Senado dos EUA aprova projeto de lei que protege casamento gay de reversão na Suprema Corte

Projeto volta para Câmara, ainda de maioria democrata, antes de sanção presidencial; objetivo é impedir mesmo destino do aborto na alta Corte

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Por Amy B. Wang

O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira, 29, a Lei do Respeito ao Casamento, que consagra a igualdade no casamento como lei federal, concedendo proteção a casais do mesmo sexo e inter-raciais.

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O projeto foi aprovado por 61 votos a 36 e lei inclui uma emenda bipartidária que esclarece as proteções às liberdades religiosas. Ele retornará agora à Câmara para outra votação antes de ir ao presidente Joe Biden para sanção. O Partido Democrata ainda tem a maioria nas duas Casas, mas perdeu a vantagem na Câmara para a próxima legislatura nas eleições de meio de mandato.

Antes da votação final, a senadora republicana Susan Collins agradeceu a todos os republicanos que apoiaram o projeto. “Eu sei que não tem sido fácil, mas eles fizeram a coisa certa”, disse.

Senadora democrata gay Tammy Baldwin fala sobre aprovação da medida que protege a união entre pessoas do mesmo sexo nos EUA  Foto: Haiyun Jiang/The New York Times

A Lei do Respeito ao Casamento não força os Estados a emitir licenças de casamento para casais do mesmo sexo, mas exige que as pessoas sejam consideradas casadas em qualquer Estado, desde que o casamento continue válido no Estado onde foi celebrado.

O projeto de lei também revoga a Lei de Defesa do Casamento de 1996, que definia o casamento como a exclusiva união entre um homem e uma mulher e permitia que os Estados se recusassem a reconhecer casamentos entre pessoas do mesmo sexo realizados fora deles.

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Essa lei permaneceu nos livros, apesar de ter sido declarada inconstitucional pela decisão da Suprema Corte de 2015 no caso Obergefell versus Hodges, que garantiu aos casais do mesmo sexo o direito fundamental de se casar nos EUA.

Os democratas alertam desde junho que as proteções federais para casamentos entre pessoas do mesmo sexo e inter-raciais, bem como outros direitos, podem estar em risco depois que a Suprema Corte anulou a jurisprudência Roe versus Wade, que por quase 50 anos garantiu o direito ao acesso ao aborto nos Estados Unidos.

Em sua concordância na decisão de anular Roe, o juiz da Suprema Corte Clarence Thomas escreveu que a alta corte também deveria examinar as decisões anteriores que legalizaram o direito de comprar e usar anticoncepcionais sem restrições do governo, relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo e igualdade no casamento.

“Em casos futuros, devemos reconsiderar todos os precedentes substantivos do devido processo legal desta Corte, incluindo Griswold, Lawrence e Obergefell”, escreveu Thomas, se referindo aos nomes dos casos. “Como qualquer decisão substantiva do devido processo legal é ‘comprovadamente errônea’… temos o dever de ‘corrigir o erro’ estabelecido nesses precedentes.”

A opinião de Thomas disparou o alarme entre os defensores da igualdade no casamento, que apontaram que se a Suprema Corte derrubasse Obergefell, como fez com Roe, então o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo cairia igualmente nos Estados.

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Atualmente, 35 Estados têm rascunhos de estatutos ou emendas constitucionais que proíbem o casamento entre pessoas do mesmo sexo que entrariam em vigor se Obergefell fosse derrubado, de acordo com o Movement Advancement Project, uma organização sem fins lucrativos que defende a igualdade LGBT+.

Em julho, a Câmara aprovou a Lei do Respeito ao Casamento, mas o Senado adiou a votação do projeto até depois das eleições de meio de mandato. A decisão de adiar a votação foi negociada de forma bipartidária e foi feita para garantir que houvesse votos suficientes para ser aprovada.

Vários líderes religiosos e grupos apoiaram o projeto de lei alterado, incluindo a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Em uma declaração conjunta neste mês, o grupo bipartidário de senadores que trabalhou na emenda divulgou suas proteções às liberdades religiosas tanto quanto as proteções para casais do mesmo sexo e inter-raciais.

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