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Saiba mais sobre as armas usadas pela Rússia e pelas forças ucranianas

Como a Ucrânia conseguiu destruir tantos tanques russos e como a Rússia está conseguindo destruir cidades ucranianas inteiras?

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Por John Ismay
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - Vídeos publicados na internet mostram tanques russos na Ucrânia explodindo e formando colunas de chamas graças aos mísseis fornecidos pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos. Mas essas armas não impediram o Exército russo de destruir cidades ucranianas, como Mariupol, que está em grande parte em ruínas depois de semanas de ataques com artilharia, mísseis e bombas.

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Algumas das armas da Rússia, como bombas de fragmentação e foguetes termobáricos, foram criticadas por serem pouco controláveis durante o uso no conflito. Saiba mais a respeito das armas usadas pela Rússia e pelas forças ucranianas.

E quanto a uma zona de exclusão aérea?

A Otan ajudará as forças terrestres ucranianas, enviando armas para elas abaterem aviões e helicópteros russos? Sim. Mas a Otan estabelecerá uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, como solicitado pelo presidente do país? Não.

Tanques russos destruídos na cidade de Irpin, na Ucrânia  Foto: Vadim Ghirda/AP

Os EUA enviaram para a Ucrânia mais de 600 Stingers, pequenos mísseis antiaéreos portáteis que são disparados sobre o ombro, e a Casa Branca anunciou que enviaria outros 800.

Mas os países da Otan se recusaram a colocar aviões de guerra no espaço aéreo ucraniano, uma situação em que seus pilotos provavelmente teriam de derrubar aeronaves russas. Esse cenário poderia levar ao início de um conflito total entre a Otan e a Rússia.

Como a Ucrânia destruiu tantos tanques russos?

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O Reino Unido deu aos ucranianos mais de 4,2 mil armas conhecidas como NLAWs, também disparadas sobre o ombro, que destruíram tanques e veículos blindados russos. Em menos de 15 segundos, as tropas ucranianas podem posicionar a arma relativamente barata, ajustar a mira, liberar uma trava de segurança e estar prontas para disparar.

A arma, que é fácil de operar e pode ser descartada após o uso, provou-se excepcionalmente hábil em cenários de emboscadas de curta distância.

Membro das forças ucranianas com uma arma NLAW capaz de destruir tanque de guerra Foto: GLEB GARANICH

Os EUA enviaram à Ucrânia cerca de 2,6 mil Javelins, lançadores de mísseis de longo alcance disparados sobre o ombro e também capazes de destruir os blindados russos. Mais 2 mil deles estão a caminho.

No total, os países da Otan enviaram mais de 17 mil mísseis antitanque e foguetes para a Ucrânia, de acordo com relatos no início deste mês.

O governo britânico anunciou na noite de quarta-feira que enviaria mais 6 mil “mísseis de defesa” para a Ucrânia. Esses mísseis incluirão “armas antitanque e altamente explosivas”, de acordo com um comunicado divulgado pela embaixada britânica.

Os EUA têm bombas “inteligentes”. E a Rússia?

Desde o conflito na década de 90 nos Bálcãs, os EUA têm tentado usar quase exclusivamente o que chamam de munições guiadas com precisão entre as bombas lançadas pelo país. Mas a Rússia, não.

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Embora a Rússia tenha algumas bombas guiadas, os pilotos russos de aviões de caça costumam lançar bombas não guiadas que, em uma comparação grosseira, são quase idênticas às usadas pelos pilotos alemães na 2ª Guerra.

Membros das forças pró-Rússia em veículos armados em Mariupol  Foto: Alexander Ermochenko/Reuters

Um alto funcionário da Defesa dos EUA disse que a Rússia também disparou mais de 1,2 mil mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro – todos guiados – contra alvos na Ucrânia desde a invasão, mas questionou as alegações da Rússia de usar mísseis hipersônicos.

