Saiba mais sobre a atual onda de calor na Europa em cinco fatos

Temperaturas diminuíram no Reino Unido, que teve recorde de calor na terça-feira; incêndios continuam em Portugal, Espanha e outras regiões do sul

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Por Redação
Atualização:

A onda de calor recorde que atinge a Europa nesta semana ameaçou milhares de vidas, destruiu edifícios e mudou a rotina de grande parte do continente. Temperaturas voltaram a ficar mais amenas em diversas regiões na manhã desta quarta-feira, 20, mas as consequências do calor são visíveis e as dúvidas sobre os próximos períodos quentes aumentaram.

Alguns fatos ajudam a entender a situação gerada pela onda de calor, desde as temperaturas recordes em Londres, que geraram um volume de chamadas para os Bombeiros comparado ao da 2ª Guerra, às milhares de pessoas saindo de suas casas devido aos incêndios florestas. Abaixo, leia cinco deles:

Incêndios ainda acontecem no sul da Europa

Equipe de resgate em vilarejo em Wennington, próximo a Londres, nesta quarta-feira, 20. Um dia após o Reino Unido registrar temperatura recorde, incêndios foram controlados e país tem previsão de chuva Foto: Kirsty O'Connor / AP

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Os incêndios continuam a atingir áreas do sul da Europa, como Espanha e Portugal, onde o calor ainda é intenso nesta quarta-feira. Apesar de ser um fenômeno recorrente em partes da Europa durante o verão, os incêndios florestais deste ano começaram mais cedo e com mais força que o habitual em todo o continente e, segundo autoridades, muitas vezes em lugares inesperados, sem históricos de grandes incêndios.

Na Grécia, centenas de moradores da região de montanhas ao norte de Atenas tiveram de deixar as suas casas devido a um incêndio alimentado por ventos que se aproximaram da força de um vendaval. Centenas de bombeiros continuaram tentando conter as chamas nesta quarta-feira. O fogo destruiu a mata, um hospital infantil precisou ser esvaziado e idosos receberam ajudas de bombeiros e policiais para sair de casa.

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A Espanha conseguiu conter metade dos focos de incêndio que devastaram o país nesta semana. Bombeiros seguem tentando conter o restante (cerca de outros 15 focos, espalhados pelo país).

Ao todo, mais de 230 quilômetros quadrados de área florestal foram queimadas nos últimos dias na Espanha e duas pessoas morreram, incluindo um bombeiro. O primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez, relacionou os incêndios ao aquecimento global em um discurso. “As mudanças climáticas matam”, disse, pressionando por políticas verdes mais ambiciosas coordenadas em nível nacional.

Na França, bombeiros conseguiram conter dois grandes incêndios florestais que queimaram quase 80 quilômetros quadrados de floresta de pinheiros secos na região de Gironde, no sudoeste do país. As autoridades mostraram um otimismo nesta quarta-feira, e o presidente Emmanuel Macron anunciou investimentos em mais equipamentos de combate a incêndios e uma revisão nas regras de manutenção das florestas.

Bombeiros em Londres tiveram o dia mais movimentado desde a 2ª Guerra

Bombeiros atendem chamado de incêndio em Londres, no dia 14 deste mês. Onda de calor gerou o maior número de chamados registrados desde a 2ª Guerra, além das temperaturas recordes Foto: Tom Nicholson / REUTERS

Londres, capital da Inglaterra, viveu a temperatura mais alta já registrada na terça-feira: 40,2ºC. O prefeito, Sadiq Khan, afirmou nesta quarta que o serviço de Bombeiros recebeu 2,6 mil chamados, sete vezes mais que o de costume e o maior movimento desde a 2ª Guerra.

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Segundo Khan, em um dia normal, os bombeiros londrinos podem receber cerca de 350 ligações, e em um dia movimentado, cerca de 500. “Isso não é normal. Estes são tempos excepcionais”, disse à BBC News.

Khan disse que o corpo de bombeiros estava “sob imensa pressão” e que voluntários foram convocados e sessões de treinamento canceladas para reunir pessoas suficientes para combater as chamas. O sindicato da categoria afirmou que a pressão também foi contribuída pelos cortes que reduziram capacidade de combate aos incêndios.

Londres foi uma das 15 áreas do país com incêndios graves nos últimos dias, alimentados em parte por um clima muito seco, com escassez de chuvas desde junho. Os últimos focos de incêndio de grande escala foram combatidos durante a madrugada e estavam controlados durante a manhã.

