O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), assinou na terça-feira, 14, um compromisso em que a cidade adere à definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA, na sigla em inglês). A organização, integrada por 35 países, tem como meta “combater a crescente negação do Holocausto e do antissemitismo” em nível mundial, segundo a Confederação Israelita do Brasil (Conib).
A IHRA adotou uma Definição de trabalho de Antissemitismo em maio de 2016, que se tornou a referência internacionalmente aceita por governos e organizações da sociedade civil. Com a assinatura do compromisso, São Paulo fica capacitada para usar essa Definição, um documento normativo e educativo, como recurso educacional em um trabalho contra o antissemitismo.
O compromisso foi firmado por Ricardo Nunes na presença de lideranças políticas e da comunidade judaica. São Paulo é a segunda cidade brasileira a fazer a adesão, depois do Rio de Janeiro. O Brasil aderiu à IHRA, na condição de observador, no dia 9 de novembro de 2021.
Na semana passada, Nunes sancionou a lei que cria o Dia do Combate ao Antissemitismo e Fascismo na cidade no dia 9 de novembro. A data é a mesma em que é lembrada a “Noite dos Cristais”, em que sinagogas, bairros e estabelecimentos judeus foram alvo de ataques em diversas cidades da Alemanha nazista em 1938, com quebra de fachadas e vitrines.
As medidas ocorrem em meio a uma alta de casos de antissemitismo e islamofobia no Brasil, depois do ataque terrorista do Hamas contra Israel em 7 de outubro e a resposta israelense com ataques aéreos e a invasão da Faixa de Gaza. Tendências similares foram observadas nos Estados Unidos e na Europa, em países como Reino Unido, Alemanha e França. Como mostrou o Estadão, analistas atribuem esse aumento a um preconceito enraizado contra judeus e muçulmanos em diversas sociedades.
Segundo dados da Conib, houve um aumento de 1.200% dos casos de antissemitismo no Brasil desde o início da guerra. Neste período, cartazes também foram vistos na capital carioca com a frase “judeu, câncer do mundo”. A comunidade judaica brasileira é a segunda maior da América Latina, com 120 mil pessoas.
Após o início da guerra também foram registrados casos de preconceito contra muçulmanos, sobretudo em São Paulo, onde a comunidade de refugiados de origem islâmica é maior. No Brasil, existem entre 800 mil e 1,5 milhão de muçulmanos, de acordo com dados da Federação das Associações Muçulmanas no Brasil (Fambras).
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