Russo confessa voto em Putin durante entrevista e leva bronca da mulher

Konstantin e Rina conversavam com repórter do jornal americano 'Washington Post' quando ele admitiu apoio ao atual presidente russo; enquanto ela diz que votar em Putin é um sinal de falta de esperança, ele alega que líder 'mantém estabilidade' do país

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Atualização:

MOSCOU - A clima nos centros de votação no centro de Moscou neste domingo era de festividade, apesar de as autoridades eleitorais terem de se esforçar para convencer os russos a votarem no processo de que assegurou o quarto mandato ao presidente Vladimir Putin.

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Nas praças e parques perto dos locais de votação, foram montados jogos e outros entretenimentos para crianças, além de barracas de comida. "A cada seis anos, nos deixam comprar algo por preços normais", brincou um jovem enquanto caminhava pela margem do rio Moscou.

Rina (E) descobriu que o marido, Konstantin, votou em Putin durante entrevista e o criticou por apoiar um líder que considera ruim Foto: Anton Troianovski/The Washington Post

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Depois de votar, um casal de idosos parou para comprar mantimentos que os lembrasse dos anos da URSS, incluindo uma lata de peixe enlatado com molho de tomate da região da Crimeia pelo equivalente a R$ 3,30. 

Rina e Konstantin, ambos de 83 anos, pediram para não ter o sobrenome revelado. Eles disseram que foram às ruas nos anos 1990 para defender a democracia no país, votaram em Boris Yeltsin na mesma época e pelo empresário liberal Mikhail Prokhorov, em 2012. Recentemente, no entanto, Konstantin tornou-se um espectador regular de Vladimir Solovyov, apresentador de um talk-show político nacionalista com discursos inflamados na televisão estatal. 

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Rina revelou que abriu mãos de seus ideais democráticos ao votar por Ksenia Sobchak, uma ex-apresentadora de TV liberal. Konstantin, no entanto, afirmou que a turbulência global o obrigou a seguir uma direção diferente.

Veja abaixo a transcrição da entrevista dos dois ao Washington Post e o momento em que Rina descobre que seu companheiro de longa data depositou seu voto em Vladimir Putin. 

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- Por que vocês vieram votar?

Rina: Nós queríamos mostrar ao nosso "querido presidente" que existem pessoas que desejam sua saída. Que ele deveria deixar os mais jovens ocuparem seu lugar. Dezoito anos no poder é o suficiente.

- Então, vocês votaram em quem?

Rina: Em Sobchak. 

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Konstantin: Em quem?

Rina: Eu votei em Sobchak.

Konstantin: Oi!

Rina: Ah, qual é. E você Kostya (diminutivo de Konstantin), votou em quem?

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Konstantin: Eu votei em Putin.

Rina (em voz baixa): Escute, Kostya!

Konstantin: Sim, foi isso mesmo.

[...] 

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Rina: Isto é muito triste.

Konstantin: (risos) 

Rina (ao repórter): Ele te contou isso, mas nunca teria revelado isso para mim. Eu apenas... Kostya. Ah, Kostya. 

[...] 

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Konstantin: A oposição inteira perdeu toda sua credibilidade.

Rina: E daí? Se todos pensarem como você, nunca haverá uma chance.

[...] 

- Você já votou em Putin antes?

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Konstantin: Não, nunca.

- Então, por que agora?

Rina: Ele perdeu a esperança. 

Konstantin: Não. Não há ninguém mais em quem votar. Nenhum dos outros candidatos...

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Rina: Então você nem deveria ter ido votar!!!

Konstantin: Mas o Putin, ao menos, garante a estabilidade por aqui.

Rina: Isto é verdade - disparando mísseis em todos os lugares! Para com isso, Kostya...

Konstantin: Graças a Deus ele lança (os mísseis)! Com o estado em que o mundo está neste momento...

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[...] 

- O que mudou nos últimos seis anos?

Konstantin: Tudo que está acontecendo no mundo neste momento. A Síria com os ditos ataques químicos e os foguetes que serão disparados. Com Skirpal - foi horrível o que aconteceu com ele.

[...] 

Rina: Deixe-me te dizer uma coisa: você não pode assistir TV aqui na Rússia. Nós temos Solovyov de manhã até de noite. E meu marido começou a assistir esse tipo de programa... Entenda: estamos nos movendo lentamente em direção ao passado, de volta à União Soviética. Estou horrorizada que isso esteja acontecendo. Infelizmente, não vamos viver para ver Putin - algum dia ele deixará o cargo, ele não durará para sempre. Mas nós também não duraremos para sempre. / WASHINGTON POST

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