Calor continua em parte da Europa

Avião dos Bombeiros sobrevoa área de San Martin de Unx, na Espanha, no domingo, 19. Incêndios continuam no país, e premiê atribui fenômenos extremos às mudanças climáticas Foto: Miguel Oses / AP

A previsão dos meteorologistas é que o calor vai ser moderado para parte da Europa a partir desta quarta-feira, com algumas chuvas previstas durante a semana. O sul e o leste do continente, entretanto, devem continuar com temperaturas acima da média durante a semana, segundo Jonathan Porter, meteorologista-chefe da AccuWeather. “Continuamos alertando as pessoas de que será um calor extremo e muitas pessoas continuarão sendo ameaçadas nos próximos dias”, disse ele.

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As regiões que devem continuar com uma alta temperatura são: Portugal, Espanha, sul da França e norte da Itália.

Em Londres, a onda de calor excepcional deve passar para dar lugar a um clima mais semelhante a um verão britânico tradicional. A máxima nesta quarta-feira foi de 26ºC. Na sexta-feira, o serviço nacional de meteorologia do Reino Unido, Met Office, prevê máxima de 23ºC.

Em Amsterdã, que atingiu 35ºC nesta terça-feira, teve uma máxima de 27ºC nesta quarta e possibilidade de tempestades. Nesta quinta, a máxima deve diminuir para 21ºC com previsão de chuvas, de acordo com o AccuWeather.

Na Alemanha e na Polônia, o calor deve diminuir na sexta-feira.

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Viagens interrompidas no Reino Unido

Passageiros olham painel de viagens de trens cancelados na estação de King Cross, em Londres, nesta quarta-feira, 20. Linhas de trens foram danificadas por causa do calor Foto: Yui Mok / AP

As interrupções de viagens de trens no Reino Unido – que começaram na terça-feira devido aos danos causados pelo calor extremo nas linhas elétricas que abastecem algumas estações e aos incêndios em áreas próximas aos trilhos – continuaram nesta quarta-feira mesmo com um clima mais ameno. Segundo a rede ferroviária, os engenheiros ainda inspecionam os trilhos e consertam os danos.

Os trens diretos de Londres para a Escócia e de Londres para Cambridge, por exemplo, permaneceram suspensos pela manhã, enquanto algumas outras linhas operaram em horários limitados.

Os danos levaram a rede ferroviária do Reino Unido a criar uma força-tarefa para elaborar recomendações para resistir a futuras ondas de calor. “O clima que experimentamos esta semana colocou uma enorme pressão sobre nossa infraestrutura, nossa equipe e nossos passageiros”, disse Andrew Haines, executivo-chefe da rede, em comunicado nesta quarta. “Com eventos climáticos extremos se tornando mais frequentes à medida que nosso clima continua a mudar, precisamos fazer todos os esforços para tornar nossa ferrovia o mais resiliente possível.”

As dúvidas sobre os verões do futuro

Pessoas tomam sol no Central Park, em Nova York, em imagem desta terça-feira, 19. Onda de calor extrema na Europa suscitou questões sobre futuros verões no mundo Foto: Yuki Iwamura / AFP

O calor dos últimos dias na Europa, especialmente em Londres, foi uma questão de risco de vida. O London Ambulance Service relatou um aumento de 10 vezes nos incidentes relacionados à exposição ao calor e em Portugal mais de mil pessoas morreram no país desde o início do mês.

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Além do incômodo e dos riscos, a onda de calor gerou estranhamento na maioria dos europeus. Em todo o continente, as temperaturas altas suscitaram perguntas sobre como lidar com o calor incomum. Uma questão segue pendente para muitos: esse é o ‘novo normal’ do verão em um mundo de mudanças climáticas ou apenas uma ‘anomalia’?

Cada onda de calor parece acabar com qualquer sensação de que tudo ficará bem. Períodos intensos, como o atual, fornecem sinais do que poderia estar por vir: um aumento na venda de aparelhos de ar-condicionado no Reino Unido, um país que normalmente os evita; a elaboração de políticas destinadas a reduzir o alto aquecimento em residências; e a cobertura de notícias que conectam as altas temperaturas com as mudanças climáticas. O calor se torna uma presença opressiva, e as dúvidas pairam no ar.

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