A Espanha enfrenta um período de seca dramático nos últimos 36 meses. Com os reservatórios cada vez mais baixos, antigas construções submersas têm ressurgido. Em Catalunha, região nordeste da Espanha, a torre de uma igreja na vila de San Roman foi revelada neste mês de março após o nível da água encolher no reservatório de Sau — que tem seu menor volume desde 1990.
Meteorologistas alertam que o clima pode ficar ainda mais seco e quente com a chegada da primavera no hemisfério norte nesta segunda-feira, 20.

Segundo os jornais El País e Público, a igreja Sant Romà de Sau foi submersa em 1962 nas águas do rio Ter, a uma profundidade de 23 metros. Com a capacidade do reservatório em níveis normais, já era possível enxergar o topo do último andar da torre da igreja, mas raros foram os aparecimentos de toda a construção. Em agosto do ano passado a igreja também esteve totalmente descoberta, quando o reservatório de Sau utilizava 37% de sua capacidade; hoje, o reservatório está apenas com 10% da sua capacidade sendo utilizada.

Ainda que chova em outras partes do território espanhol, essa tendência de um tempo mais seco durante os próximos meses aumentará o risco de incêndios florestais. A análise é da Agência Estatal de Meteorologia (AEMET), a agência meteorológica da Espanha, que confirmou a informação em entrevista à Reuters.
As mudanças climáticas estão entre os principais fatores para essa primavera mais seca e quente do que o normal ao longo da costa nordeste do Mediterrâneo, que inclui a Catalunha. De acordo com Ruben del Campo, porta-voz da AEMET, as ondas de calor nesta área geográfica estão aumentando com mais frequência do que em outras regiões.
No reservatório de Sau, onde a igreja ressurgiu, também foram capturadas toneladas de peixes que lutavam pela sobrevivência em meio à água com pouco oxigênio, repleta de lama. As espécies nativas serão soltas em águas próximas, enquanto as invasoras serão sacrificadas.

Outras construções, como pontes, também ressurgiram com o baixo nível da água nos reservatórios da Espanha. Aplicativos de navegação, que sinalizavam grandes áreas de rios e lagos antes das secas, agora identificam pessoas andando no local, em terra firme. Muitas delas têm visitado o leito de lagos para empinar pipas.
O clima, incomum para essa época do ano, também está interferindo no consumo de água da população. No início do mês de março, após mais de dois anos sem chuvas significativas, o governo de Catalunha orientou que a maioria de seus sete milhões de habitantes reduzisse o uso de água em 8% em casa, 15% na indústria e 40% na agricultura.
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Secas mais severas foram registradas na Espanha em 2017, 2012 e 2005. Embora o país esteja com restrições sobre o consumo de água, o nível médio dos reservatórios de Catalunha é de 27%, “ligeiramente acima do nível em partes da região sul da Andaluzia”, informou a Reuters.