Secretários da Defesa dos EUA e da Rússia conversam pela 1ª vez desde o início da guerra na Ucrânia

Conversa teve tom ‘profissional’ e não resultou em avanços de paz na Ucrânia, mas pode ser ‘trampolim’ para novos diálogos

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Por Redação
Atualização:

Os secretário de Defesa dos Estados Unidos e da Rússia, Lloyd J. Austin e Serguei K. Shoigu, respectivamente, conversaram pela primeira vez desde que a Rússia invadiu a Ucrânia no dia 24 de fevereiro. A conversa ocorreu nesta sexta-feira, 13, no momento em que a guerra chega a um impasse. As negociações entre os países não têm resultados e os conflitos continuam.

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A última vez que os dois haviam conversado foi no dia 18 de fevereiro, seis dias antes da invasão. A partir daí, as tensões entre a Rússia e os Estados Unidos e a Europa aumentaram e criaram a maior crise geopolítica do continente desde a 2ª Guerra.

Segundo o porta-voz do Pentágono, John Kirby, Austin pressionou por um cessar-fogo imediato na Ucrânia e enfatizou a importância de manter o diálogo.

O Ministério da Defesa da Rússia disse em um comunicado que a ligação entre dois foi “por iniciativa do lado americano”, o que dois altos funcionários dos EUA confirmaram. Autoridades de alto escalão do Pentágono, incluindo Austin, tentaram repetidamente entrar em contato com seus colegas russos após a invasão.

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Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd J. Austin, durante coletiva de imprensa na base aérea de Ramstein, na Alemanha, dia 26 de abril. Austin conversou com seu homônimo russo nesta sexta-feira, 13, pela primeira vez desde o início da guerra Foto: Ronald Wittek / EFE

“O que os motivou a mudar de ideia e estar aberto a isso, acho que não sabemos com certeza”, disse um alto funcionário do Pentágono sob anonimato para descrever uma ligação confidencial. Ele afirmou que a conversa durou uma hora e teve um tom “profissional”, mas não abriu novos caminhos.

“A ligação em si não resolveu especificamente nenhum problema grave e nem levou a uma mudança direta no que os russos estão fazendo ou dizendo”, disse o funcionário. Entretanto, ele acrescentou que Austin esperava que isso “servisse como um trampolim para futuras conversas.”

A conversa entre Austin e Shoigu foi o contato de mais alto nível entre autoridades americanas e russas desde o dia 16 de março, quando o conselheiro de segurança nacional do presidente Biden, Jake Sullivan, falou com o secretário do Conselho de Segurança russo, o general Nikolai Patrushev, para reiterar a forte oposição dos Estados Unidos à invasão da Ucrânia pela Rússia.

Um dia depois de visitar Kiev ao lado do secretário de Estado, Antony Blinken, em 25 de abril, na Polônia, Austin disse que esperava ver a Rússia “enfraquecida”, em uma declaração que tem atraído críticas ao governo Biden e agravado as tensões entre os dois países. “Queremos ver a Rússia enfraquecida ao ponto de não poder fazer o tipo de coisa que fez ao invadir a Ucrânia,” disse ele, na ocasião.

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A conversa com o ministro russo ocorre três dias depois que Avril D. Haines, diretora de inteligência nacional dos EUA, disse a uma comissão do Senado americano que os próximos dois meses de combates na Ucrânia serão cruciais, já que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tenta fortalecer a campanha militar. Mas, na avaliação dela, mesmo que a Rússia conquiste a região de Donbas, no leste da Ucrânia, a guerra não acabaria.

O tenente-general Scott D. Berrier, diretor da Agência de Inteligência de Defesa, disse à mesma comissão do Senado que a guerra estava “em um impasse”. “Os russos não estão vencendo, os ucranianos não estão vencendo”, disse.

Ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu (à esquerda), ao lado do Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, no dia 30 de maio de 2017. Shoigu atendeu pedido de diálogo feito pelos EUA nesta sexta-feira, 13 Foto: Pavel Golovkin / AP

União Europeia vai enviar novo pacote de ajuda militar à Ucrânia

Em paralelo, a União Europeia anunciou nesta sexta-feira um novo pacote de ajuda militar para a Ucrânia e o G-7 prometeu apoiar Kiev “até a vitória” contra a invasão russa. O novo pacote está estimado em 500 milhões de euros. Com isso, o total enviado pela UE à Ucrânia desde o início da guerra chega a 2 bilhões de euros.

O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, afirmou que o pacote é uma continuidade ao que já foi feito antes. Segundo ele, a ‘receita’ utilizada pela UE para retaliar a Rússia pela invasão é a mesma: mais sanções econômicas, mais apoio a Kiev e “continuar a trabalhar pelo isolamento russo”.

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O pacote foi anunciado durante uma reunião do G-7 na Alemanha. Durante a reunião, a França e o Reino Unido reafirmaram apoiar a Ucrânia no conflito. “Vamos seguir apoiando de maneira permanente a luta da Ucrânia pela sua soberania, até a vitória”, disse o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, acusou a UE de ter “seguido os caminhos da Otan” por ter assumido um papel “agressivo e belicoso” no conflito na Ucrânia.

Bombardeio em Donetsk mata um civil

Um bombardeio na região de Donetsk, leste da Ucrânia, matou ao menos 1 civil e feriu outros 12 nesta sexta-feira, segundo o governador da região. A autoria do ataque foi atribuída às tropas russas.

Donetsk faz parte do Donbas e passou a ter conflitos ferozes entre Ucrânia e Rússia nas últimas semanas, à medida que Moscou foca em capturar a região.

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Segundo o Exército ucraniano, os ataques russos no leste continuaram nesta sexta-feira em vilarejos e novas cidades. Um dos ataques foi próximo do vilarejo de Rubezhnoie, perto da cidade de Severodonetsk - vista por analistas como estratégica para garantir o controle do Donbas. As cidades de Zolote e Kamishevakha também sofreram tentativas de ataques da Rússia, mas a Ucrânia afirmou ter repelido.

As forças ucranianas acrescentaram que Moscou também disparou nos vilarejos de Kamenka e Novoselivka, além de ofensivas próximas da siderúrgica de Azovstal, em Mariupol, onde forças ucranianas resistem.

As informações foram divulgadas no comunicado diário do Exército da Ucrânia, mas não puderam ser verificadas pelas agências de notícia internacionais. /NYT, AFP e AP

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