Secretário de Estado dos EUA pede fim da violência entre Israel e palestinos em visita a Jerusalém

Visita marca a segunda etapa de uma viagem relâmpago pelo Oriente Médio que começou no domingo no Egito e já estava prevista

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Por Redação
Atualização:

JERUSALÉM - Em visita a Jerusalém, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, exortou nesta segunda-feira, 30, a implementação de medidas urgentes para frear a nova espiral de violência entre israelenses e palestinos. Em uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, ele defendeu a necessidade de se preservar as condições para uma solução de dois Estados no conflito israelense-palestino.

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A visita marca a segunda etapa de uma viagem relâmpago pelo Oriente Médio que começou no domingo no Egito e já estava prevista. A viagem tomou um novo rumo com a recente escalada sangrenta da violência na região.

“Queremos garantir que haja um ambiente no qual possamos, espero que em algum momento, criar as condições para começar a restaurar um sentimento de segurança tanto para israelenses como para palestinos”, disse Blinken, ao lado de Netanyahu.

O secretário de Estado americano, Anthony Blinken (E), durante entrevista coletiva com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém  Foto: Debbie Hill/Pool Photo via AP - 30/01/2023

A situação entre palestinos e israelenses piorou acentuadamente nos últimos dias com bombardeios, ataques a tiros, ataques aéreos e medidas punitivas, deixando mortos em ambos os lados.

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Blinken abordou ainda a necessidade de manter a cooperação com Israel para lidar com o Irã e pediu o aprofundamento e ampliação dos laços de Israel com os países árabes da região, após a normalização das relações com Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos.

“Esses esforços não substituem o progresso entre israelenses e palestinos”, esclareceu, pedindo que sejam buscadas medidas para melhorar a vida cotidiana dos palestinos na Cisjordânia e em Gaza. “O objetivo é alcançar a meta que palestinos e israelenses tenham condições iguais de liberdade, segurança, oportunidades, justiça e dignidade.”

Por outro lado, Blinken detalhou com profundidade os princípios democráticos compartilhados em que se baseia a relação entre os dois países, possivelmente em alusão à polêmica reforma judicial promovida pelo novo governo israelense, que busca minar a independência do Judiciário e desencadeou um forte movimento de protesto.

Sobre esta questão, Netanyahu disse que EUA e Israel “são duas democracias” e enfatizou que “continuarão a ser duas democracias robustas”. O líder israelense não fez referências diretas à escalada de violência com os palestinos.

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Depois de se reunir com Netanyahu, Blinken se encontrou com o chanceler israelense, Eli Cogen, e com o presidente, Isaac Herzog.

Sua agenda também inclui um encontro com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.

‘Solução justa’

Antes de chegar a Jerusalém, Blinken passou pelo Cairo, capital egípcia, onde fez um apelo “à calma e ao apaziguamento das tensões”. Em uma entrevista coletiva conjunta, o ministro das Relações Exteriores egípcio, Sameh Shukri, defendeu uma solução justa para o conflito israelense-palestino, mais do que nunca paralisado.

O Egito é um mediador histórico nesse conflito. Primeiro país árabe a assinar a paz com Israel em 1979, e vizinho da Faixa de Gaza, sob bloqueio israelense há mais de 15 anos, o Egito recebe tanto os chefes de governo israelenses quanto os líderes dos diferentes partidos palestinos.

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Garotas palestinas próximas de destroços da casa da família de Rateb Hatab Shukairat, que foi demolida por tratores israelenses em Jabal Mukaber Foto: Ahmad Gharabli/AFP - 29/01/2023

Após os recentes ataques a Israel, o governo de Netanyahu anunciou um pacote de medidas para punir os parentes dos autores desses atos.

As forças israelenses isolaram a casa da família de um palestino, identificado como Rateb Hatab Shukairat, que matou sete pessoas na sexta-feira, 27, diante de uma sinagoga em Jerusalém Oriental, a parte palestina da Cidade Santa ocupada por Israel, e a destruíram.

O ataque ocorreu um dia depois de uma incursão israelense ao acampamento de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, no qual dez palestinos foram mortos. Em resposta, foguetes foram lançados da Faixa de Gaza em direção ao território israelense. Logo depois, o Exército bombardeou o enclave palestino.

No sábado, um palestino feriu dois israelenses em Jerusalém Oriental e, no domingo, seguranças israelenses mataram um palestino na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967. Nesta segunda-feira as forças israelenses mataram um palestino em Hebron, no sul da Cisjordânia.

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Expectativas limitadas

Blinken disse ao canal saudita Al-Arabiya que quer “conversar com o governo israelense e com os líderes da Autoridade Palestina”. “Quero ouvir o que as pessoas que são afetadas diariamente (pelo conflito) têm a dizer”, afirmou.

Embora Estados Unidos e Egito sejam importantes atores diplomáticos, especialistas avaliam que o espaço de manobra do secretário de Estado americano é limitado.

Washington condenou o que chamou “atroz” ataque em Jerusalém Oriental e instou Netanyahu e Abbas a “tomarem medidas urgentes para reduzir a tensão”, segundo o Departamento de Estado. Em privado, porém, as autoridades americanas não escondem sua frustração com a escalada e com o impasse no conflito entre israelenses e palestinos.

Ainda que se espere pouco avanço na frente da desescalada, analistas afirmam que Washington está tentando retomar contatos com Netanyahu. Várias autoridades americanas estiveram em Jerusalém, recentemente, e alguns especialistas falam de uma possível visita de Netanyahu à Casa Branca em fevereiro./AFP e EFE

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