SOCHI, RÚSSIA - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebe nesta terça-feira, 14, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, para tentar estabilizar a tensa relação entre as duas potências.
O Kremlin informou que Pompeo se reunirá com o chanceler russo, Serguei Lavrov, e depois ambos serão recebidos por Putin. Ele será a maior autoridade americana a se encontrar com o líder russo desde a reunião que este realizou com Donald Trump em julho.
Os EUA e a Rússia discordam em vários temas, que vão da Venezuela ao Irã, passando por Síria e Ucrânia. Entenda abaixo essas questões.
Venezuela
Nas últimas semanas, Rússia e EUA se acusaram mutuamente de ingerência na Venezuela, devastada pela crise política e econômica. Moscou é um aliado essencial do presidente Nicolás Maduro, enquanto Washington apoia o líder opositor e autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó.
A Rússia criticou o respaldo “irresponsável” dos EUA ao golpe de Estado fracassado contra o chavista. Pompeo afirmou que o presidente venezuelano estava disposto a abandonar o país, mas que Moscou o desencorajou a fazê-lo.
Irã
Lavrov prometeu uma discussão "franca" com Pompeo sobre o acordo nuclear com Irã, firmado em 2015 e do qual os EUA se retiraram em 2018. A decisão de Trump de restabelecer as sanções contra o Irã afeta duramente a situação econômica da República Islâmica.
Rússia, China e União Europeia querem salvar o acordo, mas após as sanções dos EUA, Teerã anunciou que suspenderia alguns dos compromissos assumidos.
Há o temor de uma escalada militar por parte dos EUA, que colocou um navio de guerra e uma bateria de mísseis no Golfo, onde já estão presentes um porta-aviões e bombardeiros B-52. A tensão aumentou na segunda-feira, depois que a Arábia Saudita e os Emirados Árabes denunciaram "sabotagens" misteriosas de vários navios.
Coreia do Norte
Em abril, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, se reuniu com Putin em sua primeira viagem à Rússia. O encontro em Vladivostok buscava diminuir a influência dos EUA e reforçar o papel de Moscou na península coreana, após o fracasso nas negociações anteriores entre Kim e Trump. Pyongyang insistiu que Pompeo deveria ser mantido fora de qualquer nova discussão.
Ingerência eleitoral
O relatório do procurador especial americano Robert Mueller não mencionou provas concretas de um suposto entendimento entre Rússia e o entorno de Trump em 2016, mas considera que a Rússia “interferiu nas eleições presidenciais de 2016 de forma sistemática”.
Pompeo prometeu “medidas duras” contra essas “atividades nefastas” de Moscou e explicou que temia que em 2020 os russos se comportassem da mesma maneira. “Devemos esperar que continuem em 2050”, indicou ele.
O Kremlin sempre negou qualquer ingerência, alegando que as acusações se devem, na verdade, a brigas internas em Washington.
Prisioneiros
Moscou denuncia a situação de Maria Butina, a única russa detida e condenada em três anos de investigação sobre a ingerência russa na política americana. Acusada de ser uma agente russa nos EUA, ela foi condenada a 18 meses de prisão. Putin qualificou a sentença de “arbitrária” e ressaltou que não entendia os motivos dela.
Contudo, Paul Whelan, que tem dupla nacionalidade - americana e britânica -, está detido provisoriamente na Rússia, acusado de espionagem. Ele foi preso no fim de dezembro em Moscou. O governo russo nega que Whelan possa ser trocado por outro prisioneiro nos EUA.
Sanções
Washington estabeleceu sanções contra a Rússia após a anexação da península ucraniana da Crimeia por parte de Moscou em 2014, provocando um golpe à economia russa e divisão nacional.
Além disso, o evento desencadeou uma guerra no leste do país entre o Exército ucraniano e os separatistas pró-Rússia, apoiados militarmente - segundo Kiev e países ocidentais - por Moscou. O conflito deixou cerca de 13 mil vítimas.
Desde então, as sanções estabelecidas pelos EUA e países ocidentais não foram levantadas. / AFP
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