa de que a adesão de Suécia e Finlândia signifique que ambos contribuam mais para a defesa naval do Mar Báltico, em caso de uma guerra com a Rússia. / NYT, WP, REUTERS, AFP e AP

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