NOVA YORK - O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou a comunidade internacional na noite deste domingo, durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, que o Oriente Médio está à beira de um confronto em larga escala, em virtude do ataque do Irã contra Israel no sábado, 13. A reunião acabou sem consenso depois que aliados dos israelenses, como EUA, França e Reino Unido, e dos iranianos, como Rússia e China, não concordaram sobre uma resolução sobre o tema.
“O Oriente Médio está à beira do abismo. As pessoas da região estão enfrentando o perigo real de um conflito devastador em grande escala. Agora é a hora de neutralizar e diminuir a escalada.”
No início deste mês, Israel matou um importante comandante iraniano, entre outros membros da Guarda Revolucionária Iraniana, em um ataque ao consulado do Irã em Damasco.
Sem sinais de consenso
Durante a reunião, que durou pouco mais de uma hora, não houve consenso, apesar de vários pedidos por uma desescalada na tensão. Após os pronunciamentos, os diplomatas se retiraram da sessão aberta para discutir a questão, mas não houve acordo.
Robert Wood, embaixador dos EUA nas Nações Unidas, disse ao Conselho de Segurança que os Estados Unidos “não estão buscando uma escalada, nossas ações têm sido de natureza defensiva”. Ele disse que o objetivo dos EUA era “diminuir a escalada” e voltar a garantir o fim do conflito em Gaza. Wood também pediu ao Conselho que condenasse inequivocamente as ações do Irã e disse que os Estados Unidos estavam planejando outras medidas na ONU para responsabilizar o Irã.
A Rússia, por outro lado, por meio do embaixador Vasili Nebenzya, acusou os EUA, a Grã-Bretanha e a França de “hipocrisia e dois pesos e duas medidas” por não condenarem o ataque ao complexo da embaixada do Irã na Síria neste mês e disse que a falta de ação do Conselho levou a uma escalada e à retaliação do Irã. Nebenzya disse que Israel estava desrespeitando o Conselho ao violar uma resolução que pedia um cessar-fogo em Gaza e sugeriu que o Conselho deveria punir Israel com sanções.
O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, que solicitou a reunião de emergência do Conselho de Segurança, atacou o Irã e seus representantes, dizendo que o Irã havia ultrapassado todas as linhas vermelhas em seu ataque e que Israel se reservava o direito de retaliar. Erdan pediu que o Conselho tomasse medidas severas contra o Irã, incluindo sanções e declarações de condenação. “O fato de a defesa aérea de Israel ter se mostrado superior não muda a brutalidade do ataque do Irã”, disse ele.
O embaixador do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, discursou no Conselho depois de seu colega israelense e defendeu as ações de seu país como o “direito inerente à autodefesa” em resposta ao ataque ao seu complexo diplomático na Síria há duas semanas.
Iravanai disse que o Irã “não busca escalada ou guerra na região” e “não tem intenção” de entrar em conflito com os Estados Unidos, mas advertiu que responderia proporcionalmente se Israel ou os militares dos EUA atacassem o Irã ou seus interesses./ NYT
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