A Rússia seria capaz de usar armas nucleares de uso tático?

Tanto a Rússia como os EUA dizem ter construído uma nova geração de ogivas nucleares táticas, e autoridades dos EUA dizem temer que o presidente russo Vladimir Putin possa escolher detonar uma delas caso sinta que está perdendo a guerra.

As armas nucleares de uso tático são menos potentes que as bombas lançadas pelos EUA sobre Hiroshima e Nagasaki na 2ª Guerra. Mas mesmo que elas tenham apenas um terço desse poder, causariam explosões com a força de 5 mil toneladas de explosivos.

A Rússia violou alguma lei internacional?

O Exército russo usou bombas de fragmentação – um tipo de arma que engloba foguetes, bombas, mísseis, morteiros e projéteis de artilharia que se fragmentam no ar e espalham armas menores ou bombas em uma ampla área. A maioria das bombas de fragmentação é ilegal sob a lei internacional, mas os EUA, a Rússia e a Ucrânia não assinaram o tratado que proíbe seu uso.

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A Rússia também disparou foguetes com ogivas termobáricas, que produzem uma onda de explosão mais duradoura e mais poderosa que a de uma ogiva explosiva normal, mas não estão sujeitas a nenhuma proibição internacional.

No entanto, mirar diretamente em civis com qualquer tipo de arma viola as Convenções de Genebra.

Um alto funcionário da Defesa dos EUA disse nesta semana que havia “evidências claras” de que os russos tinham “atacado deliberada e intencionalmente” infraestruturas civis, incluindo hospitais e abrigos.

O funcionário, que não estava autorizado a se manifestar publicamente e falou sob condição de anonimato, disse que o governo Biden ajudaria a providenciar provas para as várias investigações de crimes de guerra em andamento.

O que são mísseis hipersônicos?

Resumindo, mísseis hipersônicos são armas guiadas que podem voar e realizar manobras em velocidades acima de Mach 5 – cinco vezes a velocidade do som. Os EUA, a Rússia e a China estão desenvolvendo armas hipersônicas, mas a Rússia afirma já ter uma versão que poderia ser usada.

A Rússia disse recentemente que lançou um míssil com capacidade de velocidade hipersônica em um ataque a um depósito de munições no oeste da Ucrânia. O míssil supostamente usado, chamado Kinzhal, parece ser uma versão do míssil balístico de curto alcance da Rússia, o Iskander, mas modificado para ser lançado por um avião de guerra.

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Embora ele possa se deslocar de forma rápida, os EUA estão mais preocupados com um tipo diferente de ameaça, com armas hipersônicas criadas para uso específico que podem lançar ogivas nucleares ou convencionais por meio de planadores camuflados que provavelmente escapariam de quaisquer defesas antimísseis.

Como a Rússia está conseguindo destruir cidades inteiras?

O Exército russo tem adotado uma grande quantidade de ataques indiretos – atingindo alvos que não podem ver diretamente – enquanto avançam em território ucraniano.

Isso significa que eles estão lançando projéteis de artilharia de veículos blindados a até 40 quilômetros de distância e lançando salvas de foguetes não guiados de lançadores montados em caminhões, às vezes a mais de 60 quilômetros de distância, ou usando mísseis balísticos de curto alcance que podem voar mais de 320 quilômetros até seus alvos e mísseis de cruzeiro disparados do ar que podem voar por até 1,4 mil quilômetros.

Dispare munições explosivas suficientes em uma cidade e, em algum momento, ela será reduzida a escombros. E munições que explodem dentro de estruturas e entre elas podem produzir ondas de explosão que vão e voltam e se multiplicam em magnitude, derrubando as fachadas dos edifícios.

Isso deixou a Rússia suscetível a acusações de que seu Exército está atirando indiscriminadamente e de forma imprudente, colocando em risco e matando civis – ações proibidas pelas Convenções de Genebra, uma série de tratados internacionais que regulam os conflitos armados./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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